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HELEU e o depois do amor



CULPADOS OU INOCENTES?


O
VENTO

O
MOMENTO

O
SENTIMENTO

O
TORMENTO

EU, VOCÊ  E O DEPOIS DO NOSSO AMOR!


NÓS
JAMAIS 
DEVERÍAMOS 
TER
PERMITIDO 
AQUELE
VOO 
NAQUELE
VENTO

QUANTO MAIS
AQUELE 
SENTIMENTO
NAQUELE 
MOMENTO


ELE SERÁ SEMPRE O NOSSO DEPOIS...NOSSO TORMENTO!



João D'Olyveira


Imagem: Arquivo/googleimages
Música: Marisa Monte/Depois

HELEU e o último telefonema




   
ALÔ, JONAS!

- Jonas, você está bem?
- Fique tranquilo, estou bem!
- Não é melhor você voltar pra casa? Estou aqui, esperando por você...
- Estou bem por aqui. Daqui a pouco as coisas passam, e a gente vai se encontrar. É só uma questão de tempo...
- Eu sei bem disso, mas você jamais passará, Jonas!
- O senhor também não...
- Fico feliz com esse seu carinho. Te amo de montão, ouviu?
- Ouvi, meu amigão! Te amo também!
- Se precisar estarei por aqui; mas, se preciso for, estarei por aí rs
- Tenho certeza disso!
- Cuide-se, Jonas!
- Cuide-se o senhor também! 
- Com Deus...
- Com Deus... Saudade...

Aquele telefonema foi o último de suas vidas terrenas. Jonas não havia revelado ao pai o seu real estado de saúde. A causa da morte física foi infecção generalizada, cinco dias após aquela curta conversa. No dia do telefonema, Jonas estava concluindo a terceira semana de agravamento da doença. E tudo sozinho, calado, porque assim havia desejado. Justamente naquele dia apresentou melhora, talvez para poder se despedir do pai. Coisas da vida e da morte!

Seu pai partiu no sexto dia, orando por Jonas. Talvez até soubesse da partida do filho, por esta razão o volume de oração a ele direcionado. O pai, também, não revelara ao filho que estava doente. Causa da morte: solidão! 

Não desacredito de nada neste Universo, tudo é possível até que não o seja. O relacionamento pais e filhos tem lá seus mistérios (ah, isto tem!), que somente pais e filhos compreendem (ou não!). 

E assim partiram, quase juntos, com o mesmo desejo: "Com Deus...". 

Se eles se encontraram na eternidade, não sei! Se Deus os recebeu ou ainda os receberá, também não! É difícil até pensar sobre isso. São mistérios. Na verdade, preciso até entender melhor essa coisa do "eterno". Sei apenas que, por essas razões, aqueles que se amam jamais deveriam se distanciar um do outro por tempo tão longo. 

Nesse jogo temporal, nada nem ninguém deveria impedir encontros de pessoas que se gostam. Somente elas deveriam decidir sobre seus gostos. E para ausências sentimentais não há justificativas plenas, até porque as presenças não precisam ser, obrigatoriamente, diárias. 

E outra: esperar pela eternidade demora muito e, consequentemente, causa muito dor a quem aguarda o tempo de encontro com o outro que já se foi. Isto se ocorrer, é claro!

Quer saber de uma coisa?

Quem sente saudade não deve fazê-la doer. Deve matá-la! Não é?!


João D'Olyveira



                                                        "O Filho que Eu Quero Ter"
Conhecida pela voz de Chico Buarque, a música é uma composição da famosa parceria entre Toquinho e Vinicius de Moraes, lançada em 1974. A canção surgiu da vontade do primeiro de ter um filho, ideia incentivada pelo segundo.

HELEU e oração da maré mansa



Arquivo Pessoal

"Pode sorrir se quiser 
Eu não vou me incomodar 
Sei que contra a maré 
A gente não pode remar 
Agora sei 
A dor de uma ingratidão 
Mas a maré vai levar 
As mágoas do meu coração [...]" 


(Martinho da Vila & Paulinho da Viola, 1972)


Diga aí, 
que importância você está tendo em minha vida neste momento?
Quer responder ou prefere que eu a responda?
Eu respondo...

- NENHUMA!!!

Estou mesmo é de "saco cheio com as lembranças, 
que infelizmente são somente minhas.
Não nego,
se pudesse podar o tempo,
eu o podaria agora,
sem restrições nem arrependimentos.

Cancelaria também todos os nossos encontros,
ignoraria todos os nossos desencontros,
cancelaria-nos de nós mesmos...assassinaria a linha  reta que nos cruzou.

Todavia,
há lembranças que não desejam desaparecer de vez,
embora haja provas suficientes de que eu as pedi para desaparecerem.
 até em orações ditas,
benditas e malditas.
De resto suplico todos os dias que elas desapareçam do meu mental,
pois sei que do coração é difícil...mas um dia sai...de vez!

Há um gosto externo de desgosto e um desgosto interno de permanência,
um algo de difícil tratamento,
porque é a junção de um querer com um nunca mais querer,
como em Camões.
Aquilo que não mais me interessa está agora amarrado ao que um dia muito me interessou.  

É confuso, 
porque não é concreto.
É concreto porque foi planejado,
em partilhas.

É algo que não se resolve num passe de mágica,
 porque foi cultivado com carinho e não apenas se fez fruto de uma semente jogada ao léu.
Semente plantada,
regada,
cuidada com muito carinho.

A expressão "saco cheio" utilizada anteriormente fez-se oportuna na construção, 
visto que o gozo já se foi sem nunca ter se completado como prazer desejado.
Tudo,
 na verdade,
foi um amontoado de risos e lágrimas,
de aplausos e vaias,
de degustações e vômitos.
Um amontoado de ilusões...um desmanche de almas!

Contudo...
graças às forças do Universo,
esse tudo que sentia  por você já se desnudou com os novos compromissos, 
fazendo brotar  novas esperanças, 

E dentre essas novas esperanças,
a de nunca mais me apaixonar por alguém igual a você,
tão fútil e inconsequente,
tão falsamente inocente,
que ainda insiste num texto repetitivo de "não entendi" o que está acontecendo.
Urg!!!

Ah...e tem mais!!! 

Estou desapegando de tudo de você que está me fazendo mal, 
de tudo de você que está me fazendo sofrer, 
de tudo de você que ainda  se faz adocicado sem o ser.

E sabe como?
É que clarifiquei em meu mental que tudo são apenas falsos açúcares!

Aliás, 
sempre desacreditei de expressões dóceis em demasia,
porque todas elas se apresentam caracterizadas de falsas inocências,
sem pudores,
sem amores,
apenas dissabores.

Não nego,
porém,
que sempre disfarcei aceitá-las, 
porque sempre serei adepto da paz e do amor, 
características que herdei de sábios mestres,
no final dos anos 60,
ativamente vivenciadas nos anos 70 e 80,
adaptadas para o resto do resto do resto da minha agora curta vida.

Eram outros tempos modernos...mente e coração!

Hoje, 
o que mais quero é desapegar daquilo que não tem mais volta,
daquilo que nunca caminhou comigo par a par,
daquilo que apenas me fez servir de via fácil para um trânsito caótico de uma juventude mais caótica,
como a brincar de bumerangue,
num vai e volta desgastante e sem graça.

 Estou cansado da vida em sala de espera,
agendado e não cumprido o horário de atendimento humano,
porque desumano.

Jamais me esquecerei daquele domingo de ramos que se fez dia de finados,
daquela comemoração forçada,
enganosa e ilusória,
do cumprimento que se fez comprimento.
Ô arrependimento de ter aceitado aquele convite!
Sofri tanto aquele dia...

Também, daquele jantar com gosto de ceia venenosa,
daquele sol que não brilhou e apenas me queimava a alma.
Dia triste aquele e outros que me fizeram tão mal,
porque falsos,
obrigados,
forçados ao nada.

Então, 
em nome da nossa liberdade,
você vai me ajudar muito se não aparecer mais em meus pensamentos, 
não forçá-los nos entraves,
nem retorná-los em quaisquer circunstâncias.

É simples:
não apenas faça de conta,
mas assuma que nunca estive presente em sua caminhada,
que  este sujeito determinado simples e oculto nunca nada lhe falou, 
nada lhe fez,
nada lhe propôs,
em nada lhe interferiu.

Em suma:
esqueça-me de vez,
porque eu nunca existi em sua vida e nem você na minha...nunca!

Ser esquecido é dolorido demais,
então não me lembre e nem se lembre em mim,
para que essa dor inexista.

Sem mais para o momento,
agradeço a atenção que me será ofertada,
como uma última gota das lágrimas que derramei por você e que procurarei não mais as derramar.

Nós não nos merecemos,
nem na maré baixa e nem na alta,
isto é fato!

O bom é que "depois da maré baixa sempre tem a maré cheia".

Pode sorrir  (ou rir) se quiser...amém!

João D'Olyveira




HELEU e a porta entreaberta




PORTA ENTREABERTA

Está muito difícil
acordar de manhã e não ter mais você ao meu lado,
mordendo minhas orelhas,
recitando Cecília, Clarice, Pessoa;
cantando Caetano, Chico, Elvis.

Está muito difícil
curtir o bem-te-vi das manhãs na vidraça do quarto,
não ter mais a mesma visão de outrora:
nós e o pássaro,
o cantar do pássaro e o nosso cantar.

Está muito difícil
dobrar a roupa de cama,
recolher o pijama e o lençol,
sentir apenas o meu cheiro no travesseiro.

Está muito difícil,
preparar apenas uma xícara de café,
ladear apenas um prato de sobremesa e um casal de talheres,
omitir o sabor e o aroma prazerosos de outrora.

Está muito difícil
passar mel e requeijão no pão de forma salpicado com castanhas,
espremer as laranjas no liquidificador,
lembrar-me daquela sua sensual lambidinha...no pão e no meu pescoço.

Está muito difícil ouvir Dio come ti amo
que se fez tão nossa,
rodando num vinil postado na velha sonata do armário de ferro,
enquanto nos banhávamos em nossa branca banheira de pés curvados.

Está muito difícil
conviver com esses gritos e gestos tão íntimos, internos e intensos,
assim como aceitar que recordar é viver,
enquanto morro de saudade a cada nova manhã.

Está muito difícil
achar respostas para a sua partida,
que não teve requinte de despedida nem entrega das chaves.

Está muito difícil...


                                                                                                                   João D’Olyveira



"Nosso caso
É uma porta entreaberta [...]
Há um lado carente
Dizendo que sim
E essa vida da gente
Gritando que não..."


(Gonzaguinha)




Heleu e a despedida



Não trago e nem levarei mágoas e ressentimentos, apenas partirei. Se o perdão é mesmo uma dádiva, creio tê-lo ofertado em parcelas àqueles a quem deveria oferecê-lo, dentre os quais também me incluo. Afinal, devo ter me ferido tanto nesta minha caminhada. 

Por essa razão, hoje me sinto possível à saudade da vida que não mais me pertence, porque a vida que era minha se coletivizou em demasia, sem reposição de células. Sinto saudade da razão humana que deixei escorrer por entre os dedos. Saudade do fazer tão pouco por mim, para que pudesse fazer mais a outros que me foram tão úteis. 

Sinto saudade até dos inúteis que pousaram sobre meus ombros, invadiram meu coração, tornaram-se membros dos meus arranjos funcionais e profissionais, participaram do meu viver, sufocando-me com seus próprios desejos e sonhos. Inúteis que se planejaram sobre mim e sobre tantos. 

Ainda que os reconheça assim, não nego que me ofereceram alguma felicidade e até alguns prazeres nivelados à inutilidade que os compunha. E por assim ser, não ousarei mais afirmar a existência de inúteis em plenitude. Eles também serão incluídos em minhas orações, nas contas do meu rosário cinza. 

Nesse retrospecto, deformado em minhas emoções, sinto-me só, ainda que sempre acompanhado. Impotente, ainda que ativo profissional. Fugitivo, ainda que não condenado. Neutro, ainda que alguém significativo a alguém. 

Sinto-me, todavia não me toco e nem me foco, apenas troco-me, pois não me desejo mais na atual e desgastada forma de ser. Não desejo mais os prazeres apenas mundanos, a fecundação em ventres ocos. Desejo mesmo o menino da janela, que já me notificou a partida faz um bom tempo. 

E tudo isso me faz reconhecer a máxima de que há tempo para chegar e tempo para partir, porque somente o tempo é plenamente sincero. A sinceridade dele é tanta, que em razão das nossas escolhas, ele nos deixa marcas ou fundas cicatrizes. 

Assim, sinto-me na compreensão e no entendimento de que sou humano chegado por aqui há muito tempo. E como não posso ter de volta aquele desejado menino, para concretamente sê-lo, o conveniente é sacrificar este homem, visando ao renascimento. Logo, existo e me transcendo em decorrência do próprio pensar! 


João D’Olyveira

HELEU e o "dez-encontro"

www.google/images


SE FOR POR FALTA DE AMOR, ADEUS!


DEIXE O TEMPO RESPONDER MINHA PERGUNTA AO UNIVERSO
DEIXE EM VERSO SEU RECADO COM A SECRETÁRIA-DE-ESTAR
NÃO PERGUNTE SOBRE A MINHA VIDA AGORA E CALE
PRA NÃO MAIS ME PODER FALAR

DEIXE O VENTO TRANSFORMAR MEU PENSAMENTO EM ÁGUA
DEIXE A MÁGOA SE PERDER COM O PASSAR DAS HORAS
NÃO PERGUNTE SOBRE O MEU DESTINO AGORA E CEGUE
PRA NÃO MAIS ME PODER ENXERGAR

DEIXE O JURAMENTO CANCELAR MINHA VISÃO DE HOMEM
DEIXE O PÓLEN SE ESPALHAR COM O PASSAR DO VENTO
NÃO PERGUNTE SOBRE O MEU DESEJO AGORA E PARTA
PRA NÃO MAIS ME PODER VOLTAR

PRA NUNCA MAIS ME PODER FALAR
PRA NUNCA MAIS ME PODER ENXERGAR
PRA NUNCA MAIS ME PODER VOLTAR

PRA NUNCA MAIS EU TER QUE TE OUVIR
PRA NUNCA MAIS VOCÊ TER QUE ME VER
PRA NUNCA MAIS EU TER QUE ME RECEPCIONAR

PORQUE O QUE MAIS QUERO AGORA É TE ENTERRAR
É TUA ALMA CREMAR
E MEU VOCÊ JAMAIS RESSUSCITAR!


João D'Olyveira

HELEU e as raízes do amor

RAIZES DO AMOR

Quando as raizes do nosso amor mostrarem a cara
Não me pergunte nada
Nem ultrapasse o tempo dos fatos
Por favor...
Deixe o tempo passar por si só!
Não me olhe de forma acusativa
Nem coloque palavras em minha boca
Por favor...
Deixe o tempo dizer a nossa verdade!
Não me julgue culpado ou inocente
Nem ignore o momento que tanto nos angustia
Por favor...
Deixe o tempo se tornar bálsamo!
Não me poupe da ação humana
Nem decida se fica ou se parte
Por favor...
Deixe o tempo apresentar seu natural esgotamento
E só então decida o fato
Sem entreatos
Em breves palavras
À luz do real momento...
E que seja sem mágoas
Sem farpas
Sem tapas
Sem mentiras...
Porque no amor não se ganha nem se perde
Ou se é presente porque é presente
Ou se é ausente porque nunca foi
Quem joga com o amor compete em posse
Porém...
Amar jamais será sinônimo de possuir!
Assim...
Quando as raizes do amor mostrarem a cara
Decida por enterrá-las ou faça tombar a árvore
Porque já ofereceu os frutos que deveria
Já promoveu sombras em demasia
Já vivenciou por vezes todas as estações...
E decida em qual estação descer!
Se o outro tiver que partir
Que parta em paz!
E que seja feliz!
Porque foi amado no seu e no próprio tempo...
João D'Olyveira

DESTAQUES DO MÊS