Lembro-me apenas de que era um domingo à tarde e de que gargalhava muito, independentemente das incertezas que me habitavam. Parecia estar tudo bem, mas para que mesmo servem as certezas?
Sabia que desejava registrar aquele momento, o qual me parecia certo, ainda que carregue comigo a observação de que o incerto ronda constantemente as nossas vidas. Agora, se era mesmo uma certeza, então a possuía naquele momento.
Em sendo assim, registrei o tal momento e nada mais me interessou além daquele registro. Tenho comigo, também, que registros são necessários para abrir e fechar o tempo que ocupamos nos espaços que, às vezes, somente ocupamos.
Não acredito em divisão de espaços. Sou mais para a ocupação de pequenos espaços que se aglomeram, enganando-nos como um espaço diametralmente maior. Então, não o dividimos, apenas ocupamos aquele que nos pertence ou passa a nos pertencer, por "n" razões.
Ah! Você quer saber o que rolou depois daquele gargalho? Nem me lembro mais (nem menos). E nem faço força para me lembrar. Fazer força para se lembrar de fatos passados é como defecar com o intestino preso. Dói pra caramba!
O importante mesmo foi aquele "agora" da gargalhada registrada, assim como este "agora" também o é, o do registro escrito daquele gargalho. Afinal, a vida terrena não é tão chata assim, como alguns pensam e dizem. Se desejarmos, o terreno pode ser infinitivamente um paraíso sem maçãs podres e bichadas, serpentes enroladas, "evas" daninhas e traidoras, e "adões" machistas, covardes e idiotas.
E aqui "faço valer" os versos de Ivan Lins: "Quero sua risada mais gostosa. Esse seu jeito de achar que a vida pode ser maravilhosa [...] sem vergonha de aprender como se goza".
E pode! KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK
João D'Olyveira