HELEU e a paixão

SOBRE A PAIXÃO


Eu me considero um eterno apaixonado pela paixão e não, necessariamente, por uma paixão. Sei que há exclusivismo no sentimento paixão, todavia sou mais o sentimento, que o depósito do sentimento. Entendo que isto não é perder oportunidades exclusivistas, porque jamais desejei o exclusivismo deste sentimento. Desejo apenas o sentimento. Ele por ele mesmo, em mim e no outro ser que comigo "apaixona-se".

A duração ou a extensão (como queiram expressar) deste sentimento tão abstrato dependerá da própria existência sentimental. No particular, prefiro-o sem a ânsia do começo e, muito menos, a agonia do fim. É porque tenho comigo que paixão deve se diferenciar de dor, melancolia e de quaisquer outros sintomas sentimentais acoplados em algumas paixões. Nunca aspiro "brindes" em minhas paixões.

Na livre expressão poético-camoniana, paixão é um querer mais que bem querer a si e ao outro ser que se fez apaixonado por e com você. Se há sofrimentos, trato-os, visto ser martírio (outra paixão que não a que aqui retrato). A paixão em pauta corresponde a um intenso sentimento humano, marcado por um grande interesse e uma grande atração de um ser por outro ser. Não vou entrar no mérito daqueles que se apaixonam por "coisas". Isto ficará para outro momento.

Retomando...

Já mantive relacionamentos longos, medianos e curtos. Todos eles, sem exceção, foram bons, porque dosados de otimismo e/ou de excelência. No geral, bons. O bom é a dose adequada, visto que tudo o que é demais já passou do adequado.

Os entraves sempre ocorreram, e sempre em razão do tal exclusivismo, com o qual não comungo. Talvez esteja aí a resposta para as necessárias podas (podaduras ou desbastes, como queiram) por mim executadas. Elas até podem ter sido sofríveis às parcerias sentimentais; contudo, necessárias. Sempre me preocupei quanto às formas das podas, que fossem bem executadas, visando ao crescimento humano.

Na amplitude dessa ação, compreendo que o podar é uma ação natural humana, ainda que, ao olhar de alguns seres, seja um ato desumano. Entretanto, apreendi, nesta minha terrenidade, que não devo alongar o que se insiste curto. Não devo confundir "botões" que se abrem e se fecham com botões que apenas brotam. Cada qual na sua medida e na sua medida de tempo. E tudo porque há tempo de chegar e tempo de partir...e tempo de "com...paixão".

Nesse contexto, que em mim é processo contínuo, trago o conhecimento de que o "metron" é a receita para tudo, inclusive para as paixões. A minha máxima é que o equilíbrio entre a paixão e a razão resulta da não transgressão de limites. Assim, quando não transgredimos medidas, tudo se equilibra. Já provei do ato contrário e até hoje sofro com os resquícios das minhas transgressões.

Os denominados "erros", "falhas", "desvios" (cada qual na sua própria leitura), eles sempre deixam resquícios. Em sendo assim, que eu não me perca, em função dos "julgamentos alheios", sobre minhas posturas em relação às minhas próprias paixões. Afinal, paixão é sentimento dos apaixonados, sendo cada um responsável por sua própria paixão, no tempo dessa paixão.

E as opiniões alheias?

Que continuem sendo alheias, e que cada um seja capaz de cuidar das suas próprias paixões e das ações a elas correspondentes!



João D'Olyveira, 
um eterno apaixonado.





Disponível em: https://www.youtube.com/watch?time_continue=4&v=5dLC2Tjyd6I&feature=emb_logoComposição: A noite do meu bem, de Dolores Duran, 1959.

HELEU e o ponto final





PONTO FINAL OU RETICÊNCIAS?

É...sei que é difícil por um ponto final em histórias que nos inspiram tantas reticências, mas é necessário...necessário. 

Quanto ao ponto final, ele representa a pausa máxima da voz. A melodia de uma frase com esse ponto indica que o tom adequado será sempre descendente. Emprega-se, principalmente, no fechamento de um período de frases declarativas e imperativas. 

Quanto às reticências, elas marcam uma suspensão da frase, devido, muitas vezes, a elementos de natureza emocional. Empregam-se como indicadores de continuidade de uma ação ou de um fato. 

Assim, frente às dúvidas, que sempre tenhamos equilíbrio entre a razão e o coração, fazendo uso adequado da pontuação, porque cabe unicamente a nós o papel de narrador-observador e/ou narrador-personagem de cada uma das nossas histórias de vida. 

Uma oportuna reflexão é a de Charles Chaplin, que diz ser o tempo o melhor autor, porque sempre encontra um final perfeito. Então...se o tempo, no limite da nossa criação, somos nós que o administramos, que não percamos o tempo.


João D'Olyveira



Foto: Arquivo Pessoal
Música/Compositor: Sonhos, de Peninha 
Voz/Violão: Caetano Veloso

HELEU e o tempo mínimo






ÀS VEZES


Às vezes, 
confundimos céu e mar.

Às vezes, 
confundimos seu e meu.

Às vezes, 
confundimos léu e lar.

Às vezes, 
confundimos eu e nós.

Às vezes, 
confundimos nosso "eu".

Às vezes, 
confundimos as vezes a revezes!



João D'Olyveira



Música : D.A.M.A - Às Vezes (Official Lyric Video)
Imagem: Skypixel | Dreamstime.com


HELEU e seu homepit




Foto: arquivo pessoal.


BASEADO EM FATOS REAIS


A semana ameaçou um início macabro. Era o primeiro dia de sete dias. Não se previa descanso, apenas labuta intensa. Estrada e pó. Pó e estrada. Estrada e estradas. Contudo, nada me contaminaria para o mal. Até que eu estava “caretasso”, assim, como dizem, nos “customes”. O diferencial igual era que meu “homepit” deveria ser outro. Isto, mais que previsão, era desejo. Joguei a mochila aos ombros e fui para a estrada. 

As mãos sinalizavam companhia gratuita por um bom tempo. “BlaBlacar” era uma boa novidade de mercado, mas a “grana estava curtésima” naquele momento. Daria somente para um "blababla", o "car" ficaria de fora. Naquela estrada, um, dois, três carros. E eu lá, sentado à beira do caminho, como nos anos 70. De repente, uma picape Chevrolet me abençoou na cortesia. Parou. Abriu-me as portas. Eu, sem titubear, entrei. Tirei, desajeitadamente, a mochila das costas e coloquei-a sobre meus pés. Levantei-a com os próprios pés, para ajeitar a carga, e relaxei.

No volante, um sujeito mal-encarado. Eu, na torcida interna, desejando que o interno do sujeito fosse bom. É fato que ele já havia sido bom pela carona, mas isso não significa excluir o "mal-encarado" desta narrativa. Ele mascava algo, sucessivas mascadas, entre olhares sinistros. Usava chapéu de aba larga, jeans e botas com espora. Uma camisa xadrez encardida cobria-lhe o tórax avantajado. Nada agradável, porém, oportuno. 

Uma única fala de entrada foi a minha: “Pode ser?” Da parte do indivíduo, um balançar de cabeça, queixo e cabeça, e nada mais. Uma concordância silenciosa. Depois, apenas o motor do carro e um ronco insistente da minha barriga, o que me incomodava e, certamente, incomodava também o sujeito "mal-encarado". Dava pra perceber a cara dele ziguezagueando com o olhar ora na minha cara ora na minha barriga. Uma dúvida pairava no ar: fome ou gases, ou os dois? Uma coisa era certa, eu precisava que os vapores saíssem por algum orifício, para me aliviar. Contudo, se calhasse pelos fundilhos, a certeza era de que as coisas não iriam cheirar bem.

Nesse longo processo, o melhor mesmo era chegar logo ao destino, mesmo sem ter um destino para chegar. Aliás, eu não acredito em destino. Sou mais crédito em "dez tinos" que em "um destino". Como sempre, questionei-me: “Destino para quê?”. 

Perigo mesmo, naquela hora, eram as valas na estrada. A cada uma, um som mais forte do meu estômago ou do meu intestino. A torcida era pra que não vazasse   pela válvula denominada “anus”, “boga”, “retentor” ou “furico”.  De fato, rolou mesmo uma competição com o motor daquela picape, que quase foi vencido pela minha boga. De repente, uma parada brusca. Ummmaaa freaaaada! 


Sem cinto, nós dois fomos arremessados para o vidro dianteiro, parando a “briza” que ambos iniciaram, visto que um “beck” havia sido aceso por ele e repassado para mim naquele momento. Eu sempre ando “sem mala”, acredito que sempre vou encontrar uma no caminho, como a que me deu a carona naquele dia. E assim foi, com um diferencial: a “chapada” não foi viagem, foi real no para-brisa!

Apaguei o “beck” e guardei a “binguinha”. O cara tinha “boca de piscina”, mas "ela" deu pro gasto. Depois de uma hora, a “binguinha” foi acesa e rolou um “fumacê” na escuridão do ventre paterno. Estávamos ali os três: eu, o cara e o carro. Parados. Um a olhar para o outro e para o infinito da estrada. O terceiro membro não quis “pegar” por nada. Os outros dois desencantaram e decidiram dormir no interior do terceiro. Uma "ménage à trois" necessária. Escureceu e começou a gelar demais. No interior da picape, alguns questionamentos tardios: “Ta de boa?” “ Tô.” “Larica?” “Tô.””Tem ‘bolovinho’?” “Não.” “Você tem cara de “panguão” pra caramba, cara!” “Você, de ‘rato da toca’!”. E começamos a rir.  Éramos todo riso. Mais “erva”, mais “beck”, mais risos, risos e risos. Dormimos rindo.

Acordamos com o sol na cara, e os dois rachando de fome. Ah, não posso me esquecer deste fato! À noite, soltei todos os gases, foi uma “critura” só: natural e intestinal. Lógico que a “marofa” ganhou dos meus gases. Na real? Naquele dia/noite, batemos o carro e a “nave”. E por ali ficamos por mais algumas horas. Não mais que de repente, outra picape pintou na estrada. Não era Chevrolet, mas o cara foi super gente boa. Auxiliou na mecânica, ofereceu água e rango. O rango aceitamos prontamente. “Larica” pura, meu irmão! 

Após os consertos, o sujeito primeiro continuou viagem. Viagem solo, quero dizer. Desentesei de continuar pela mesma direção. O sujeito do segundo episódio iria pra outra,  a que eu, dela, havia vindo. Em sendo assim, decidi voltar para o novo começo. Não raramente faço isso, ou seja, dou um novo tom para minhas idas e vindas. Na real, "descaronei" de um para "caronar"  em outro, para o mesmo lugar que agora era outro, porque era presente. E quando é presente, carece aceitá-lo, não é mesmo?


Depois da primeira vala da volta, questionamentos costumeiros de quem se apresenta por interrogação: “Ta indo para onde? ” “De volta para o fim.” “Como assim? ” “Assim, com você!”  O cara também já tava meio “batido”. Parecia um “gambé” rivalizado, mas não era. “Fogo na vela? ”, disse ele. “Fogo na vela”, concordei. E rimos gostosamente. Um novo “beck” foi aceso, e a estrada ganhou um novo rumo. Se o primeiro só seguiu viagem depois que entrei na picape do segundo, o segundo foi naquele momento em que sai da mesma picape. Que bom que esta não caiu na vala e nem no vacilo! Ufa...

Da minha parte, eu sigo viagem sempre. Não tenho direção igual a tantos direcionados que encontro e reencontro por aí. Deixo sempre acharem que sabem alguma coisa sobre mim, até aquelas que eu mesmo não sei, porque nem sempre são o que parecem ser. 

Há aqueles e aquelas, e aqueles-aquelas que filosofam, "psicaneiam" e os cambau. Acham que acharam uma resposta para o que não tem resposta. Nomeiam-me. Classificam-me. Eu? Finjo acreditar nessas análises e as deleto em trânsito. Na primeira vala, jogo fora. Fato é, que eu me direciono sempre para frente e não para os "outros". Todavia, vou no verso ou no reverso, com direito à prosa limitada, para dar tempo do pensamento anterior ser colocado em prática. Afinal, não sou o "homem de ferro" dos quadrinhos. Sou "redondo", isso sim, personagem de uma narrativa psicológica, que ocupa um espaço mental em um tempo psicológico. Nada de "chronos". 


E pra encerrar o papo, no "frigir dos meus ovos estradeiros", levo fé que direita e esquerda dependem de quem vai ou de quem vem. Contudo, se vou ou venho, decido eu. Sigo sempre fazendo “fumaça”. Quase sempre nas “chivas” alheias. Às vezes até colaboro, da forma que posso, fazendo com que ninguém se sinta solitário. Daí você vai me perguntar: “Nunca mais viu o cara da picape um? “E o cara dois?” Sei lá, devem estar “de boa” por aí, porque quem é “de boa” sempre estará “de boa”. Neste momento, eu estou em outra, cada vez “mais que de boa”, com outros e outras.  Sempre “de boa” com os bons e as boas.  Sem nenhum "bad trip"!



João D’Olyveira




Foto: Arquivo Pessoal.

Música: O Mal é o que sai da boca do homem! - Pepeu Gomes

HELEU e o depois do amor



CULPADOS OU INOCENTES?


O
VENTO

O
MOMENTO

O
SENTIMENTO

O
TORMENTO

EU, VOCÊ  E O DEPOIS DO NOSSO AMOR!


NÓS
JAMAIS 
DEVERÍAMOS 
TER
PERMITIDO 
AQUELE
VOO 
NAQUELE
VENTO

QUANTO MAIS
AQUELE 
SENTIMENTO
NAQUELE 
MOMENTO


ELE SERÁ SEMPRE O NOSSO DEPOIS...NOSSO TORMENTO!



João D'Olyveira


Imagem: Arquivo/googleimages
Música: Marisa Monte/Depois

HELEU e o acaso do porquê do acaso




D2 me disse de primeira, ao tratar da saudade, que "a procura da batida perfeita continua". Ninguém havia me apresentado Marcelo nem seus textos poéticos. Lembro-me de que descobri esse artista e suas composições em uma das minhas navegações noturnas, assim, sem compromisso. Todavia, como nunca acreditei em "acaso", porque sempre acreditei na existência divina dos casos, tenho que o tal encontro foi para me dizer, em poucas palavras e por necessidade momentânea, que o "Criador Mor", na sua perfeição, ao produzir o homem, propositalmente fez a cabeça acima do coração. Neste específico, foi somar minhas loucas deduções à de D2, ou seja, "que o sentimento não ultrapasse a razão", e confirmar o que já me era quase fato: primeiramente, ame-se; depois, ame. Simples assim, porque o simples resolve tudo. Então, como podemos ter observado, nada acontece por acaso, porque o todo da vida soma fragmentos de milagres. A quase cura dos nossos cegos olhos pode nos levar a enxergar homens-árvores. A cura, esta sim nos oferece a claridade dos homens-homens (MC 8, 22-25). Tudo na terrenidade e fora dela tem um porquê. Tudo rs

João D'Olyveira


Imagem: homem-árvore in google/images 

HELEU e a atitude




Em nosso vasto universo de ações cotidianas, tantas dúvidas frente às decisões que aguardam nossas tomadas. Às vezes, a "verdade eloquente"; outras, a "mentira do bem". Um duplo entre sinceridade e falsidade humanas. Acabamos num jogo de sentimentos que nos atormenta. Não responde, porque confunde cada vez mais. São tantos porquês injustificáveis, todavia aceitos em nome do "bom relacionamento". 

Tudo bem, mas e aí? Iniciar ou encerrar algo, um relacionamento por exemplo? Dizer a que veio e o que quer ou calar-se para não magoar alguém? Deixar um determinado ambiente ou apropriar-se dele, em nome do "falso poder" terreno ou divino? Declarar-se ou aceitar a declaração alheia? Dizer "te amo" ou "me esqueça"? Largar quase tudo para ser alguém feliz com quase nada ou ter quase tudo e não se ter harmonia no "lar doce lar", ainda que se esteja bem servido? Somar, dividir, multiplicar ou subtrair, qual a melhor conta ou o melhor resultado aritmético? Trair ou coçar? Amar ou deixar-se ser amado? Questionar ou responder...ou responder por questionamentos? Dizer que está tudo bem e seguir adiante ou refletir sobre esse "tudo bem" antes de avançar os sinais? Parar, retornar ou continuar? 

Então...ter atitude, isto sim é o que nos impulsiona à vida. Essa de anjo e demônio em equilíbrio é pura psicanálise: teoria da alma ("psique")...produção imaginária. E  sobre atitude, Lispector já nos alertou: "é uma pequena coisa que faz uma grande diferença". Sendo assim, vamos deixar de ser novelos e nos tornar um belo suéter, porque regrar o tempo é necessário. É pra pensar!


João D'Olyveira


Imagem: Estátua Abstrata Rosto Humano Pensando - CZ Arts & Statues Factory Outlets.

HELEU e a prioridade






O que eu quero e estabeleço como prioridade versus o que os outros desejam e necessitam de mim neste momento. Este pensar resulta em honestidade própria, para uso coletivo. Neste ínterim, parafraseando um poema musical de Vander Lee, sei apenas que estou relendo minha lida, minha alma, meus amores. Estou revendo minha vida, minha luta, meus valores. Estou podando meu jardim...cuidando bem de mim!



João D'Olyveira





Imagem: Homem esculpindo-se a si mesmo, do artista uruguaio Yandi Luzardo, inspirada no princípio da evolução consciente proposto pela logosofia.

HELEU e a tarde de domingo






Não posso dizer que foi apenas mais um fim de tarde de domingo. Não... Aquele final de tarde de domingo foi muito diferente de tantos outros por mim vividos ou experimentados. A diferença foi tripla: tempo, espaço e personagens. Sem me esquecer, é claro, da posição do narrador-personagem. 

No soprar de uma brisa leve, uma prazerosa memória pediu passagem. Aos poucos foi batendo uma "baita" vontade de ter você comigo. Assim, bem agarradinho, como aqueles bonequinhos da década de 80. Umbigo com umbigo no horizonte. Ah...esse nosso sempre amor amigo! 

Na tela aérea, um pincel divino alaranjou o céu, dando um tom "quase" melancólico à narrativa vivida. Todavia, nenhum desencanto. Em destaque, um velho relógio fabril me olhava fixamente. Ele, esse danado de ponteiros gigantes, registrou cada segundo do meu primeiro pensamento, assim como das minhas revelações mais internas e tão íntimas sobre nós. Cada gesto, cada movimento, cada fragmento daquela plenitude consumada.

No contexto que se consumou, nenhuma dúvida. Todos os meus desejos se tornaram seus em mim, todos. Satisfação, prazer, silêncio... E tudo foi bom pra caramba!


João D'Olyveira

Imagem: Arquivo Pessoal - Prédio da antiga CTI - Companhia Taubaté Industrial - Taubaté-SP-Brasil -Foto: João D'Olyveira

HELEU e o amor covarde



COVA QUE ARDE

Covarde 
não é quem omite o amor, 
mas aquele
que finge amar.



João D'Olyveira

                                   
                                            
Imagem:    https://images.google.com/                                                                                    

HELEU e a presença do outro em nossa vida





A presença do "outro" em nossa vida, um assunto a se pensar seriamente, porque "sozinho" nada somos. No cotidiano desta nossa vida terrena, podemos observar que algumas pessoas sempre recorrem a "outros" para as mais diversas ações. Diferentemente desses, porém, outras fogem, intimidam-se, encavernam-se. Há, ainda, aquelas que, além dessas ações de fuga, por motivos diversos, agridem a tantos outros, apresentando-se como criaturas independentes, fazendo de outros "personae non gratae". Muitas vezes, essas agressões são direcionadas a "outros" a quem elas deveriam ser eternamente agradecidas, pessoas que tanto fizeram, fazem e farão para que elas tenham uma vida mais digna. É triste quando isso ocorre...muito triste!

No universo da comunicação, deparamo-nos com expressões até consideradas simples, isto no tocante à linguagem; todavia, intensas em seus usos, nos mais diversos contextos. Como exemplo dessas expressões, temos: "Não preciso de ninguém", "Quem manda na minha vida sou eu", "Quem 'fulano' pensa que é?", entre outras. Todas elas, neste específico, referindo-se à presença do outro como infortúnio, desprazer, incômodo.

Sobre esses "usos", é importante salientar que, em nossa vida, as ações não ocorrem de forma isolada. Até porque, isoladamente, as coisas não ocorrem. Se um planta, o outro produz. Alguém fornece para outro adquirir. Um é acontecimento; o outro, notícia. Um é a paisagem; o outro, a objetiva. Em síntese: somos atores para um público-alvo. Caso contrário, haverá uma apresentação incompleta.Talvez, nem uma apresentação. É como poder afirmar que, na realidade dos fatos, não existem monólogos. No mínimo, um diálogo "poético" com o nosso "EU" mais profundo ou com um "dEUs" que acredito ou desacredito, denominando-o Criador, Energia, Presença. Algo ou Alguém a quem posso (ou não) creditar a possível eternidade.

E por ser dessa maneira, temos que somente o "ninguém" se faz sozinho, por "ninguém" esse ninguém ser. Já o "alguém" sempre precisará do "outro". Na soma, temos que ser "alguém" deve ser a nossa principal meta terrena, para justificar nossas lutas diárias para a vida...sempre em abundância. Somar, dividir, multiplicar. Subtrair diferenças, credos,preconceitos...bandeiras tantas.

Assim, que estejamos prontos para auxiliar o outro quando o outro precisar. Na mesma proporção, aceitar auxílio do outro em nossas carências. Sempre atento para esta máxima: "A oração somos nós; contudo, o nosso merecimento sempre estará nos outros". Em linhas gerais, não terá valor a oração sem caridade. Afinal, somos lavradores; os outros, campos para serem lavrados por nós. E tudo porque, entre o Deus Universo e nós, a presença do outro em nossa vida foi, é e sempre será uma necessária ponte.

Por fim, uma máxima bíblica: "Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim". Uma reflexão para todos, independentemente de como vemos esse "pai". E na ausência de uma crença, o possível entendimento de que a atração é uma ação estudada pela Ciência, pois há uma conexão entre a energia, os nossos pensamentos e o mundo da matéria que nos cerca.




João D'Olyveira


Texto de João D'Olyveirainspirado em "Ação da Prece", de "O Espírito da Verdade" - André Luiz, por Francisco Cândido Xavier. 



Imagem: https://images.google.com/

HELEU e a solidão




Sozinho, 
ouvindo "Sozinho", 
vou amando você 
em meus pensamentos. 
Às vezes, 
não nego, 
sinto "peninha" de mim; 
mas,
mesmo assim, 
cuido, 
a distância, 
de quem eu mais desejo: VOCÊ!


                                                     JOÃO D'OLYVEIRA

Imagem: https://images.google.com/

HELEU e a fé




FÉ E PÉ NA ESTRADA 

Se a dúvida o assaltar, 

se a tristeza bater à sua porta, 

se a calúnia o ferir, 

se você se sentir injustiçado, 
mesmo assim, 
erga a cabeça corajosamente e 

contemple um céu iluminado e tranquilo. 

Agora, 

se o seu céu insistir 

em se apresentar recoberto de nuvens 

não tão agradáveis, 

saiba que essas nuvens poderão passar, 

o céu voltar a se abrir, e o sol a brilhar.

Todavia, 

isso somente acontecerá 

se você  exercitar a sua fé, 

que é estabelecer um íntimo diálogo 

com o Universo Criador. 

E sem fórmulas, 

tenha-o como o seu 
melhor amigo.

Siga em frente e persista, 

pois somente assim 

as "nuvens  negativas" da sua existência 

também hão de passar, 
para o  desejado sol da felicidade voltar a brilhar.

Diga "amém" e prepare-se para receber 

suas  merecidas bênçãos. 

Tudo já está lhe sendo encaminhado 
pelo Criador.

(Adaptação livre e fragmentada de Minutos de Sabedoria, de C. T. Pastorino, p.143, por João D'Olyveira)

HELEU e o último telefonema




   
ALÔ, JONAS!

- Jonas, você está bem?
- Fique tranquilo, estou bem!
- Não é melhor você voltar pra casa? Estou aqui, esperando por você...
- Estou bem por aqui. Daqui a pouco as coisas passam, e a gente vai se encontrar. É só uma questão de tempo...
- Eu sei bem disso, mas você jamais passará, Jonas!
- O senhor também não...
- Fico feliz com esse seu carinho. Te amo de montão, ouviu?
- Ouvi, meu amigão! Te amo também!
- Se precisar estarei por aqui; mas, se preciso for, estarei por aí rs
- Tenho certeza disso!
- Cuide-se, Jonas!
- Cuide-se o senhor também! 
- Com Deus...
- Com Deus... Saudade...

Aquele telefonema foi o último de suas vidas terrenas. Jonas não havia revelado ao pai o seu real estado de saúde. A causa da morte física foi infecção generalizada, cinco dias após aquela curta conversa. No dia do telefonema, Jonas estava concluindo a terceira semana de agravamento da doença. E tudo sozinho, calado, porque assim havia desejado. Justamente naquele dia apresentou melhora, talvez para poder se despedir do pai. Coisas da vida e da morte!

Seu pai partiu no sexto dia, orando por Jonas. Talvez até soubesse da partida do filho, por esta razão o volume de oração a ele direcionado. O pai, também, não revelara ao filho que estava doente. Causa da morte: solidão! 

Não desacredito de nada neste Universo, tudo é possível até que não o seja. O relacionamento pais e filhos tem lá seus mistérios (ah, isto tem!), que somente pais e filhos compreendem (ou não!). 

E assim partiram, quase juntos, com o mesmo desejo: "Com Deus...". 

Se eles se encontraram na eternidade, não sei! Se Deus os recebeu ou ainda os receberá, também não! É difícil até pensar sobre isso. São mistérios. Na verdade, preciso até entender melhor essa coisa do "eterno". Sei apenas que, por essas razões, aqueles que se amam jamais deveriam se distanciar um do outro por tempo tão longo. 

Nesse jogo temporal, nada nem ninguém deveria impedir encontros de pessoas que se gostam. Somente elas deveriam decidir sobre seus gostos. E para ausências sentimentais não há justificativas plenas, até porque as presenças não precisam ser, obrigatoriamente, diárias. 

E outra: esperar pela eternidade demora muito e, consequentemente, causa muito dor a quem aguarda o tempo de encontro com o outro que já se foi. Isto se ocorrer, é claro!

Quer saber de uma coisa?

Quem sente saudade não deve fazê-la doer. Deve matá-la! Não é?!


João D'Olyveira



                                                        "O Filho que Eu Quero Ter"
Conhecida pela voz de Chico Buarque, a música é uma composição da famosa parceria entre Toquinho e Vinicius de Moraes, lançada em 1974. A canção surgiu da vontade do primeiro de ter um filho, ideia incentivada pelo segundo.

HELEU e a outra estação



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OUTRA ESTAÇÃO


Era uma estranha tarde de um domingo de outono. Olhava fixamente para aquela avenida deserta. Não havia motores nem transeuntes. As árvores pausavam em descanso. Até os pássaros, naquele momento, desistiram de bater as asas. Invertendo as posições, possivelmente estaria sozinho no edifício onde moro. Talvez a única janela aberta fosse a minha. Na janela, um "eu" em busca de um "nós". Entre nós, no horizonte do meu olhar, um trem de carga deu sinal de vida. A buzina do trem e o tocar do sinaleiro interromperam o silêncio que insistia em se alongar. Despertei-me e tudo voltou ao anormal: o trem, os carros, as pessoas, os tais transeuntes. Afinal, normal para mim é o silêncio, o vazio, o oco.

Não tive dúvidas. Dei as costas para a avenida, fechei a janela e carrilhei-me sobre o tapete. Não pertencia àquela realidade que estava para além da minha janela. O aquém agora era o que me importava. A minha realidade era outra, uma suprarrealidade desejada pós-evasão. Uma evasão tão necessária quanto meu oxigênio. Buscava, noutro silêncio, um tempo e um espaço somente meu e do meu eterno amor. Não estava mais em um edifício fincado em uma avenida. Não estava mais em meu quarto. Simplesmente, não mais estava. 

No ínterim, uma voz suave a me chamar. Uma brisa suave e perfumada. Um toque leve e agradável de bem-querer. Não a via, apenas a ouvia. Então, decidi por fechar os olhos, desejando ampliar meus outros sentidos, quando uma linda melodia ganhou meus ouvidos. Sem medo, entreguei-me àquele momento. Nessa entrega, senti um leve toque em minhas mãos, as quais foram conduzidas a um movimento ritmado, assim como todo o meu corpo. Tudo se fez melodia. Tudo estava ritmado. Começamos a bailar. E tudo era tão dócil, tão delicado.

Depois desse bailar, no alongar das horas que não se faziam cronológicas, um também longo e carinhoso beijo em meu rosto. Aos poucos, contudo, aquela cena foi se desfazendo. Cada soma de ingrediente que constituiu a cena foi sendo subtraída dos meus sentidos. Tudo foi esvaecendo, porém, sem lágrimas, sem arrependimento. No jogo matemático do momento, multipliquei a saudade que sempre levarei comigo. E tudo sem dor, apenas prazer; pois, aprendi que somente sente saudade de alguém, quem ainda permanecesse com esse alguém. 

Enquanto me recompunha e atinava-me em outro tempo e em outro espaço, isto porque retorno ao presente sempre será passado, desejei tê-la novamente em meus braços nos dois planos que se apresentavam. Imprescindível a mim seria poder novamente recostar minha cabeça em seu colo, tocar suas mãos, ouvir seu memorável canto e, juntos, sonharmos tantas outras vezes nossos sonhos sempre dourados. E bailarmos repetidas vezes no compasso das nossas melodias preferidas.

Eu sempre me lembrarei da sua despedida. Ela se foi dançando e cantando, como teria que ser. E hoje, com imenso prazer, divido com vocês um de meus tantos sobressaltos, os quais não mais me assustam, apenas me preparam para necessários encontros além-terras, além-mares, além-céus. Opa!  Estou a ouvir a buzina de um trem e o tocar de um sinaleiro. Isto significa que é momento de me encontrar em um cavo, um vão infinito, mais uma vez. Assim, uma vez mais, peço sua bênção, mamãe! Permaneço em ti...


João D'Olyveira





DESTAQUES DO MÊS