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HELEU e a solidão




Sozinho, 
ouvindo "Sozinho", 
vou amando você 
em meus pensamentos. 
Às vezes, 
não nego, 
sinto "peninha" de mim; 
mas,
mesmo assim, 
cuido, 
a distância, 
de quem eu mais desejo: VOCÊ!


                                                     JOÃO D'OLYVEIRA

Imagem: https://images.google.com/

HELEU e a porta entreaberta




PORTA ENTREABERTA

Está muito difícil
acordar de manhã e não ter mais você ao meu lado,
mordendo minhas orelhas,
recitando Cecília, Clarice, Pessoa;
cantando Caetano, Chico, Elvis.

Está muito difícil
curtir o bem-te-vi das manhãs na vidraça do quarto,
não ter mais a mesma visão de outrora:
nós e o pássaro,
o cantar do pássaro e o nosso cantar.

Está muito difícil
dobrar a roupa de cama,
recolher o pijama e o lençol,
sentir apenas o meu cheiro no travesseiro.

Está muito difícil,
preparar apenas uma xícara de café,
ladear apenas um prato de sobremesa e um casal de talheres,
omitir o sabor e o aroma prazerosos de outrora.

Está muito difícil
passar mel e requeijão no pão de forma salpicado com castanhas,
espremer as laranjas no liquidificador,
lembrar-me daquela sua sensual lambidinha...no pão e no meu pescoço.

Está muito difícil ouvir Dio come ti amo
que se fez tão nossa,
rodando num vinil postado na velha sonata do armário de ferro,
enquanto nos banhávamos em nossa branca banheira de pés curvados.

Está muito difícil
conviver com esses gritos e gestos tão íntimos, internos e intensos,
assim como aceitar que recordar é viver,
enquanto morro de saudade a cada nova manhã.

Está muito difícil
achar respostas para a sua partida,
que não teve requinte de despedida nem entrega das chaves.

Está muito difícil...


                                                                                                                   João D’Olyveira



"Nosso caso
É uma porta entreaberta [...]
Há um lado carente
Dizendo que sim
E essa vida da gente
Gritando que não..."


(Gonzaguinha)




HELEU e a saudade, a distância, a ausência, a solidão



http://www.google.com/imghp?hl=pt-BR

Hoje refleti sobre “saudade, distância, ausência e solidão”, até onde essas palavras são sinônimas ou correspondem a ações completamente diferentes em relação à amizade e ao amor. Para John Dryden, por exemplo, “O amor calcula as horas por meses, e os dias por anos: e cada pequena ausência é uma eternidade”. Já segundo François La Rochefoucauld, a “distância é como os ventos: apaga as velas e acende as grandes fogueiras”. Para Thomas Merton, a “distância mais longa é aquela entre a cabeça e o coração”. 

Nesse emaranhado linguístico, sei que estou sentindo saudade em razão da distância e, consequentemente, da ausência da pessoa amada, o que me conflita entre ausência e solidão. Tento ignorar, dizer que "vai passar", mas não passa, porque não ignoro. Nesse processo de busca, minha cabeça rala e rola, machucando meu coração triplamente infartado. 

Então, lembro-me de Neruda, para quem "a saudade é solidão acompanhada. É quando o amor ainda não foi embora, mas o amado já". Completo-me confusamente com Sêneca, ao me lembrar de um dito pertencente a ele: "Sentir solidão não é estar só, é estar vazio". Entre encontros e desencontros, somente uma afirmação me parece racional neste momento, aquela que eu mesmo produzi: hoje a saudade bateu tanto, que não tive outra alternativa a não ser apanhar. 


O que me creditou, porém, foi a expressão de Fábio de Melo, ao “mensagiar” que, se pela força da distância nos ausentamos. Pela força que há na saudade voltaremos. Afinal, somente eu sei sobre a extensão dos meus desejos mais íntimos e o quanto eles são verdadeiros. Por esta razão, fiz contatos, para possíveis tatos. O silêncio, todavia, foi resposta derradeira. 

No apagar da tela, exaustos, os toques celulares esgotaram-se, passaram pelo outro e por mim. Entendi, no paralelo, que o agora sentido também iria passar, como tantos outros passaram. "Quintaneando", poeticamente contra, direi a quem me perguntar: "Eles passarão, eu passarinho". 


João D'Olyveira

HELEU e o cavaleiro solitário



Babilônia: II Terzo Paradiso, de Ismael Ivo - SESC-SP - 2014

Tal qual um cavaleiro solitário, "gonzagueando", atravessei a rua. Atravessei a vida. Acreditei que era perto, e fui lá ver. Caminhei com a minha estrela e com a fé no vaticínio das visões, inventando o próprio tempo e as próprias estações. Atrai as reações mais loucas. Enfrentei mil trovões em um encontro de titãs. Hoje eu só quero o sorriso liso, belo e preciso da loucura ocidental. Perdão, minha amada. Pessoas diferentes são irmãs. Companheiros são iguais. Iguais e diferentes. Porém, eu nunca voltarei, porque a vida não tem replay. Há muito eu sei...

                                                       João D'Olyveira



 Adaptação livre da composição "Cavaleiro Solitário", de Gonzaguinha.


http://youtu.be/wBwsHtJKrdE

Heleu e a solidão

www.google.com.br/images


SOLIDÃO

A distância sempre lhe serviu como forte argumento para não estar presente junto aos seus. E foi assim que fez por horas, dias e meses, que somaram anos. Com essa justificativa, cada vez mais se distanciava daqueles que um dia lhe foram tão próximos, até que esse mesmo tempo se incumbiu de lhe fazer esquecido por aqueles e por outros. E no girar do tempo, dizem que as lágrimas do sujeito eram constantes, porém ninguém se fazia presente, nem passado, nem futuro. E foi desse modo que ele somou as parcelas do tempo, até que seus olhinhos amiudados, em uma manhã chuvosa, vasculharam de canto a canto aquela enfermaria. Ele procurava uma tal essência humana, a mesma que recusara há tanto tempo. No leito, todavia, apenas fiapos de uma inexistência coletiva.

João D'Olyveira

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