HELEU e o acordar do coma



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"Hoje eu vou sair
Trazer pra vista a luz
Pra eu poder escrever
O que não se traduz
Pra me fazer sentir
Pra eu me banhar de vento
Pra eu deixar escapar
O que sobra aqui dentro"

(Lucas Silveira)


Sempre busquei alguém para comigo estar e participar ativamente da  minha vida. Amigos e amores. Um ou outro; ou os dois. Para estar bem, preciso de "gente boa" do meu lado. Assim, quando não é das minhas, dispenso com classe, sem medo de me enganar. Já, quando sinto que não me será "boa", nem me socializo para as apresentações. Afinal, é sempre melhor poupar o nosso tempo, que nos é tão precioso. E esse tempo tem sido demais de honesto comigo. Ele sempre me responde a contento, sem pestanejar. Sou eu mesmo quem, às vezes, deixo o tempo passar em vão e...em vãos.

Sobre meus gostos? Gosto de conversar assuntos diversos, discutir atualidades, falar e fazer arte: teatro, música, cinema, literatura. No sentimental? Gosto de carinho, de carícias, de beijo, de sexo. Gosto até de ficar calado, "conversando" no silêncio do tempo e na acomodação do espaço, preferencialmente recostado ou deixando-me recostarem a cabeça no colo ou nas pernas. Como no tempo de criança, no "colinho da mamãe" rs 

Durmo na posição fetal. Segundo alguns estudos, essa posição revela pessoas que passam a impressão de serem duronas, mas são extremamente sensíveis. Podem ser tímidas, quando conhecem alguém, mas logo relaxam. Indica conflitos pessoais que precisam ser resolvidos com o apoio de amigos. Um "bocadinho" de insegurança também. 

Outra posição que me é bem particular é a de me agarrar no travesseiro, ação que não se distancia do já anunciado. Isto tem muito de solidão, ainda que tenha alguém ao lado e não se apresente socialmente solitário. Há quem tenha sempre alguém ao lado, porém, distantes. Uma parede se forma entre eles. Isto é cruel "para ambas as partes", diria Russomanno.


Então...mas o "problema" é que me apaixono com facilidade por aqueles que estão ao meu lado, a quem ofereço ou solicito esse aconchego. E tudo isso gera uma grande confusão em minha vida sentimental e, certamente, na vida do outro também. Uma hipérbole que atinge tensos limites: amizade e paixão. As ações tendem a construir uma linha tênue entre o ser, o estar e o não permanecer. É confuso, eu sei, mas com "jeitinho", penso eu, é possível entender o que escrevo por aqui. 

Nessa travessia em vida, tudo se perde numa enorme interrogação, que espera uma tese como resposta. Anormalmente, os olhares se cruzam mais que as palavras, a necessidade de um toque físico deixa de lado o apenas desejo da pureza e as ações subsequentes ultrapassam o prazer, que são outros limites dominados pelos próprios limites e não por antecipação. Alguma coisa sempre "rola": um beijo, um toque a mais, um silêncio gritante, excitação. Qual o resultado? Travas, afastamentos, arrependimentos, solidão. Ou longas conversas sem nexo. E pior! Sem sexo rs

Sei que afastei muitos que já estavam comigo e outros tantos que desejavam a mim se unir. Eram ações plenamente encaminhadas, que não "rolaram". Em razão desses fatos, a dúvida fez minha certeza falhar por diversas vezes: afastei-os de mim ou me afastei deles, não necessariamente nesta ordem. Os caminhos da harmonia, para essas narrativas psicológicas, quase sempre são opostos. Não nego que "bate" um arrepio. Há ranger de dentes e um frio intenso n'alma em algumas madrugadas vazias. Dependendo da extensão dos sintomas, ultrapassam as madrugadas, invadindo dias, ganhando novas noites. E já foram tantas noites assim!

Hoje não tenho dúvidas,  os meus excessos são meus vícios mais incômodos, porque geram demasiados questionamentos e, consequentemente, imediatismo nas respostas que não se concretizam, porque não têm por que se concretizarem. E esse imediatismo do querer uma resposta me faz perder o sabor das possibilidades que compõem o texto-resposta. O miolo do pão, entende? Sei disto, trato-me disto. Já fui até ao Psiquiatra rs Tento vencer e me vencer. Tudo está ocorrendo paulatinamente.

Esse questionar excessivo causa distanciamentos que se acumulam, fazendo com que entrem em cena os antinaturais receios, que me freiam, gerando dúvidas de permanência e ditando sucessivamente a não permanência. Os rompimentos se mostram em talhos, que fazem doer qualquer atalho de aproximação. Eles, os rompimentos, tornam-se fatos cotidianos. Assim, o próprio fim perde uma oportunidade de ser feliz, porque não fecha os ciclos, não seca as lágrimas, não estanca o sangue, não cicatriza as feridas.

Normalmente afasto a felicidade antes de questioná-la e dela obter resposta, ciente de que estava feliz naquele momento. Refiro-me ao questionamento interno, que caminha lento e natural, como em outro ser humano, que, neste caso, chamaria de normal ou menos anormal. Por acreditar em um "não", acabo por encerrar antes de começar a ação que poderia dar certo, aquela denominada promissora. Tem sido assim há muito tempo. As carochinhas eram minha máquina do tempo na infância hehehehehe

Retomando o fato que gerou essa conversa, ultimamente tenho lido algumas coisas interessantes sobre esse descontrole, que é chamado de "ansiedade" ou, perigosamente, "posse por antecipação". Também, tenho assistido a alguns filmes e a algumas séries que me têm remetido profundamente aos meus "problemas" e às minhas "carências humanas" e, talvez,  a de tantos outros por aí.

Ainda que esteja a ouvir falar de guerras, atentados e o "escambau" (caralho, pros íntimos rs), neste instante, são as minhas "guerrilhas" que precisam de solução. Minha "Mariana" também anda lamacenta. Sem egoísmo, mas, antes, preciso cuidar de mim. Estou com uma sede de amor que você não a imagina. Quero alguém ao meu lado já! Pura campanha, né? E assim é kkkkkkkkkkkkkkkkkkk

Os livros, os filmes, as séries têm me ajudado muito. Tanto que já estou a decidir sem tantos medos. Recentemente ousei até olhar para alguém de uma forma que nunca havia olhado, ou seja, um olhar na medida da possibilidade e não do sonho isolado da realidade de vida. Sem "frescuras de educação". Olhei com gosto de olhar. E não é que fui correspondido? Uau!

Não sou adepto a festas, mas aceitei um convite. Estava lá nessa festa, entre "poucos" amigos, quando "esse olhar" aconteceu. A correspondência foi imediata, assim como o tremular das pernas e da mão que segurava uma taça. Ficamos a nos olhar e, no broto do sorriso maroto, um gole atravessado de vinho tinto, que se tornou seco de prazer em razão da peripécia ocular, como agem os meninos levados. 

Tudo bem...mas eu queria mesmo era ter sido mais ousado e menos apressado. É isto, mais ousadia clássica, o que me falta para essas conquistas. Tem hora que fico de "saco cheio", cansado de ser ator a todo tempo. Tanto, que representar é uma dádiva que estou dispensando neste momento da vida. Estou, também, a doar meu DRT de imediato, para apagar todos os meus contos dessa fada...safada.

Dessas novas aprendizagens, nesta fase que me tem requerido mais atenção, o destaque vai para a majestosa percepção presente naquele "olhar". Acredito até  que já a possuía, contudo não a utilizava devidamente. No decorrer da minha narrativa de vida tem dado até muito certo, falta agora tabelar e chegar ao porquê. Uma questão-problema seria: "Será em razão das diferenças humanas e/ou sexuais humanas?" O que será, que será? Isto eu ainda não sei...mas saberei!

Uma possível resposta está em saber olhar-se e saber olhar as coisas ao redor, sem meandros. É isto que me tem dado inspiração para uma parceria tão desejada, visto não desejar permanecer tão só como estou me sentindo ultimamente. Tornei-me uma autovítima de uma solidão proposital e planejada para uma época, que não deveria ter ultrapassado tantas outras, como está a acontecer sem dó nem piedade. Eu mesmo me acuso e me repreendo. Afinal, sou o próprio carrasco das minhas falhas, enforcando-me nas próprias cordas do meu coração. E já são duas "cordinhas" necrosadas rs 

Não nego que ainda estou sonolento nisso tudo, mas estou a acordar em doses curtidas em barris de carvalho. Já até memorizei minha primeira lição anônima: "Quem olha para fora, sonha; quem olha para dentro, acorda". Lógico que não estou deixando de sonhar, mas acordando para a vida, enquanto esta ainda insiste em permanecer em mim, mesmo depois de cinco infartos rs

Uma coisa é certa: sinto-me deixando muitas coisas para trás. Um recomeço me acalora todas as manhãs e me segue nos dias que se sucedem. Sigo adiante. E tudo porque estou ciente de que preciso morrer para renascer um outro alguém com outro alguém. Estou, também, a eliminar velhos ditados, como: "antes só do que mal acompanhado", "solteiro sim, sozinho nunca". 

Na real, sem medo de errar no pedido a São Jerônimo (o orixá Xangô, na Umbanda), na escola do amor, quero ser mais aluno que professor. Ah, isto eu quero mesmo, e é pra já! 


João D'Olyveira


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Agradecimentos Heleunísticos
João D'Olyveira

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