HELEU e o ensino-aprendizagem


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EVOLUÇÃO

A minha aprendizagem resulta de outros. A medida da minha aprendizagem é o outro, porque o outro me ensina, me completa e me complementa. No decorrer do tempo, também me torno outro na vida d'outros, ensinando-os, completando-os e complementando-os. 
E assim caminha a educação, uma eterna soma que provoca multiplicações, para a ocorrência da necessária divisão. Sempre se desviando da fraudulenta subtração, que insiste em caminhar no paralelo!

João D'Olyveira


HELEU e o presente da saudade



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O PRESENTE DA SAUDADE

Um homem corria no tempo. E das três bases temporais, pensava apenas no futuro. Às vezes ou em muitas raras vezes, uma recordação: um pretérito invasor. O que se sabe é que ele não curtia o presente que cotidianamente lhe era ofertado. Nos relacionamentos, fossem eles familiares, sociais, profissionais ou amorosos, sempre apresentava planos e sobreplanos, tanto que objetivava fazer parte da cúpula do Planalto Central. Importava-lhe apenas aquilo que deveria ser feito, visto que o agora feito lhe era nada feito. Afirmava que planejar era preciso, pois viver não era preciso. 

No tempo concreto, ainda que abstrato, os outros que o ladeavam viviam, porque presenteavam e se presenteavam. Ele não. O único tempo, o tempo todo, futurizava-se. E o futuro para ele não era uma astronave que ele poderia pilotar, era um astro em uma nave: ele e ele próprio. O presente daquele homem acontecia somente no futuro...do presente. 

Em curso, nos repentes do presente, aqueles que um dia lhe foram tão presentes - um a um - partiram para um futuro do pretérito. E nesses repentes batia um sentimento de dúvida, um vazio, um ressentimento...e aquele homem apanhava a cada batida do tempo. A princípio achou ser a tal saudade, aquela que um dia, em um passado distante, alguém dos seus havia lhe tentado descrever. A dúvida era se a saudade era ou era a saudade. 

No conjunto dos saberes adquiridos, ignorava que saudade é reviver o passado em um presente...no futuro. E por assim ser, o homem não sabia o que, no presente que sentia, não lhe era tão presente, o que realmente sentia. 

Qual a decepção? A descoberta de não poder sentir saudade, porque não havia vivido o presente com aqueles que tanto o amavam. E tudo porque saudade é sentimento de quem realmente viveu presente no presente de alguém. Caso contrário, não é saudade, apenas arrependimento...que gera lágrimas internas e dores agudas. 

As lágrimas até tentaram cair, porém, o futuro do presente as congelou em um pretérito perfeito... 

A ocasião faz refletir as palavras de uma senhora que transitou em minha vida por quase cinquenta anos. "Tempo presente é presente", dizia ela.  "Então...abra-o, curta-o...agora". Aquela que, com a marca expressiva de um sorriso, concluía: "Amanhã será jamais"! 



João D'Olyveira

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