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HELEU e o último telefonema




   
ALÔ, JONAS!

- Jonas, você está bem?
- Fique tranquilo, estou bem!
- Não é melhor você voltar pra casa? Estou aqui, esperando por você...
- Estou bem por aqui. Daqui a pouco as coisas passam, e a gente vai se encontrar. É só uma questão de tempo...
- Eu sei bem disso, mas você jamais passará, Jonas!
- O senhor também não...
- Fico feliz com esse seu carinho. Te amo de montão, ouviu?
- Ouvi, meu amigão! Te amo também!
- Se precisar estarei por aqui; mas, se preciso for, estarei por aí rs
- Tenho certeza disso!
- Cuide-se, Jonas!
- Cuide-se o senhor também! 
- Com Deus...
- Com Deus... Saudade...

Aquele telefonema foi o último de suas vidas terrenas. Jonas não havia revelado ao pai o seu real estado de saúde. A causa da morte física foi infecção generalizada, cinco dias após aquela curta conversa. No dia do telefonema, Jonas estava concluindo a terceira semana de agravamento da doença. E tudo sozinho, calado, porque assim havia desejado. Justamente naquele dia apresentou melhora, talvez para poder se despedir do pai. Coisas da vida e da morte!

Seu pai partiu no sexto dia, orando por Jonas. Talvez até soubesse da partida do filho, por esta razão o volume de oração a ele direcionado. O pai, também, não revelara ao filho que estava doente. Causa da morte: solidão! 

Não desacredito de nada neste Universo, tudo é possível até que não o seja. O relacionamento pais e filhos tem lá seus mistérios (ah, isto tem!), que somente pais e filhos compreendem (ou não!). 

E assim partiram, quase juntos, com o mesmo desejo: "Com Deus...". 

Se eles se encontraram na eternidade, não sei! Se Deus os recebeu ou ainda os receberá, também não! É difícil até pensar sobre isso. São mistérios. Na verdade, preciso até entender melhor essa coisa do "eterno". Sei apenas que, por essas razões, aqueles que se amam jamais deveriam se distanciar um do outro por tempo tão longo. 

Nesse jogo temporal, nada nem ninguém deveria impedir encontros de pessoas que se gostam. Somente elas deveriam decidir sobre seus gostos. E para ausências sentimentais não há justificativas plenas, até porque as presenças não precisam ser, obrigatoriamente, diárias. 

E outra: esperar pela eternidade demora muito e, consequentemente, causa muito dor a quem aguarda o tempo de encontro com o outro que já se foi. Isto se ocorrer, é claro!

Quer saber de uma coisa?

Quem sente saudade não deve fazê-la doer. Deve matá-la! Não é?!


João D'Olyveira



                                                        "O Filho que Eu Quero Ter"
Conhecida pela voz de Chico Buarque, a música é uma composição da famosa parceria entre Toquinho e Vinicius de Moraes, lançada em 1974. A canção surgiu da vontade do primeiro de ter um filho, ideia incentivada pelo segundo.

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