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HELEU e a imprópria indecisão







Arquivo Pessoal

Por não entender suas idas e voltas,
essa sua indecisão,
simplesmente me ponho a escutar minha mente e meu coração.
A cada novo calo em meu falo,
nada falo pra não te sufocar.

Suas ligações não mais as atendo,
porque não mais as entendo,
não mais as compreendo,
não mais as interpreto,
não mais as consigo analisar.

Suas mensagens eletrônicas eu as apago,
cancelo os seus perfis nas redes sociais.
Em nossos mínimos contatos,
hoje quase sem tatos,
invento histórias,
tentando ganhar tempo pros comerciais.

No dia a dia leio, escrevo, desenho, toco e pinto;
componho muito ou nada  a cada arte produzida.
Na velha cadeira de balanço,
quase em loucura induzida,
descanso um corpo plenamente abduzido.

Levo comigo somente uma certeza:

nada de você me apavora.
Afinal você não tem hora, 
é meu agora e a hora que chegar.
É minha vasta memória,
uma gratificante história,
 que não inventei,
 pra ninguém contar.

Todavia,
por todas as minhas artérias e veias,
essas sanguíneas vias, 
quando estou quase curado das feridas,
desejando roupa limpa e nova vida,
colocar a casa em ordem na minha desordem,
botar no rosto um sorriso falso pra enganar e me enganar,
eis que você retorna ao lar doce lar.

Expiro, inspiro-me e suspiro,
enquanto você aos poucos novamente me entorna,
retorna, retoma, toma e torna a me indagar.
Daí  não tem mesmo jeito,
perco-me no sacrifício do silêncio,
porque você é um vício que não consigo largar.

Depois da entrega garrida,
no somar das horas escorridas,
ao seu lado ou do seu lado apaixonado,
apenas busco a felicidade cedida em andares ímpares,
jamais a perfeição dos pares carteados.

Depois do depois,

ouvindo no pen drive uma velha canção,
tento entender suas idas e voltas,
essa sua indecisão.
Num dia sou seu grande amor;
no outro, não!

                                                 João D’Olyveira


Inspirado na letra e música "Eu não entendo", Nenhum de Nós. 




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