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HELEU e a paixão

SOBRE A PAIXÃO

Fonte: arquivo pessoal.

Eu me considero um eterno apaixonado pela paixão e não, necessariamente, por uma paixão. Sei que há exclusivismo no sentimento paixão, todavia sou mais o sentimento, que o depósito do sentimento. Entendo que isto não é perder oportunidades exclusivistas, porque jamais desejei o exclusivismo deste sentimento. Desejo apenas o sentimento. Ele por ele mesmo, em mim e no outro ser que comigo "apaixona-se".

A duração ou a extensão (como queiram expressar) desse sentimento tão abstrato dependerá da própria existência sentimental. No particular, prefiro-o sem a ânsia do começo e, muito menos, a agonia do fim. É porque tenho comigo que paixão deve se diferenciar de dor, melancolia e de quaisquer outros sintomas sentimentais acoplados em algumas paixões. Nunca aspiro "brindes" em minhas paixões.

Na livre expressão poético-camoniana, paixão é um querer mais que bem querer a si e ao outro ser que se fez apaixonado por e com você. Se há sofrimentos, trato-os, visto ser martírio (outra paixão; não a que aqui retrato). A paixão em pauta corresponde a um intenso sentimento humano, marcado por um grande interesse e uma grande atração de um ser por outro ser. Não vou entrar no mérito daqueles que se apaixonam por "coisas". Isto ficará para outro momento.

Retomando...

Já mantive relacionamentos longos, medianos e curtos. Todos eles, sem exceção, foram bons, porque dosados de otimismo e/ou de excelência. No geral, bons. O bom é a dose adequada, visto que tudo o que é demais já passou do adequado.

Os entraves sempre ocorreram, e sempre em razão do tal exclusivismo, com o qual não comungo. Talvez esteja aí a resposta para as necessárias podas (podaduras ou desbastes, como queiram) por mim executadas. Elas até podem ter sido sofríveis às parcerias sentimentais; contudo, necessárias. Sempre me preocupei quanto às formas das podas, que fossem bem executadas, visando ao crescimento humano.

Na amplitude dessa ação, compreendo que o podar é uma ação natural humana, ainda que, ao olhar de alguns seres, seja um ato desumano. Entretanto, apreendi, nesta minha terrenidade, que não devo alongar o que se insiste curto. Não devo confundir "botões" que se abrem e se fecham com botões que brotam. Cada qual em sua própria medida e na medida do tempo. E tudo porque há tempo de chegar e tempo de partir, e tempo de "com...paixão".

Nesse contexto, que em mim é processo contínuo, trago o conhecimento de que o "metron" é a receita para tudo, inclusive para as paixões. A minha máxima é que o equilíbrio entre a paixão e a razão resulta da não transgressão de limites. Assim, quando não transgredimos medidas, tudo se equilibra. Já provei do ato contrário e até hoje sofro com os resquícios de minhas transgressões.

Os denominados "erros" e "desvios", assim como as denominadas "falhas" (cada qual em sua própria leitura), sempre deixam resquícios. Em sendo assim, que eu não me perca, em função de "julgamentos alheios", sobre minhas posturas em relação às minhas próprias paixões. Afinal, paixão é sentimento de apaixonados, sendo cada um responsável por sua própria paixão, no tempo próprio dessa paixão.

E as opiniões alheias?

Que continuem sendo alheias, e que cada um seja capaz de cuidar de suas próprias paixões e das ações a elas correspondentes!



João D'Olyveira, 
um eterno apaixonado.

 
                         

Disponível em: https://youtu.be/6Fi_UG_SzN0?si=5M5VEdn3QdrBi1O0
Composição: "Paixão", de Kleiton e Kledir, 1981.

HELEU e a porta entreaberta




PORTA ENTREABERTA

Está muito difícil
acordar de manhã e não ter mais você ao meu lado,
mordendo minhas orelhas,
recitando Cecília, Clarice, Pessoa;
cantando Caetano, Chico, Elvis.

Está muito difícil
curtir o bem-te-vi das manhãs na vidraça do quarto,
não ter mais a mesma visão de outrora:
nós e o pássaro,
o cantar do pássaro e o nosso cantar.

Está muito difícil
dobrar a roupa de cama,
recolher o pijama e o lençol,
sentir apenas o meu cheiro no travesseiro.

Está muito difícil,
preparar apenas uma xícara de café,
ladear apenas um prato de sobremesa e um casal de talheres,
omitir o sabor e o aroma prazerosos de outrora.

Está muito difícil
passar mel e requeijão no pão de forma salpicado com castanhas,
espremer as laranjas no liquidificador,
lembrar-me daquela sua sensual lambidinha...no pão e no meu pescoço.

Está muito difícil ouvir Dio come ti amo
que se fez tão nossa,
rodando num vinil postado na velha sonata do armário de ferro,
enquanto nos banhávamos em nossa branca banheira de pés curvados.

Está muito difícil
conviver com esses gritos e gestos tão íntimos, internos e intensos,
assim como aceitar que recordar é viver,
enquanto morro de saudade a cada nova manhã.

Está muito difícil
achar respostas para a sua partida,
que não teve requinte de despedida nem entrega das chaves.

Está muito difícil...


                                                                                                                   João D’Olyveira



"Nosso caso
É uma porta entreaberta [...]
Há um lado carente
Dizendo que sim
E essa vida da gente
Gritando que não..."


(Gonzaguinha)




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