HELEU e a saudade

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Esses meios de comunicação...


No cotidiano da vida e dos dias, promovemos encontros e desencontros. Ora sorrimos, ora choramos. Ora...oramos! E são nos momentos de oração, aqueles aos quais nos entregamos de alma, que as coisas acontecem, que brota a saudade. A saudade de Deus e das reais criaturas divinas.


E refletimos...


Entrega de corpos é entrega terrena. Tão terrena, que se concretiza por ações de prazer e não de saudade. Se aceita, a teoria do homem é a de que podemos ter vindo da terra e de que para a terra voltaremos. E na Terra residimos e moramos, outras vezes apenas habitamos, governamos e desgovernamos, mandamos e desmandamos, pedimos, às vezes agradecemos...
E na Terra, amamos e sentimos saudade!

A compreensão que temos é a de que a palavra saudade, que se fez portuguesa, portanto também brasileira, ela somente ocorre quando a utilizamos com alma: antes, durante e depois da partida. Que saudade é vocativo, porque chama, pede, atrai. Assim, saudade, enquanto alma que deseja voltar, é sentimento universal!


ÊTA SAUDADE DANADA!

Hoje, em um dos meus diálogos virtuais, recebi de um amigo uma mensagem que tratava da saudade. Tratava, no sentido de que ele se disse com saudade de mim. Quão gostoso é saber que alguém sente saudade de você. Se sente, é sinal de almas que começam a conversar, sinal de que os corpos se tornam secundários. Como é difícil secundarizar o corpo!


Quando uma alma sente saudade, a outra também começa a sentir. Quando uma alma revela a saudade sentida, a outra ganha o momento de ser completa. Isto se assim desejar, se assim realmente for. Caso contrário, não há saudade, porque não há alma!


Depois da observação emanada, fui perceber que havia outra comunicação, e nessa outra comunicação, outra vez a saudade. Eu, com alma de poeta, pratiquei meu exercício preferido: fiz-me pensar e escrever!

E escrevi...

Estou no mesmo endereço,
o número do meu telefone ainda não mudei,
o sorriso continua aquele que você um dia criticou de morno,
mas saiba que ele é verdadeiro,
porque meu sorriso é para poucos,
é para você.
Então venha...


Não precisa fazer a mala,
nem se preocupar com avisos,
nem com a grana que sei é pouca.
Não se preocupe com quase nada.
Aqui você será pessoa amada, e isto lhe bastará!
E isto nos bastará!
Então venha...

E traga com você essa saudade,
para que possamos "matá-la" juntos.
Nossa arma será a troca de carícias,
de beijos, de...
Então venha...


Antes que o tempo passe,
a saudade passe,
antes que nós nos tornemos passado.
Então venha...de graça!
Com toda a graça,
já estou a aguardar você...

E assinei...


“Com carinho, Joly, quase uma ovelha!”

E fui refletir, curtir a ação da escrita. Ler e reler. Reler e reler. Gosto da releitura, ela me oferece outras respostas. Assim faço com os filmes, assim faço com os comerciais de televisão, assim faço com as apresentações sociais, e com os humanos que me completam e me complementam. Releio-os, para obter respostas. Nem sempre elas se apresentam, mas me importa que eu as busco!


Realmente fui “quase ovelha”, porque foi quase um sacrifício, quase uma entrega, de tão verdadeiro o poema, que se fez testa da minha verdade almística. Naquele momento eu me reli. Naquele momento eu também senti saudade...


E decidi passar essa aventura a vocês. E desejo que se lembrem de que saudade é expressão da alma. Sente saudade aquele que leva consigo outra alma, porque saudade é ponte espiritual, é a vontade de ter novamente Deus.


E a vontade de ter o divino é o mais expressivo significado da Arte: a SAUDADE DE DEUS, afirmou Mazzini, porque é manifestação artística autêntica. Sente saudade aquele que, mesmo estando longe, deseja se aproximar. E cria vias, que também são sacras, para chegar ao destino. E chega, mesmo sem chegar!


Assim...


Que possamos separar as necessidades da alma das necessidades do corpo, porque os alimentos são diferentes. Alma ama, odeia; agrada, recusa. Corpo sente prazer, e intitula esse prazer. Para o corpo arroz, feijão, malhação. Para a alma, unicamente oração, no seu conceito mais breve: "diálogo íntimo com Deus", que se fez o próprio homem, a própria criação.
Se sinto saudade do outro, o outro é meu "deus". Se expresso materialmente essa saudade, é Arte. Saudade é distanciamento do homem perante o Criador; momento de agradecimento, em razão do pedido de volta; momento de resolução dos problemas matemáticos dessa vida administrativa. Todavia, somado a tudo e a todos, é produção de saberes!
Nenhum artista produz sem estar no momento da saudade, independentemente do espaçamento mental dessa saudade. Pode ser do passado distante, do ontem, do quase agora. E isto já é saudade! E isto vale reflexão!

E na saudade, canto...

Sou capaz de gritar
E de te ofender
De me machucar
Mas não de te perder...


Gosto de Ser Cruel
(George Israel/Paula Toller)

Tô com saudade de tu, meu desejo
Tô com saudade do beijo e do mel
Do teu olhar carinhoso
Do teu abraço gostoso
De passear no teu céu...


Gostoso Demais
(Dominguinhos/N. Cordel)

[...] Se a gente não fizesse tudo tão depressa
Se não dissesse tudo tão depressa
Se não tivesse exagerado a dose
Podia ter vivido um grande amor...


(George Israel/Paula Toller/Lui Farias)

É, tô com saudade de você!!!
Beijos ternos e eternos.
Com carinho,


João D’Olyveira

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