Arquivo Pessoal - HCAF
CATETER
Era dezembro,
quase fim do mundo,
quando Noé chegou antes de Noel.
Um abalo sísmico no meu coração,
um arrebatamento arrependido do meu guardião.
E no passar do tempo que não se findou,
encantos em cantos
sem água, sem fogo, sem razão.
Uma enorme sensação interna,
como externa cisterna
barrenta,
tormentas da ilusão de viver outra inclusão.
E por fim à vontade,
apenas ser e nada ter
pra ser ruim.
Tantas vantagens arteiras nas minhas artérias,
um corpo despido do espírito santo e das santas vestes.
.
Agora tudo me vem à memória,
a sirene, os primeiros socorros,
um canto choroso na fila da Dutra,
um ducto ou vaso, uma cavidade corpórea.
E na catapulta, o fio da vida era a navalha,
um imenso desejo de glória,
um canalha narrando você...por inteiro em mim!
João D’Olyveira