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HELEU e as "más-caras"

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BAILE DE MÁSCARAS


“Um dia a máscara cai”, disse um sujeito no cume da raiva, referindo-se a outro sujeito, motivado por um descontentamento ocorrido entre eles. Pena, no desequilíbrio linear entre razão e coração, o dito falante não ter podido refletir sobre as muitas máscaras que também faz uso. Se assim agisse, jamais diria tal frase (ou pelo menos saberia como expressá-la), até porque o saber expressar ou omitir esse dizer significa preservar-se de uma fatídica autoacusação.

O que se observa é que “ele” (o dito falante), além de não perceber a máscara que usava enquanto pronunciava tal frase, ignorou uma informação básica, a de que somos uma parte máscara e todas as outras também. Não bastasse, deixou de lado a informação de que, quando apontamos como única a máscara do outro, enganamo-nos, acreditando que somente esse “outro” fosse capaz de fingir, representar. Como se somente esse “outro” enganasse. Nem passou pela cabeça do sujeito falante, que “máscara” é condição social e (por que não) necessidade política.

Importante salientar que, longe de tudo o que é ficção, representação artística, e distante completamente de qualquer ritual, refiro-me, neste momento, às nossas máscaras cotidianas, à personalidade de cada indivíduo (máscara, do grego persona). Para Jung[1], por exemplo, são oito os tipos de personalidade. Os estudos do Eneagrama[2], por sua vez, apontam-nos nove tipos, todos funcionando como uma máscara invisível, uma casca que criamos para nos adaptarmos ao meio social.

Segundo Mário Margutti[3], estudioso em Eneagrama, uma das funções desse estudo “é exatamente a de nos dizer qual é o número da caixa onde nos empacotamos, para que possamos sair da prisão da mecanicidade e despertar o nosso verdadeiro ser, que é consciente e não mecânico”. E completa: “Para despir a máscara, é preciso contrariar os hábitos, vícios e paixões que cada tipo de personalidade adquire desde a primeira infância. Algo que não é nada fácil”.

Sendo assim, como estamos cotidianamente presentes nos mais diversos “bailes de máscaras”, nos quais muitas vezes não somos apenas “convidados”, mas “anfitriões”, que possamos refletir sobre nossos posicionamentos críticos, porque, antes de qualquer análise (quanto mais da alheia), é preciso descortinar nossas próprias prisões. E perceber que somos sócios de inúmeros cárceres (“de carteirinha”), e muitos deles “mascarados” de liberdade absoluta.


João D’Olyveira


[1] Carl Gustav Jung (Kesswil, 26 de julho de 1875 - Küsnacht, 6 de junho de 1961) foi um psiquiatra suíço e fundador da psicologia analítica, também conhecida como psicologia junguiana. Informação obtida em: http://www.geocities.com. Acessado em 6 set.2009.

[2] Sua origem não é conhecida. O que se tem são informações sobre sua aplicação, há mais de 4.000 anos, pelos sumérios, pela fraternidade Sarmaun, por Zoroastro, Pitágoras, e outros. Informação obtida em: http://www.eneagrama.com.br. Acessado em 6 set. 2009.

[3] Mário Margutti é jornalista, ministra Workshops de Simbolismo e por muitos anos atuou como um dos diretores do IDHI ® ®. Citação obtida em O ENIGMA DAS MÁSCARAS - De utensílios ritualísticos à psicologia moderna, a história das máscaras está ligada à própria história do homem, escrito por Natália Klein, em: http://www.rabisco.com.br/56/mascaras.htm. Acessado em 6 set. 2009.

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