D2 me disse de primeira, ao tratar da saudade, que "a procura da batida perfeita continua". Ninguém havia me apresentado Marcelo nem seus textos poéticos. Lembro-me de que descobri esse artista e suas composições em uma das minhas navegações noturnas, assim, sem compromisso. Todavia, como nunca acreditei em "acaso", porque sempre acreditei na existência divina dos casos, tenho que o tal encontro foi para me dizer, em poucas palavras e por necessidade momentânea, que o "Criador Mor", na sua perfeição, ao produzir o homem, propositalmente fez a cabeça acima do coração. Neste específico, foi somar minhas loucas deduções à de D2, ou seja, "que o sentimento não ultrapasse a razão", e confirmar o que já me era quase fato: primeiramente, ame-se; depois, ame. Simples assim, porque o simples resolve tudo. Então, como podemos ter observado, nada acontece por acaso, porque o todo da vida soma fragmentos de milagres. A quase cura dos nossos cegos olhos pode nos levar a enxergar homens-árvores. A cura, esta sim nos oferece a claridade dos homens-homens (MC 8, 22-25). Tudo na terrenidade e fora dela tem um porquê. Tudo rs
A presença do "outro" em nossa vida, um assunto a se pensar seriamente, porque "sozinho" nada somos. No cotidiano desta nossa vida terrena, podemos observar que algumas pessoas sempre recorrem a "outros" para as mais diversas ações. Diferentemente desses, porém, outras fogem, intimidam-se, encavernam-se. Há, ainda, aquelas que, além dessas ações de fuga, por motivos diversos, agridem a tantos outros, apresentando-se como criaturas independentes, fazendo de outros "personae non gratae". Muitas vezes, essas agressões são direcionadas a "outros" a quem elas deveriam ser eternamente agradecidas, pessoas que tanto fizeram, fazem e farão para que elas tenham uma vida mais digna. É triste quando isso ocorre...muito triste!
No universo da comunicação, deparamo-nos com expressões até consideradas simples, isto no tocante à linguagem; todavia, intensas em seus usos, nos mais diversos contextos. Como exemplo dessas expressões, temos: "Não preciso de ninguém", "Quem manda na minha vida sou eu", "Quem 'fulano' pensa que é?", entre outras. Todas elas, neste específico, referindo-se à presença do outro como infortúnio, desprazer, incômodo.
Sobre esses "usos", é importante salientar que, em nossa vida, as ações não ocorrem de forma isolada. Até porque, isoladamente, as coisas não ocorrem. Se um planta, o outro produz. Alguém fornece para outro adquirir. Um é acontecimento; o outro, notícia. Um é a paisagem; o outro, a objetiva. Em síntese: somos atores para um público-alvo. Caso contrário, haverá uma apresentação incompleta.Talvez, nem uma apresentação. É como poder afirmar que, na realidade dos fatos, não existem monólogos. No mínimo, um diálogo "poético" com o nosso "EU" mais profundo ou com um "dEUs" que acredito ou desacredito, denominando-o Criador, Energia, Presença. Algo ou Alguém a quem posso (ou não) creditar a possível eternidade.
E por ser dessa maneira, temos que somente o "ninguém" se faz sozinho, por "ninguém" esse ninguém ser. Já o "alguém" sempre precisará do "outro". Na soma, temos que ser "alguém" deve ser a nossa principal meta terrena, para justificar nossas lutas diárias para a vida...sempre em abundância. Somar, dividir, multiplicar. Subtrair diferenças, credos,preconceitos...bandeiras tantas.
Assim, que estejamos prontos para auxiliar o outro quando o outro precisar. Na mesma proporção, aceitar auxílio do outro em nossas carências. Sempre atento para esta máxima: "A oração somos nós; contudo, o nosso merecimento sempre estará nos outros". Em linhas gerais, não terá valor a oração sem caridade. Afinal, somos lavradores; os outros, campos para serem lavrados por nós. E tudo porque, entre o Deus Universo e nós, a presença do outro em nossa vida foi, é e sempre será uma necessária ponte.
Por fim, uma máxima bíblica: "Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim". Uma reflexão para todos, independentemente de como vemos esse "pai". E na ausência de uma crença, o possível entendimento de que a atração é uma ação estudada pela Ciência, pois há uma conexão entre a energia, os nossos pensamentos e o mundo da matéria que nos cerca.
João D'Olyveira Texto de João D'Olyveira, inspirado em "Ação da Prece", de "O Espírito da Verdade" - André Luiz, por Francisco Cândido Xavier.
"Meus bons amigos, onde estão? Notícias de todos quero saber. Cada um fez sua vida de forma diferente. Às vezes me pergunto: malditos ou inocentes? " (Barão Vermelho)
Regras Essenciais para uma Boa Amizade
Os homens se assemelham às crianças, que adquirem maus costumes quando mimadas. Por esta razão, não deveríamos ser excessivamente condescendentes e amáveis com ninguém. Um exemplo desse "não excessivo" pode ser o seguinte raciocínio: "Não se perderá um amigo por lhe negar um empréstimo, mas muito facilmente por lhe conceder". Ou este outro: "Não se perderá nenhum amigo por conta de um tratamento orgulhoso e um pouco negligente, mas amiúde em virtude das excessivas amabilidades e solicitudes, que fazem com que ele se torne insuportável, fato que produzirá a ruptura. Todavia, é sobretudo o pensamento de que precisamos das pessoas que lhes é absolutamente insuportável: petulância e presunção serão consequências inevitáveis.
Em algumas pessoas, tal pensamento origina-se em certo grau já pelo fato de nos relacionarmos ou conversarmos frequentemente com elas de uma maneira confidencial. De imediato, pensarão que nós também devemos ter paciência com elas e tentarão ampliar os limites da polidez. Eis porque tão poucos indivíduos se prestam a uma convivência íntima. Desse modo, temos de evitar qualquer familiaridade com naturezas de nível inferior. Contudo, se esse indivíduo imaginar que é mais necessário a nós do que nós a ele, terá como sensação imediata a impressão de que lhe roubamos algo. Tentará, então, vingar-se e reaver os seus pertences. O único modo de desenvolver a superioridade na convivência com os outros é não precisar deles de maneira alguma e fazê-los perceber isso. Consequentemente, é aconselhável fazer sentir de tempos em tempos a qualquer um, homem ou mulher, que podemos muito bem passar sem ele. Isto fortalece a amizade. Para a maioria das pessoas não é prejudicial se, de vez em quando, adicionarmos uma pitada de desdém na nossa atitude para com elas. Atribuirão tanto mais valor à nossa amizade: Chi non estima vien stimato [Quem não estima é estimado], diz um fino ditado italiano. Se, todavia, alguém nos é de fato muito valioso, devemos ocultar-lhe essa conduta como se fosse um crime. Ora, semelhante atitude não é agradável, mas é verdadeira. Os cães quase não suportam uma amizade excessiva; os homens, menos ainda.
Adaptado por João D'Olyveira, do original de Arthur Schopenhauer, in "Aforismos para a Sabedoria de Vida".
Quando se ama de verdade, o acreditar no outro é consequência humana. Além das conhecidas hipérboles românticas que permeiam nossos relacionamentos amorosos, temos o carinho transvestido fraternal, que estabelece parceria com esses relacionamentos. Quando a confiança, como hipérbole necessária àqueles que se relacionam, tempera papos e ações com um tom familiar, sem rever extensões e intensões, tudo se estende e, consequentemente, se esvai quase na mesma proporção. O ato de amar, então, torna-se é um ato de entrega, quase que às cegas, porque produz confiabilidade extrema (outra hipérbole). Se é um erro, pode também ser um acerto que vivenciamos para esse tal amor ganhar terreno e se tornar concreto, ainda que seja, em sua plenitude lúdica, um sentimento abstrato.
O cruel de um relacionamento amoroso, porém, jamais será a negativa do sentimento, com frases do tipo "não te amo mais", "é melhor a gente dar um tempo", não. O cruel é a mentira praticada em ações cotidianas, muitas vezes descaradas, porque teatrais sem ensaios e direção. Apenas falsas e nada mais. Uma farsa se assim desejar. A cada novo encontro uma mentira. e dentre essas mentiras o sentir e não assumir a "vergonha" de estar com o outro. Fotos e lugares públicos, por exemplo, são registro a serem descartados. Outra é ouvir negativas sobre um parceiro, advindas de "n" direções" (geralmente de 'amigos' em comum) e não defendê-lo, e ainda promover "risinhos" marotos, em descomprometimento pleno. Um afirmar social de que "não é", "não age" e "nem pensa" como esse parceiro. Idiota. "Estava comigo ontem". "Pediu minha opinião". "Conversamos por horas a fio, regados a líquido e a sólido saborosos e de muito seriedade". "Chegamos até a nos abraçar, como se aquele abraço selasse, mais uma vez, nosso relacionamento de fidelidade". Noutras vezes, "tim-tim" com taças de vinho ou jarras de cerveja. "Quanta tirana ironia!"
E para magoar ainda mais, ser preconceituoso sob o próprio preconceito. E isto é pior do que não querer aceitar estar presente no outro. É fingir que tudo está bem. Temperam-se fatos e nunca os correspondem ao que diz acreditar e até defender. São frases do tipo "não tenho nada contra" ou "por mim, tudo bem". Uma ridícula atitude frasal que, quando tomada, posiciona-se totalmente contra, porque quem realmente não é contra a algo está junto a esse algo e não nas suas esquivas e explicações sobre os fatos. Amigos e amores não são sorrateiros para as ações e não mudam curso nem percurso. Amigo rema na mesma direção. E quando faltam remos, usam os braços.
E para arrasar de vez, esses artistas que invadem nossas cenas tendem a estar conosco apenas para manifestar piedade. E nesse tipo de oração piedosa, solicitam proteção, conhecimento e até doação. O tom de voz muda. Os toques em nossos corpos mudam. Há uma "quase entrega", que se apresenta como sedução dos absurdos e "abmudos". Quase nada se fala e tudo se diz. E quando pegam em nossas carências, estamos danados. Que pena! O real em tudo isso é que, quando se ama de verdade, perdoa-se até tudo isso, ignora-se cada ação da ignorância que se foi vítima e toca-se o barco à frente. Todavia, quando retomamos o comando, a direção é outra. Por favor e em tempo, em algum momento temos que nos apresentar como comandante, não é? Afinal, há tempo para apreender e tempo para administrar as aprendizagens adquiridas.
A bússola própria, lembra-se dela? Mente, coração e porta aberta. Só que desta vez em dupla ação: voltar ou partir para nunca mais voltar, ou enganar o outro, para não se enganar, principalmente por aquele que ama saber que você o ama, o que não é tarefa fácil. A cada discurso, uma revelação. A cada novo convite, um distanciamento aplumado, com direito a justificativas ("não gosto disso", "não gosto daquilo", "isso eu não faço mais"). A cada ausência ou distanciamento paulatino, uma presença assinada de que há prioridades, e de que "você" não está dentre elas. Uma maneira carinhosa de dizer: "Descanse em paz!". No entanto, um reforço entre sorrisos e toques sedutores, como a declarar: "Lembre-se de mim no inventário!"
Na expressão popular, diriam que essas reservas de fala seriam apenas jogos de interesse. E como bons "jogadores, eles não se afastam de vez, porque ainda acreditam nas possibilidades de lucro: móvel, imóvel, capital, social, intelectual. De resto, o sentimento é tão minguado que não alimentará mais o feto que estava por vir, Vale a reflexão de que relacionamentos (até entre os amigáveis) geram fetos, que geram afetos. Afetos que para se desenvolverem precisam de alimentos brotados da alma e não do corpo ou do bolso que cobre o corpo. Em sendo assim, que sejamos felizes sempre, para amar o próximo como amamos esse ex-próximo, que a cada dia se distancia com uma "historinha pra boi dormir" (somos os bois nesses casos). Estamos cada vez mais maduros, mas o "galho" da árvore da vida ainda insiste em produzir flores a cada primavera. Assim, vamos caminhando. E alguém nos azucrinando e nos entortando a cabeça. Vai nos botando na boca um gosto amargo de fel. Depois vem chorando desculpas. Pedindo, quando está querendo ganhar de nós um bocado de mel. Contudo, a aprendizagem vai também se concretizando em nós. E nos vem a lembrança de que todo professor será sempre um eterno aluno. E que um fato não são dois fatos, quando nosso lado carente diz que sim, e a vida da gente grita que não. Ah, essa porta entreaberta... Que venha o próximo!
As Borboletas de Quintana me disseram que "pessoas não se precisam, elas se completam", por serem inteiras, "dispostas a dividir objetivos comuns, alegrias e vida". Já as metamorfoses dessas borboletas confirmam que, em nossos sufocos, colocamos à prova o índice de nossas amizades sinceras. Refiro-me às parcerias e aos brothers de mente e coração, mesmo. O resultado obtido não somente nos surpreende, como também nos decepciona. Sempre está abaixo do esperado. É como se a cada dez pessoas que nos circundam, com o esdruxulo papo de que é nosso parceiro, mano e os cambau, apenas uma seja confiável, quando não, apenas a metade dessa. Depois, a escala apenas reduz, chegando ao ponto de nós mesmos desconfiarmos de nós mesmos. Refiro-me àqueles momentos em que criticamos as nossos atitudes em referência a esses "parceiros". Aquela tal promessa de que "nunca mais vou cair nessa". E caio. O comprovante dessa mensuração está em nossas próprias atitudes. Afinal, nós também somamos os números daqueles que surpreendem outros. Neste momento, por exemplo e exatidão, estou aqui contando quantos realmente eu defenderia com punhos, unhas, dentes e coração. E por possuir desconfianças, minha escala de benefícios também cai. O necessário, então, é não criar tantas expectativas com as pessoas. E mais, estar sempre de coração aberto para muitos, e de corpo fechado para o dobro desses muitos. "Sai Azar, Pé de Pato, Mangalô Três Vezes". E no dobro de Quintana, a oportuna reflexão de que, "No final das contas, você vai achar não quem você estava procurando, mas quem estava procurando por você!" . Por momento, é isto! Bjs.
Sobre a diferença entre amor e amizade, um sábio disse a Shakespeare a seguinte verdade:
"O Amor é mais sensível,
a Amizade mais segura.
O Amor nos dá asas,
a Amizade o chão.
No Amor há mais carinho,
na Amizade compreensão.
O Amor é plantado
e com carinho cultivado,
a Amizade vem faceira,
e com troca de alegria e tristeza,
torna-se uma grande e querida
companheira. Mas quando o Amor é sincero
ele vem com um grande amigo,
e quando a Amizade é concreta,
ela é cheia de amor e carinho.
Quando se tem um amigo
ou uma grande paixão,
ambos sentimentos coexistem
dentro do seu coração."
Refleti muito sobre as palavras de William Shakespeare e percebi como é difícil travar um diálogo entre amor e amizade, entre amigos e amores. Nesse impasse, já não sei se lhe digo: "Entre ou saia!", "Entre e saia, por favor!", "Não, fique!" ou "Não fique!". Não nego que teria sido mais fácil se continuássemos apenas amigos; contudo, que não sejamos inimigos depois do que aconteceu e ainda quer acontecer entre nós. Então...
"O que eu vou dizer
você nunca ouviu de mim,
pois minha timidez
não me deixou falar por muito tempo..."
Todavia, a canção de Fernando e Milton dirá por mim...ou por nós!
Quando se faz um amigo, felicidade. Quando um amigo se torna seu inimigo, falsidade. Neste caso, a felicidade oferecida a você não era verdadeira. Tudo bem, mas como evitar essa falsidade? Alicerçando a amizade, antes de lhe oferecer pouso. Também, medindo os abraços recebidos e ofertados, antes de carregá-la em seus próprios braços. E dialogando na medida, antes de falar-lhe ao pé do ouvido as suas intimidades. Em suma, equilibrando-se em todos os sentidos.
A construção da amizade pode ser comparada ao "empinar pipa". Devo observar o tempo, o vento. Oferecer gradativamente a linha, para percebê-la vinculada à minha vontade, aos meus desejos, ainda que distante de mim. E aceitar que lá em cima ela possa pensar de forma semelhante: "Aquele que me oferece a linha não é meu dono, não me controla. Sabe me deixar livre, sem necessariamente me deixar solta". Por fim, recolhê-la a cada enrolar da linha, aos poucos, sem pressa. Pura atração. A "pipa" que retornar sempre esteve com você; aquela que partir ao vento nunca lhe foi plena. Assim, melhor partir antes da falsidade ofertada em papel de seda.
NÃO COLECIONE PIPAS, OFEREÇA A ELAS A POSSIBILIDADE DE VOAR!