É...sei que é difícil por um ponto final em histórias que nos inspiram tantas reticências, mas é necessário...necessário. Quanto ao ponto final, ele representa a pausa máxima da voz. A melodia de uma frase com esse ponto indica que o tom adequado será sempre descendente. Emprega-se, principalmente, no fechamento de um período de frases declarativas e imperativas. Quanto às reticências, elas marcam uma suspensão da frase, devido, muitas vezes, a elementos de natureza emocional. Empregam-se como indicadores de continuidade de uma ação ou de um fato. Assim, frente às dúvidas, que sempre tenhamos equilíbrio entre a razão e o coração, fazendo uso adequado da pontuação, porque cabe unicamente a nós o papel de narrador-observador e/ou narrador-personagem de cada uma das nossas histórias de vida. Uma oportuna reflexão é a de Charles Chaplin, que diz ser o tempo o melhor autor, porque sempre encontra um final perfeito. Então...se o tempo, no limite da nossa criação, somos nós que o administramos, que não percamos o tempo.
João D'Olyveira
Foto: Arquivo Pessoal
Música/Compositor: Sonhos, de Peninha Voz/Violão: Caetano Veloso
D2 me disse de primeira, ao tratar da saudade, que "a procura da batida perfeita continua". Ninguém havia me apresentado Marcelo nem seus textos poéticos. Lembro-me de que descobri esse artista e suas composições em uma das minhas navegações noturnas, assim, sem compromisso. Todavia, como nunca acreditei em "acaso", porque sempre acreditei na existência divina dos casos, tenho que o tal encontro foi para me dizer, em poucas palavras e por necessidade momentânea, que o "Criador Mor", na sua perfeição, ao produzir o homem, propositalmente fez a cabeça acima do coração. Neste específico, foi somar minhas loucas deduções à de D2, ou seja, "que o sentimento não ultrapasse a razão", e confirmar o que já me era quase fato: primeiramente, ame-se; depois, ame. Simples assim, porque o simples resolve tudo. Então, como podemos ter observado, nada acontece por acaso, porque o todo da vida soma fragmentos de milagres. A quase cura dos nossos cegos olhos pode nos levar a enxergar homens-árvores. A cura, esta sim nos oferece a claridade dos homens-homens (MC 8, 22-25). Tudo na terrenidade e fora dela tem um porquê. Tudo rs
O que eu quero e estabeleço como prioridade versus o que os outros desejam e necessitam de mim neste momento. Este pensar resulta em honestidade própria, para uso coletivo. Neste ínterim, parafraseando um poema musical de Vander Lee, sei apenas que estou relendo minha lida, minha alma, meus amores. Estou revendo minha vida, minha luta, meus valores. Estou podando meu jardim...cuidando bem de mim!
João D'Olyveira
Imagem: Homem esculpindo-se a si mesmo, do artista uruguaio Yandi Luzardo, inspirada no princípio da evolução consciente proposto pela logosofia.
Não posso dizer que foi apenas mais um fim de tarde de domingo. Não... Aquele final de tarde de domingo foi muito diferente de tantos outros por mim vividos ou experimentados. A diferença foi tripla: tempo, espaço e personagens. Sem me esquecer, é claro, da posição do narrador-personagem. No soprar de uma brisa leve, uma prazerosa memória pediu passagem. Aos poucos foi batendo uma "baita" vontade de ter você comigo. Assim, bem agarradinho, como aqueles bonequinhos da década de 80. Umbigo com umbigo no horizonte. Ah...esse nosso sempre amor amigo!
Na tela aérea, um pincel divino alaranjou o céu, dando um tom "quase" melancólico à narrativa vivida. Todavia, nenhum desencanto. Em destaque, um velho relógio fabril me olhava fixamente. Ele, esse danado de ponteiros gigantes, registrou cada segundo do meu primeiro pensamento, assim como das minhas revelações mais internas e tão íntimas sobre nós. Cada gesto, cada movimento, cada fragmento daquela plenitude consumada. No contexto que se consumou, nenhuma dúvida. Todos os meus desejos se tornaram seus em mim, todos. Satisfação, prazer, silêncio... E tudo foi bom pra caramba!
João D'Olyveira
Imagem: Arquivo Pessoal - Prédio da antiga CTI - Companhia Taubaté Industrial - Taubaté-SP-Brasil -Foto: João D'Olyveira
ALÔ, JONAS! - Jonas, você está bem? - Fique tranquilo, estou bem! - Não é melhor você voltar pra casa? Estou aqui, esperando por você... - Estou bem por aqui. Daqui a pouco as coisas passam, e a gente vai se encontrar. É só uma questão de tempo... - Eu sei bem disso, mas você jamais passará, Jonas! - O senhor também não... - Fico feliz com esse seu carinho. Te amo de montão, ouviu? - Ouvi, meu amigão! Te amo também! - Se precisar estarei por aqui; mas, se preciso for, estarei por aí rs - Tenho certeza disso! - Cuide-se, Jonas! - Cuide-se o senhor também! - Com Deus... - Com Deus... Saudade...
Aquele telefonema foi o último de suas vidas terrenas. Jonas não havia revelado ao pai o seu real estado de saúde. A causa da morte física foi infecção generalizada, cinco dias após aquela curta conversa. No dia do telefonema, Jonas estava concluindo a terceira semana de agravamento da doença. E tudo sozinho, calado, porque assim havia desejado. Justamente naquele dia apresentou melhora, talvez para poder se despedir do pai. Coisas da vida e da morte!
Seu pai partiu no sexto dia, orando por Jonas. Talvez até soubesse da partida do filho, por esta razão o volume de oração a ele direcionado. O pai, também, não revelara ao filho que estava doente. Causa da morte: solidão! Não desacredito de nada neste Universo, tudo é possível até que não o seja. O relacionamento pais e filhos tem lá seus mistérios (ah, isto tem!), que somente pais e filhos compreendem (ou não!).
E assim partiram, quase juntos, com o mesmo desejo: "Com Deus...". Se eles se encontraram na eternidade, não sei! Se Deus os recebeu ou ainda os receberá, também não! É difícil até pensar sobre isso. São mistérios. Na verdade, preciso até entender melhor essa coisa do "eterno". Sei apenas que, por essas razões, aqueles que se amam jamais deveriam se distanciar um do outro por tempo tão longo. Nesse jogo temporal, nada nem ninguém deveria impedir encontros de pessoas que se gostam. Somente elas deveriam decidir sobre seus gostos. E para ausências sentimentais não há justificativas plenas, até porque as presenças não precisam ser, obrigatoriamente, diárias. E outra: esperar pela eternidade demora muito e, consequentemente, causa muito dor a quem aguarda o tempo de encontro com o outro que já se foi. Isto se ocorrer, é claro! Quer saber de uma coisa? Quem sente saudade não deve fazê-la doer. Deve matá-la! Não é?!
João D'Olyveira
"O Filho que Eu Quero Ter"
Conhecida pela voz de Chico Buarque, a música é uma composição da famosa parceria entre Toquinho e Vinicius de Moraes, lançada em 1974. A canção surgiu da vontade do primeiro de ter um filho, ideia incentivada pelo segundo.
Era uma estranha tarde de um domingo de outono. Olhava fixamente para aquela avenida deserta. Não havia motores nem transeuntes. As árvores pausavam em descanso. Até os pássaros, naquele momento, desistiram de bater as asas. Invertendo as posições, possivelmente estaria sozinho no edifício onde moro. Talvez a única janela aberta fosse a minha. Na janela, um "eu" em busca de um "nós". Entre nós, no horizonte do meu olhar, um trem de carga deu sinal de vida. A buzina do trem e o tocar do sinaleiro interromperam o silêncio que insistia em se alongar. Despertei-me e tudo voltou ao anormal: o trem, os carros, as pessoas, os tais transeuntes. Afinal, normal para mim é o silêncio, o vazio, o oco.
Não tive dúvidas. Dei as costas para a avenida, fechei a janela e carrilhei-me sobre o tapete. Não pertencia àquela realidade que estava para além da minha janela. O aquém agora era o que me importava. A minha realidade era outra, uma suprarrealidade desejada pós-evasão. Uma evasão tão necessária quanto meu oxigênio. Buscava, noutro silêncio, um tempo e um espaço somente meu e do meu eterno amor. Não estava mais em um edifício fincado em uma avenida. Não estava mais em meu quarto. Simplesmente, não mais estava.
No ínterim, uma voz suave a me chamar. Uma brisa suave e perfumada. Um toque leve e agradável de bem-querer. Não a via, apenas a ouvia. Então, decidi por fechar os olhos, desejando ampliar meus outros sentidos, quando uma linda melodia ganhou meus ouvidos. Sem medo, entreguei-me àquele momento. Nessa entrega, senti um leve toque em minhas mãos, as quais foram conduzidas a um movimento ritmado, assim como todo o meu corpo. Tudo se fez melodia. Tudo estava ritmado. Começamos a bailar. E tudo era tão dócil, tão delicado.
Depois desse bailar, no alongar das horas que não se faziam cronológicas, um também longo e carinhoso beijo em meu rosto. Aos poucos, contudo, aquela cena foi se desfazendo. Cada soma de ingrediente que constituiu a cena foi sendo subtraída dos meus sentidos. Tudo foi esvaecendo, porém, sem lágrimas, sem arrependimento. No jogo matemático do momento, multipliquei a saudade que sempre levarei comigo. E tudo sem dor, apenas prazer; pois, aprendi que somente sente saudade de alguém, quem ainda permanecesse com esse alguém.
Enquanto me recompunha e atinava-me em outro tempo e em outro espaço, isto porque retorno ao presente sempre será passado, desejei tê-la novamente em meus braços nos dois planos que se apresentavam. Imprescindível a mim seria poder novamente recostar minha cabeça em seu colo, tocar suas mãos, ouvir seu memorável canto e, juntos, sonharmos tantas outras vezes nossos sonhos sempre dourados. E bailarmos repetidas vezes no compasso das nossas melodias preferidas.
Eu sempre me lembrarei da sua despedida. Ela se foi dançando e cantando, como teria que ser. E hoje, com imenso prazer, divido com vocês um de meus tantos sobressaltos, os quais não mais me assustam, apenas me preparam para necessários encontros além-terras, além-mares, além-céus. Opa! Estou a ouvir a buzina de um trem e o tocar de um sinaleiro. Isto significa que é momento de me encontrar em um cavo, um vão infinito, mais uma vez. Assim, uma vez mais, peço sua bênção, mamãe! Permaneço em ti...
Na minha primeira vez, eu era apenas um moleque curioso e apaixonado. Por esta razão, acreditei fielmente naquela jovem profissional, que me fez protagonista de uma inesquecível descoberta, tão intensa e prazerosa. Lembro-me, em detalhes, do primeiro toque, do corpo em febre, dos lábios sobre os lábios, dos lábios delas sobre minhas vergonhas e dos meus sobre as vergonhas dela. Uma suave e perfumada melodia produzida por nossos órgãos sexuais: nossos concavo e convexo. O melhor de tudo é que nada se fez pela brutal força física, porque os dois buscavam a satisfação. O prazer, sim, este era intenso. E tudo isso me ensinou muito: nada forçado é bom!
O carinho foi recíproco, como deveria ter sido. O depois foi bom. E...depois desse e de outros encontros vieram as namoradinhas. Sentia-me um veterano. Pura ilusão! O tempo nos prova que cada novo encontro será sempre um novo encontro. O que me incomoda mesmo é ver algumas pessoas colocarem sexo em um único recipiente, como coisa má. Sexo é bom, faz bem... Tem que saber equilibrá-lo às outras ações da vida, apenas isto! Nem muito, nem nada rs Com direito à escolha, é claro! Sem com isso "preconceituar". Lembra-se da sua primeira vez? Refiro-me à primeira prazerosa; aquelas que assim não foram, delete-as rs
Com todo agradecimento e respeito por lições tão profundas, hoje bateu uma boa saudade das minhas professoras sexuais da adolescência. Um brinde a elas!
TUDO TÃO SIMPLES É tudo tão simples: algumas pessoas entram em nossas vidas apenas para nos proporcionarem memórias maravilhosas. São nossos amores eternos!
"Pode sorrir se quiser Eu não vou me incomodar Sei que contra a maré A gente não pode remar Agora sei A dor de uma ingratidão Mas a maré vai levar As mágoas do meu coração [...]"
(Martinho da Vila & Paulinho da Viola, 1972)
Diga aí,
que importância você está tendo em minha vida neste momento?
Quer responder ou prefere que eu a responda?
Eu respondo...
- NENHUMA!!!
Estou mesmo é de "saco cheio com as lembranças,
que infelizmente são somente minhas.
Não nego,
se pudesse podar o tempo,
eu o podaria agora,
sem restrições nem arrependimentos.
Cancelaria também todos os nossos encontros,
ignoraria todos os nossos desencontros,
cancelaria-nos de nós mesmos...assassinaria a linha reta que nos cruzou.
Todavia,
há lembranças que não desejam desaparecer de vez,
embora haja provas suficientes de que eu as pedi para desaparecerem.
até em orações ditas,
benditas e malditas.
De resto suplico todos os dias que elas desapareçam do meu mental,
pois sei que do coração é difícil...mas um dia sai...de vez!
Há um gosto externo de desgosto e um desgosto interno de permanência,
um algo de difícil tratamento,
porque é a junção de um querer com um nunca mais querer,
como em Camões.
Aquilo que não mais me interessa está agora amarrado ao que um dia muito me interessou.
É confuso,
porque não é concreto.
É concreto porque foi planejado,
em partilhas.
É algo que não se resolve num passe de mágica,
porque foi cultivado com carinho e não apenas se fez fruto de uma semente jogada ao léu.
Semente plantada,
regada,
cuidada com muito carinho.
A expressão "saco cheio" utilizada anteriormente fez-se oportuna na construção,
visto que o gozo já se foi sem nunca ter se completado como prazer desejado.
Tudo,
na verdade,
foi um amontoado de risos e lágrimas,
de aplausos e vaias,
de degustações e vômitos.
Um amontoado de ilusões...um desmanche de almas!
Contudo...
graças às forças do Universo,
esse tudo que sentia por você já se desnudou com os novos compromissos,
fazendo brotar novas esperanças,
E dentre essas novas esperanças,
a de nunca mais me apaixonar por alguém igual a você,
tão fútil e inconsequente,
tão falsamente inocente,
que ainda insiste num texto repetitivo de "não entendi" o que está acontecendo.
Urg!!!
Ah...e tem mais!!!
Estou desapegando de tudo de você que está me fazendo mal,
de tudo de você que está me fazendo sofrer,
de tudo de você que ainda se faz adocicado sem o ser.
E sabe como?
É que clarifiquei em meu mental que tudo são apenas falsos açúcares!
Aliás,
sempre desacreditei de expressões dóceis em demasia,
porque todas elas se apresentam caracterizadas de falsas inocências,
sem pudores,
sem amores,
apenas dissabores.
Não nego,
porém,
que sempre disfarcei aceitá-las,
porque sempre serei adepto da paz e do amor,
características que herdei de sábios mestres,
no final dos anos 60,
ativamente vivenciadas nos anos 70 e 80,
adaptadas para o resto do resto do resto da minha agora curta vida.
Eram outros tempos modernos...mente e coração!
Hoje,
o que mais quero é desapegar daquilo que não tem mais volta,
daquilo que nunca caminhou comigo par a par,
daquilo que apenas me fez servir de via fácil para um trânsito caótico de uma juventude mais caótica,
como a brincar de bumerangue,
num vai e volta desgastante e sem graça.
Estou cansado da vida em sala de espera,
agendado e não cumprido o horário de atendimento humano,
porque desumano.
Jamais me esquecerei daquele domingo de ramos que se fez dia de finados,
daquela comemoração forçada,
enganosa e ilusória,
do cumprimento que se fez comprimento.
Ô arrependimento de ter aceitado aquele convite!
Sofri tanto aquele dia...
Também, daquele jantar com gosto de ceia venenosa,
daquele sol que não brilhou e apenas me queimava a alma.
Dia triste aquele e outros que me fizeram tão mal,
porque falsos,
obrigados,
forçados ao nada.
Então,
em nome da nossa liberdade,
você vai me ajudar muito se não aparecer mais em meus pensamentos,
não forçá-los nos entraves,
nem retorná-los em quaisquer circunstâncias.
É simples:
não apenas faça de conta,
mas assuma que nunca estive presente em sua caminhada,
que este sujeito determinado simples e oculto nunca nada lhe falou,
nada lhe fez,
nada lhe propôs,
em nada lhe interferiu.
Em suma:
esqueça-me de vez,
porque eu nunca existi em sua vida e nem você na minha...nunca!
Ser esquecido é dolorido demais,
então não me lembre e nem se lembre em mim,
para que essa dor inexista.
Sem mais para o momento,
agradeço a atenção que me será ofertada,
como uma última gota das lágrimas que derramei por você e que procurarei não mais as derramar.
Nós não nos merecemos,
nem na maré baixa e nem na alta,
isto é fato!
O bom é que "depois da maré baixa sempre tem a maré cheia".