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HELEU e o olhar




Estava à mesa da sala de espera,
olhar fixo no corredor,
literalmente à espera de alguém.
Todavia, nada exigia do tempo,
nada exigia de mim,
nada exigia de ninguém.

De repente um passante,
com uma olhadela curiosa,
seguida de um breve e gratificante sorriso.
Aquilo foi um toque n'alma,
um sacode e acalma sem juízo,
porque uma doce candura fez brotar em mim.

Não hesitei,
e no seco nó da saliva moleca,
correspondi à altura da minha loucura momentânea.
Lancei uma piscadela mansa,
um sorriso de lábios inteiros,
como um menino matreiro,
e fui aos poucos resgatando minha brisa jovial.
Naquele taciturno momento,
tudo se tornou um encanto n'outro canto,
uma elipse terna e eterna,
uma janela indiscreta e sentimental.

E assim foi por longos minutos,
ação repetida a cada nova passadela daquele transeunte naquele corredor.
Determinava-se o tempo que aquele algo desejou e desejava,
frente ao tempo que este algo desejava e desejou.
Até que a espera findou,
o corredor se apagou,
minha memória reacendeu .

E frente àquele olhar fascinante,
diferentemente de todos que até então havia recebido,
dei um passo sobre o pretérito  tão imperfeito e sofrido,
e agarrei-me às crinas daquele presente vivo e sensualmente atrevido.
Afinal, sabia que era um mérito por tantos sentimentos jogados ao vento,
que ao relento me foram meros e amargos erros d'alvo.

Era o que precisava para completar minha noite...oportuno!


                                                                João D'Olyveira

HELEU e o equilíbrio (ou desequilíbrio) sentimental





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Sinto muito; logo, penso demais!



Enquanto os dias passam devagar ou depressa, nossos incômodos insistem em sobreviver sob luzes diferentes, fazendo com que nos tornemos impotentes para uma série de decisões, incluindo nesse emaranhado de tudo e mais um pouco as "coisas do coração". O que nos parecia resolvido volta à tona sem pedir licença. O denominado simples torna-se agora um ser deveras complicado. As respostas ofertadas, então vistas por nós como eloquentes, apresentam-se como itens quase indecifráveis, exigindo de nós outras respostas, que se tornarão novas questões, e assim sucessivamente. É uma "bola de neve" lançada na lama do pântano dos monstros que nós mesmos criamos. É como se tudo ressuscitasse das cinzas. Um "draculizar-se" em meio a zumbis que nos apavoram, criaturas que vão nos devorando pouco a pouco.


Nesses momentos, se buscarmos a fundo o porquê desse ressuscitar, é possível que possamos encontrar uma "brasinha encapetada", aquela que não se apagou, insistindo em sobreviver do nosso constante sopro humano, o qual ofertamos a "outro", sem querer e até sem perceber. Isto a cada lembrança, a cada imagem desenhada, a cada trago dos nossos estragos orgânicos. Uma espécie de remorso corrosivo que criamos em nossa alma. Um cancro que vai destruindo nossa tão prazerosa "colcha de retalhos". 

Em comparativo livre, podemos dizer que, como normalmente as dores físicas indicam transtornos físicos, os incômodos indicam "dores sentimentais". E todo tipo de dor, seja ela física ou sentimental, carece de merecidos cuidados. No específico, a aprendizagem é que as nossas "dores sentimentais" (ou nossos "incômodos") devem ser tratadas com percepções elevadas, exigindo de nós fórmulas para além da química terrestre. E como há casos e casos, cada qual deverá ser analisado diferentemente. Querer resolver essas questões a partir de uma única fórmula é  mergulhar em águas profundas, sem saber nadar.

Assim, durante esses "incômodos", que possamos iluminar a nossa própria consciência e ampliar nossa visão de mundo. Ouvir o outro e ouvir-se pode (e deve) ser percepção superior necessária. Talvez uma das mais significativas. Um cuidado, porém, é não querer se apresentar sempre como o "filho pródigo" das narrativas, porque essa personagem indica duplo sentido: experiência adquirida ou falta de objetividade. Ela pode ser interpretada, por quem assim desejar, como ausência de determinação e foco. Temos, então, que o "ir" e o "vir" são direitos adquiridos. Já o "saber ir" e o "saber vir" são aprendizagens.

Por essa razão, que os nossos movimentos de "ir e vir" e as nossas pertinentes decisões de "voltar ou não voltar" não sejam ações e reações incômodas, somente busca de solução. O importante mesmo é movimentar o coletivo do nosso ser, porque viver é e sempre será um eterno movimento, seja este progressivo (velocidade positiva), retrógrado (velocidade negativa), acelerado (aumento da velocidade) ou retardado ( diminuição da velocidade).

No dizer do Macaco Simão: "Quem fica parado é poste.". Sendo assim, o importante disso tudo é que os nossos movimentos estejam sempre em equilíbrio com a nossa bússola interna: mente, coração e porta aberta...caso queiramos voltar!


                                                                              João D'Olyveira 



Heleu e o poder da saudade




Heleu, Marcelo D2, a Saudade e o Poder...


D2 me disse de primeira, ao tratar da saudade, que "a procura da batida perfeita continua". Ninguém havia me apresentado Marcelo nem seus textos poéticos. Descobri esse artista e suas composições em uma das minhas navegações noturnas, assim, sem compromisso. Todavia, como nunca acreditei em "acaso", porque sempre acreditei na existência divina dos casos, tenho que o tal encontro foi para me dizer, em poucas palavras e por necessidade momentânea, que o "Criador Mor", na sua perfeição, ao produzir o homem, propositalmente fez a cabeça acima do coração. Neste específico, foi somar minhas loucas deduções a de D2, ou seja, "que o sentimento não ultrapasse a razão" e confirmar o que já me era quase fato: primeiramente, ame-se; depois, ame. Simples assim, porque o simples resolve tudo! rs

É...a saudade hoje se praticou diferentemente. Não me devorou, não me intimidou. Tudo bem que ela grudou como chiclete. Não nego que foi "broca", castigo mesmo; porém, não me venceu como d'outras vezes. Posso até dizer que senti dor de verdade, porque foi profundo para somente depois voltar pro raso. Ah...como a saudade é má. É "cruela"! 

Contudo, depois das gotas escorridas pelo rosto, consegui sorrir novamente. E mais uma vez mostrei meus dentes, sorridente. Isto porque a serpente tentadora e venenosa não me orquestrou com sua varinha de condão. Hoje foi meu terceiro teste. Passei por ele. Estou firme. Estou rocha...pra outras apostas. E que venham! 

Desta vez doeu, mas não me venceu. É que estou cada dia mais me descobrindo mais forte. "Eu tenho poder. Posso mudar porque eu tenho poder [...] Se eu quero, eu posso porque eu tenho o poder." Tanto, que já estou noutra. "Às vezes, até acho que sou dono do mundo. Talvez  eu seja, talvez eu seja..." do meu! Simbora...


                                                          João D'Olyveira



HELEU e a vontade de acertar


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SER PRECISO!


O protagonista desta narrativa amadureceu sem sementes, mesmo tendo desejado novo plantio. Assim, solicita licença para fazer uso de alguns versos de Gonzaguinha: "chega de tentar, dissimular, de disfarçar e esconder o que não dá mais pra ocultar". Esse contador de histórias acredita nas surpresas do Senhor Tempo, que a ele, ironicamente, também faz uma solicitação: conservar no peito e na mente o desejo de um amor infinito. Todavia, há uma severa trava nesse tempo. O hoje é completamente diferente do ontem. Então, Senhor, é preciso que se dê direito ao grito. Não como desabafo, mas, essencialmente, para ser ouvido por um alguém que também procure outro alguém, como este que narra. Afinal,"não posso mais calar, já que o brilho desse olhar foi traidor..." 

Nesse contexto, quando a  cena íntima desse narrador é revelada em atos e espelhos, o que ele pode olhar, ver, enxergar...sentir e ler? Os olhos que olha estão cansados, mesmo tendo visto tão pouco deste mundo. A voz que fala, trêmula; ainda que tenha tanto para dizer. O corpo que toca, frágil; ainda que insista em remar para lugares indefinidos, como se ossos não criassem ferrugens. Os cabelos que penteia e os pelos que apara desbotam gradativamente. A pele que massageia apresenta-se frágil, momento oportuno para que as manchas senis insistam em tatuá-la. Não há retorno, porque os milagres cosméticos são apenas maquiagens temporárias. 

Em todas as suas ações, há uma reserva de sonhos que lhe ofereça equilíbrio. Dentre esses sonhos, alguém especial é creditado. Na plenitude deste vocábulo, aquele ser humano que lhe possa oferecer o que ainda não teve, mesmo tendo tantos outros nesse trajeto terreno. Nesse vácuo entre o desejo e a realidade, sente imensa falta de um abraço que o envolva por completo; de um beijo que lhe explore a alma; de palavras temperadas com desejo e carinho, e ditas com mansidão. Uma tremenda falta de um "bom dia" a dois. Expressões questionativas singelas, como: "vamos almoçar?", "tudo bem com você?", "quer um café?" E toques, cafunés, olhares profundos...uma infinitude que não me cansa e tanto a quero!

E o narrador, um eterno contador de histórias, agradece imensamente a quem já fez parte da vida dele, pessoas amadas a quem deseja toda felicidade, porque a ele ofereceram felicidade. Ele não se apresenta tão samaritano, porém reconhece os prazeres a ele ofertados: os abraços, os beijos...os gozos. Em outra esfera, o material e o capital que lhe foram  (e lhe são) necessários e proveitosos. Afirma cotidianamente: "O que puder retribuir será retribuído ainda nesta vida". A certeza é de que houve procura, tanto que agradece as passagens. Na própria fala: "Elas existiram e me complementaram". E isto é fato!

No correspondente aos prazeres da carne, comenta que sexo não é tudo. O que busca está além do físico, porque físico tem data de validade. Assim, não lhe interessa mais o passageiro, quanto mais o passageiro comprometido. O dominador está fora de cogitação, jamais deseja os "senhores feudais". Não quer enganar para não ser enganado. Deseja eliminar erros, acertar-se e acertar alvos duradouros. Sonha com alguém que conduza com ele o veículo vida em abundância. Aos amores passageiros, afirma: "Boa viagem!"

Neste momento, observa-se por completo. Lança questões a ele próprio, todavia solicita auxílio aos céus. As respostas se fazem simples. Não desistirá da busca, porque ainda lhe resta alguns créditos. O que muda, talvez, seja mesmo a condução, que não deseja solitária. Ele precisa de alegrias, de paz no coração. Por esta razão (e coração), não se promete nada, apenas tenta não furtar a si e a outros. Uma certeza: não quer mais amar o distante, o difícil, o proibido...aquele que não divide, apenas o suga. É preciso acertar o alvo. Afinal, "gonzagueando", "chega de temer, chorar, sofrer, sorrir, se dar e se perder [...] não dá mais pra segurar, explode coração!".

                                                                                                                                      João D'Olyveira

HELEU e a verdade shakespeareana sobre amor e amizade



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Sobre a diferença entre amor e amizade, um sábio disse a Shakespeare a seguinte verdade:

"O Amor é mais sensível,
a Amizade mais segura.
O Amor nos dá asas,
a Amizade o chão.
No Amor há mais carinho,
na Amizade compreensão.
O Amor é plantado
e com carinho cultivado,
a Amizade vem faceira,
e com troca de alegria e tristeza,
torna-se uma grande e querida
companheira.
Mas quando o Amor é sincero
ele vem com um grande amigo,
e quando a Amizade é concreta,
ela é cheia de amor e carinho.
Quando se tem um amigo
ou uma grande paixão,
ambos sentimentos coexistem
dentro do seu coração."


Refleti muito sobre as palavras de William Shakespeare e percebi como é difícil travar um diálogo entre amor e amizade, entre amigos e amores. Nesse impasse, já não sei se lhe digo: "Entre ou saia!", "Entre e saia, por favor!", "Não, fique!" ou "Não fique!". Não nego que teria sido mais fácil se continuássemos apenas amigos; contudo, que não sejamos inimigos depois do que aconteceu e ainda quer acontecer entre nós.

                                     Então...


"O que eu vou dizer

você nunca ouviu de mim,
pois minha timidez
não me deixou falar por muito tempo..."

Todavia, a canção de Fernando e Milton dirá por mim...ou por nós!


João D'Olyveira



Amor amigo

Composição: Fernando Brant / Milton Nascimento

HELEU e o pensamento

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"Hoje preciso de você
Com qualquer humor
Com qualquer sorriso
Hoje só tua presença
Vai me deixar feliz
Só hoje [...]"


(Jota Quest)


Só Hoje II

Hoje pensei em você,
que em você não deveria pensar;
não deveria confiar;
apostar;
acreditar.

Hoje pensei em você,
que por você não deveria penar;
não deveria chorar;
agonizar;
nada creditar.

Todavia,
pareceu-me que algo eu devia;
e que, portanto,
deveria saber o que devia ser.
Não consegui,
comecei a pensar...e pensei!

Como pensei em você!

E tudo porque não consigo separar o concreto do abstrato;
o corpo da alma;
a água do fogo;
o prazer do tesão;
a pressa da calma;
o amor da paixão...

É difícil!

Sei que apenas sinto e desejo você,
assim como também sei que isto me maltrata;
que isto me machuca;
me amordaça...me lasca!

Contudo,
eu sempre acho que tudo isso passa;
que tudo é apenas meu achar.
Que nada me modifica,
nem solidifica,
nem passa,
nem fica...

E isso tudo me basta!

Hoje desejei mais uma vez não pensar em você;
desejei esquecê-la de vez;
e de vez enterrar esse sentimento caduco...

Entretanto,
malucamente,
em minha mente,
como serpente em seu ninho,
você insistiu em ficar.
E do meu lado,
aninhado,
você quis ressuscitar...e ressuscitou!

Naquele momento.
em tormento,
juro!
No escuro da mente,
convivi com a sorte e com a morte,
e desejei o duplo da rima.

Não nego,
de vez em quando e quase sempre me pego pensando,
pensando,
pensando...

E se penso é porque devo; 
e se devo,
pago...

Então,
 penso!

Hoje mais uma vez pensei em você...

Alguns me olharam,
outros me alertaram,
muitos me condenaram...

E que se dane aqueles que condenam meu pensar;
parem eles de pensar em mim,
e que pensem mais em si.

Porque... hoje,
mais uma vez...pensei em você!

                                                                                                                          João D'Olyveira








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