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HELEU e o olhar




Estava à mesa da sala de espera,
olhar fixo no corredor,
literalmente à espera de alguém.
Todavia, nada exigia do tempo,
nada exigia de mim,
nada exigia de ninguém.

De repente um passante,
com uma olhadela curiosa,
seguida de um breve e gratificante sorriso.
Aquilo foi um toque n'alma,
um sacode e acalma sem juízo,
porque uma doce candura fez brotar em mim.

Não hesitei,
e no seco nó da saliva moleca,
correspondi à altura da minha loucura momentânea.
Lancei uma piscadela mansa,
um sorriso de lábios inteiros,
como um menino matreiro,
e fui aos poucos resgatando minha brisa jovial.
Naquele taciturno momento,
tudo se tornou um encanto n'outro canto,
uma elipse terna e eterna,
uma janela indiscreta e sentimental.

E assim foi por longos minutos,
ação repetida a cada nova passadela daquele transeunte naquele corredor.
Determinava-se o tempo que aquele algo desejou e desejava,
frente ao tempo que este algo desejava e desejou.
Até que a espera findou,
o corredor se apagou,
minha memória reacendeu .

E frente àquele olhar fascinante,
diferentemente de todos que até então havia recebido,
dei um passo sobre o pretérito  tão imperfeito e sofrido,
e agarrei-me às crinas daquele presente vivo e sensualmente atrevido.
Afinal, sabia que era um mérito por tantos sentimentos jogados ao vento,
que ao relento me foram meros e amargos erros d'alvo.

Era o que precisava para completar minha noite...oportuno!


                                                                João D'Olyveira

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