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HELEU e a paixão


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Hoje estou aqui para pedir perdão, essencialmente àqueles por quem me apaixonei. E vinculado a esse perdão, o meu “muito obrigado”. Afinal, ainda que me sinta culpado, não posso negar que foram ótimas essas paixões. Como faz bem ao homem se apaixonar!

Quando nos apaixonamos, eliminamos uma série de fatos: a classe social, os saberes, a faixa etária. Eliminamos até nossos gostos, porque o gosto maior é o outro por quem estamos apaixonados. E tudo isso não só parece "coisa de doido", como é doideira mesmo. Apaixonar-se não é coisa "normal". É anormalidade necessária para outros sentimentos humanos!

E nesse momento denominado "apaixonite aguda", que é totalmente avassalador, cometemos nossas sagradas hipérboles, quando tudo se torna  "demais". Presenteamos demais, contatamos demais, oferecemos demais, entregamo-nos demais. E "demais", como todos sabemos, significa estar fora da medida. Assim, tudo o que é "demais" não é bom! O "demais" oferecido hoje, com certeza, faltará amanhã. É sacro! Não bastasse, o que fica fora da medida tende a se tornar trágico. Os dramaturgos que o digam. E salve Dionísio!

Na fase da paixão, nossos olhos se arregalam em demasia, e a necessidade do toque se torna essencial. As mãos ganham vida própria, querem alcançar de qualquer maneira o outro. Os olhos devoram, e as mãos temperam a "vítima". Tudo tagarela no ser apaixonado. Os poros..."esporam"!

E na vassalagem das cenas, criamos situações, propomos encontros.Usamos de todos os recursos, dos manuais aos eletrônicos. Muitas vezes oferecemos (e nos oferecemos) ao outro até o que não temos (ou o que nunca nos ofertamos). E vamos por aí, nos arranjos e desarranjos da vida. 


Há casos de apaixonados que se esquecem d'outros que lhe são pessoas extremamente significativas. E sabe por quê? Porque não mais os vê. É a comprovação de que a paixão pode cegar o ser apaixonado. Ele, então, se tornará unilateral. Ou será "unifrontal"? O que sabemos é que, dentre tantos "outros", apenas um deve ser visto naquele momento desmedido: o "meu outro"! E tudo porque a agenda se faz além das vinte e quatro horas diárias...

Quando nos apaixonamos (ainda que não me proponha a "aurelializar" vocábulos),  é interessante observar nossos sentimentos e as suas consequentes diferenças, desde a formação da palavra até os sentidos por elas expressos. Leitura plena. Neste caso, o significativo “amor” e a danada “paixão”. Percebam! O primeiro é substantivo masculino (que, certamente, deve agir como a espécie masculina). O segundo, feminino. Estamos entendidos? Por favor, nada de preconceito, apenas conceitos! 

Dio Mio!  Oh My God! Mon Dieu! Quer dizer que...paixão é um caso feminino? Sinto desapontá-los, mas a resposta pode ser sim. Vejam. No comparativo, é possível afirmar que o ser apaixonado age como mulher e não como homem. E ainda salientar diferenças abstratas e concretas que possam somar a essa possibilidade. Por exemplo. Paixão é poesia. Amor é poema. Expressão do sentimento e estrutura, respectivamente. 


Além do "fogo que arde sem se ver", da "ferida que dói e não se sente" e do "contentamento descontente", o ser apaixonado usa muito mais da sensibilidade e cada vez menos da fidelidade própria. É isto mesmo! Quando nos apaixonamos, conseguimos somente ver "o outro". Tudo o que fazemos por nós é pelo "outro". É só "vosso reino". "Venha a nós", quase nada. Ou nada mesmo!

Não nego, demorei demais para perceber o feminino da paixão e o masculino do amor. Antes, tudo me parecia tão igual. No cotidiano das prosas, dizia "estou apaixonado", como se dissesse "estou amando alguém". Noutros momentos, especificamente junto à pessoa amada (ou será apaixonada?), dizia "eu te amo" com o mesmo valor de "estou cada vez mais apaixonado por você". Era uma "roupa verbal". Usava-as, apenas isto! 


O que devemos perceber é que esses sentimentos são parceiros no jogo da vida. O não-racional e o racional confundem-nos e confundem-se. Isto é "vero"! Se comparado ao extremo, paixão é sentimento humano, que chega a ser desumano, em razão da não razão que lhe é inerente. É misto de ações humanas e animalescas, porque homens (criação) são animais racionais e irracionais. Lembrem-se de que estamos "em evolução"! No "andar da carruagem", são almas que se entregam, e corpos que se desejam. Pura masturbação física e mental. E basta!

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Sendo assim, perdoe-me por me apaixonar por vocês, e muito obrigado a oportunidade oferecida. Como já afirmei, foi bom demais! Um dia os desejei por inteiro, hoje desejo a completude da nossa felicidade. Eu na minha, é claro! E isto não é egoísmo, é pura racionalidade. Já entendi que "amar não é sinônimo de possuir", até porque aquele que faz uso da posse no sentimento não ama, apenas está apaixonado. O sujeito quer ter razão, sem "razão". E isto não pode ser! Ou não deveria...

Em suma, a minha paixão se "masculinizou". E quando a paixão se "masculiniza", o equilíbrio é recuperado. A hipérbole se transforma n'outras figuras, porque  reconhecemos a tênue linha existente entre essa tal paixão e esse tal amor. Portanto, agora, "eu só quero é ser feliz", amar tranquilamente  nas vielas do porvir!


João D'Olyveira

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