HELEU e a metamorfose amorosa




Metamorfose significa mudança. É a transformação de um ser em outro. De uma forma em outra. O foco da vez é a possível metamorfose no relacionamento amoroso. Na balança, o "relacionamento positivo" e o "negativo". Para simplificar as coisas, tenhamos como exemplo os nossos próprios acertos e as nossas próprias frustrações. Dizem que amores e paixões são coisas de "gente grande", não é? Por ser assim e para refletirmos juntos, que cada um de nós tenha em mente os amores conquistados ou os amores perdidos, independentemente do tempo cronológico ou psicológico por nós sustentado para esse "rala e rola". Neste consenso, chegamos aos gostos e aos desgostos, sentimentos que, respectivamente, podem nos elevar ou nos destruir, cada qual com sua sina. Sejam risos ou lágrimas. Brindes ou porres.

E é sobre o "desgosto sentimental" que desejo discorrer agora, o qual ocorre em razão da não correspondência por parte de um "outro" que invadiu nossa vida ou foi atraído por nós para dividi-la, com prejuízos. Não nos cabe aqui, todavia, discutirmos se esse "outro" nos enganou ou não. Como também não importa, neste momento, se nos deixamos ser enganados. O que nos importa, agora, é saber que podemos tirar muito proveito dessas "partidas", porque elas podem nos levar a reflexões significativas para o nosso crescimento como ser humano. Afinal, os rompimentos (ou as não correspondências) nos oferecem a oportunidade de também rompermos com uma nossa versão desgastada e repetitiva de amante. Aquela insistente versão presente em todas as nossas "apaixonites agudas", as quais nos dominam e nos fazem mal. Algo que não tem imunidade nem vacina. 

Quantas não foram as vezes que repetimos a mesma história amorosa? Quanto não oferecemos (e nos oferecemos) àquele que chegou? Quanto tempo levamos para perceber a "não correspondência"? E tudo devido à nossa excessiva dedicação ao "outro" e ao consequente esquecimento de nós mesmos. Somos sim, nesses casos, "babacas" sentimentais, porque é sabido que dar sem receber sempre levará à falência individual. Isto é fato em qualquer circunstância. É dito, provado e registrado em cartório.

Nesse contexto, que possamos tirar proveito desses momentos negativos. Somar pontos positivos e ter em mente que lágrimas devem lavar a alma, jamais a inundar. Também, que para as depressões pontes devem ser construídas. Na soma das ações, que consigamos localizar chegadas nas partidas e parar de competir em vão. No bojo, é preciso vencer os nossos inimigos interiores. Sentindo-nos bem, faremos bem a outros que se aproximam. E dentre esses "outros", um daqueles que ainda virão ou um daqueles que sempre estiveram perto de nós, sem nunca o termos notado, visto que perdíamos tempo com a versão negativa do nosso sentimento. Agora...quanto ao "outro" que se foi, "boa sorte" pra ele. E que venha a nós a nossa nova versão!

                                                                                                                                      João D'Olyveira


HELEU e o olhar




Estava à mesa da sala de espera,
olhar fixo no corredor,
literalmente à espera de alguém.
Todavia, nada exigia do tempo,
nada exigia de mim,
nada exigia de ninguém.

De repente um passante,
com uma olhadela curiosa,
seguida de um breve e gratificante sorriso.
Aquilo foi um toque n'alma,
um sacode e acalma sem juízo,
porque uma doce candura fez brotar em mim.

Não hesitei,
e no seco nó da saliva moleca,
correspondi à altura da minha loucura momentânea.
Lancei uma piscadela mansa,
um sorriso de lábios inteiros,
como um menino matreiro,
e fui aos poucos resgatando minha brisa jovial.
Naquele taciturno momento,
tudo se tornou um encanto n'outro canto,
uma elipse terna e eterna,
uma janela indiscreta e sentimental.

E assim foi por longos minutos,
ação repetida a cada nova passadela daquele transeunte naquele corredor.
Determinava-se o tempo que aquele algo desejou e desejava,
frente ao tempo que este algo desejava e desejou.
Até que a espera findou,
o corredor se apagou,
minha memória reacendeu .

E frente àquele olhar fascinante,
diferentemente de todos que até então havia recebido,
dei um passo sobre o pretérito  tão imperfeito e sofrido,
e agarrei-me às crinas daquele presente vivo e sensualmente atrevido.
Afinal, sabia que era um mérito por tantos sentimentos jogados ao vento,
que ao relento me foram meros e amargos erros d'alvo.

Era o que precisava para completar minha noite...oportuno!


                                                                João D'Olyveira

HELEU e a lágrima comum





Um mestre do verso,
de olhar destemido,
disse-me uma vez,
com certa ironia:
"Se lágrima fosse de pedra, eu choraria".

Eu,
como sempre perdido,
choro a lágrima comum
que todos choram.

Embora não tenha,
nessas horas,
saudade do passado,
nem remorso ou mágoas menores,
há um rio de murmúrios da memória de meus olhos.

Quando aflora,
serve,
antes de tudo,
para aliviar o peso das palavras,
porque ninguém é de pedra...


Adaptação livre, por João D'Olyveira,
da introdução original de "Bebadosamba", de Paulinho da Viola




HELEU e a família








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F A M Í L I A 

No atual contexto social, o conceito de família ganhou novos contornos, a partir dos acontecimentos e dos interesses coletivos. Todavia, complexidades à parte, continua sendo um grupo que influencia e é influenciado durante gerações.   

Independentemente da sociedade, cada membro ocupa determinada posição ou possui determinado estatuto. Tolstoi, por exemplo, comenta que a verdadeira felicidade está na própria casa, entre as alegrias da família. 

Nesse contexto, é possível argumentar que não há nada como ter um lar e saber que os melhores amigos estão em sua casa, esperando por você. Um aparte, porém, é compreender o sentido dado à palavra "família" e o sentido dado a palavra "parente". 

Compreendidos esses sentidos, nossas ações ganharão novos rumos...e bons rumos. E...no específico à família, que possamos preservá-la, constituí-la ou adotá-la na fé, na paz, na caridade do amor!

João D'Olyveira


HELEU e o novo tempo






Saudade de você...neste tempo!

Tempo é duração de fatos,
determinador de momentos,
períodos,
épocas,
anos,
meses,
semanas,
dias,
horas.

Pelos séculos e séculos...amém!

Tempo,
Tempo,
Tempo,
Tempo...

Tempo para pensar,
tempo para decidir,
tempo para agir.

Tempo para re-pensar,
tempo para re-decidir,
tempo para re-agir.

Tempo, 
tempo, 
tempo,
 tempo...

Não vejo você faz tanto tempo...tô com saudade!

                                                João D'Olyveira


HELEU e o saber humano-cotidiano




Arquivo Pessoal


O saber humano-cotidiano obtido através da fé, do amor, da caridade...esse sim me servirá para o plano evolutivo que se aproxima. O resto? Que reste por aqui e não mais me acompanhe! 

Nesse contexto, sigo meu caminho, que é cada manhã. Todavia, não queira saber onde estou. Afinal, o meu (e o seu) destino não é de ninguém, e não deixemos nossos passos no chão.

Se você não entende, não vê. Se não me vê, não entende. Então...não procure saber onde estou, se o interessante mesmo é este meu jeito que te surpreende. E se quiser me deixar feliz, também me surpreenda com as coisas d'alma. Vou curtir p'ra caramba! 


 João D'Olyveira


Adaptação livre da Letra de Música "Primeiros Erros", de  Kiko Zambianchi.







HELEU e a próxima parada



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"Ame o seu próximo como a si mesmo."


(Mateus 22:37-39)


Quando se ama de verdade, o acreditar no outro é consequência humana. Além das conhecidas hipérboles românticas que permeiam nossos relacionamentos amorosos, temos o carinho transvestido fraternal, que estabelece parceria com esses relacionamentos. Quando a confiança, como hipérbole necessária àqueles que se relacionam, tempera papos e ações com um tom familiar, sem rever extensões e intensões, tudo se estende e, consequentemente, se esvai quase na mesma proporção. O ato de amar, então, torna-se é um ato de entrega, quase que às cegas, porque produz confiabilidade extrema (outra hipérbole). Se é um erro, pode também ser um acerto que vivenciamos para esse tal amor ganhar terreno e se tornar concreto, ainda que seja, em sua plenitude lúdica, um sentimento abstrato. 

O cruel de um relacionamento amoroso, porém, jamais será a negativa do sentimento, com frases do tipo "não te amo mais", "é melhor a gente dar um tempo", não. O cruel é a mentira praticada em ações cotidianas, muitas vezes descaradas, porque teatrais sem ensaios e direção. Apenas falsas e nada mais. Uma farsa se assim desejar. A cada novo encontro uma mentira. e dentre essas mentiras o sentir e não assumir a "vergonha" de estar com o outro. Fotos e lugares públicos, por exemplo, são registro a serem descartados. Outra é ouvir negativas sobre um parceiro, advindas de "n" direções" (geralmente de 'amigos' em comum) e não defendê-lo, e ainda promover "risinhos" marotos, em descomprometimento pleno. Um afirmar social de que "não é", "não age" e "nem pensa" como esse parceiro. Idiota. "Estava comigo ontem". "Pediu minha opinião". "Conversamos por horas a fio, regados a líquido e a sólido saborosos e de muito seriedade". "Chegamos até a nos abraçar, como se aquele abraço selasse, mais uma vez, nosso relacionamento de fidelidade". Noutras vezes, "tim-tim" com taças de vinho ou jarras de cerveja. "Quanta tirana ironia!"

E para magoar ainda mais, ser preconceituoso sob o próprio preconceito. E isto é pior do que não querer aceitar estar presente no outro. É fingir que tudo está bem. Temperam-se fatos e nunca os correspondem ao que diz acreditar e até defender. São frases do tipo "não tenho nada contra" ou "por mim, tudo bem". Uma ridícula atitude frasal que, quando tomada, posiciona-se totalmente contra, porque quem realmente não é contra a algo está junto a esse algo e não nas suas esquivas e explicações sobre os fatos. Amigos e amores não são sorrateiros para as ações e não mudam curso nem percurso. Amigo rema na mesma direção. E quando faltam remos, usam os braços.

E para arrasar de vez, esses artistas que invadem nossas cenas tendem a estar conosco apenas para manifestar piedade. E nesse tipo de oração piedosa, solicitam proteção, conhecimento e até  doação. O tom de voz muda. Os toques em nossos corpos mudam. Há uma "quase entrega", que se apresenta como sedução dos absurdos  e "abmudos". Quase nada se fala e tudo se diz. E quando pegam em nossas carências, estamos danados. Que pena! O real em tudo isso é que, quando se ama de verdade, perdoa-se até tudo isso, ignora-se cada ação da ignorância que se foi vítima e toca-se o barco à frente. Todavia, quando retomamos o comando, a direção é outra. Por favor e em tempo, em algum momento temos que nos apresentar como comandante, não é?  Afinal, há tempo para apreender e tempo para administrar as aprendizagens adquiridas.

A bússola própria, lembra-se dela? Mente, coração e porta aberta. Só que desta vez em dupla ação: voltar ou partir para nunca mais voltar, ou  enganar o outro, para não se enganar, principalmente por aquele que ama saber que você o ama, o que não é tarefa fácil. A cada discurso, uma revelação. A cada novo convite, um distanciamento aplumado, com direito a justificativas ("não gosto disso", "não gosto daquilo", "isso eu não faço mais"). A cada ausência ou distanciamento paulatino, uma presença assinada de que há prioridades, e de que "você" não está dentre elas. Uma maneira carinhosa de dizer: "Descanse em paz!". No entanto, um reforço entre sorrisos e toques sedutores, como a declarar: "Lembre-se de mim no inventário!"

Na expressão popular, diriam que essas reservas de fala seriam apenas jogos de interesse. E como bons "jogadores, eles não se afastam de vez, porque ainda acreditam nas possibilidades de lucro: móvel, imóvel, capital, social, intelectual. De resto, o sentimento é tão minguado que não alimentará mais o feto que estava por vir, Vale a reflexão de que relacionamentos (até entre os amigáveis) geram fetos, que geram afetos. Afetos que para se desenvolverem precisam de alimentos brotados da alma e não do corpo ou do bolso que cobre o corpo. Em sendo assim, que sejamos felizes sempre, para amar o próximo como amamos esse ex-próximo, que a cada dia se distancia com uma "historinha pra boi dormir" (somos os bois nesses casos).

Estamos cada vez mais maduros, mas o "galho" da árvore da vida ainda insiste em produzir flores a cada primavera. Assim,  vamos caminhando. E alguém nos azucrinando e nos entortando a cabeça. Vai nos botando na boca um gosto amargo de fel. Depois vem chorando desculpas. Pedindo, quando está querendo ganhar de nós um bocado de mel. Contudo, a aprendizagem vai também  se concretizando em nós. E nos vem a lembrança de que todo professor será sempre um eterno aluno. E que um fato não são dois fatos, quando  nosso lado carente diz que sim, e a vida da gente grita que não.

                                                       Ah, essa porta entreaberta...

                                                          Que venha o próximo!


                                                                                                     João D'Olyveira

HELEU e o equilíbrio (ou desequilíbrio) sentimental





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Sinto muito; logo, penso demais!



Enquanto os dias passam devagar ou depressa, nossos incômodos insistem em sobreviver sob luzes diferentes, fazendo com que nos tornemos impotentes para uma série de decisões, incluindo nesse emaranhado de tudo e mais um pouco as "coisas do coração". O que nos parecia resolvido volta à tona sem pedir licença. O denominado simples torna-se agora um ser deveras complicado. As respostas ofertadas, então vistas por nós como eloquentes, apresentam-se como itens quase indecifráveis, exigindo de nós outras respostas, que se tornarão novas questões, e assim sucessivamente. É uma "bola de neve" lançada na lama do pântano dos monstros que nós mesmos criamos. É como se tudo ressuscitasse das cinzas. Um "draculizar-se" em meio a zumbis que nos apavoram, criaturas que vão nos devorando pouco a pouco.


Nesses momentos, se buscarmos a fundo o porquê desse ressuscitar, é possível que possamos encontrar uma "brasinha encapetada", aquela que não se apagou, insistindo em sobreviver do nosso constante sopro humano, o qual ofertamos a "outro", sem querer e até sem perceber. Isto a cada lembrança, a cada imagem desenhada, a cada trago dos nossos estragos orgânicos. Uma espécie de remorso corrosivo que criamos em nossa alma. Um cancro que vai destruindo nossa tão prazerosa "colcha de retalhos". 

Em comparativo livre, podemos dizer que, como normalmente as dores físicas indicam transtornos físicos, os incômodos indicam "dores sentimentais". E todo tipo de dor, seja ela física ou sentimental, carece de merecidos cuidados. No específico, a aprendizagem é que as nossas "dores sentimentais" (ou nossos "incômodos") devem ser tratadas com percepções elevadas, exigindo de nós fórmulas para além da química terrestre. E como há casos e casos, cada qual deverá ser analisado diferentemente. Querer resolver essas questões a partir de uma única fórmula é  mergulhar em águas profundas, sem saber nadar.

Assim, durante esses "incômodos", que possamos iluminar a nossa própria consciência e ampliar nossa visão de mundo. Ouvir o outro e ouvir-se pode (e deve) ser percepção superior necessária. Talvez uma das mais significativas. Um cuidado, porém, é não querer se apresentar sempre como o "filho pródigo" das narrativas, porque essa personagem indica duplo sentido: experiência adquirida ou falta de objetividade. Ela pode ser interpretada, por quem assim desejar, como ausência de determinação e foco. Temos, então, que o "ir" e o "vir" são direitos adquiridos. Já o "saber ir" e o "saber vir" são aprendizagens.

Por essa razão, que os nossos movimentos de "ir e vir" e as nossas pertinentes decisões de "voltar ou não voltar" não sejam ações e reações incômodas, somente busca de solução. O importante mesmo é movimentar o coletivo do nosso ser, porque viver é e sempre será um eterno movimento, seja este progressivo (velocidade positiva), retrógrado (velocidade negativa), acelerado (aumento da velocidade) ou retardado ( diminuição da velocidade).

No dizer do Macaco Simão: "Quem fica parado é poste.". Sendo assim, o importante disso tudo é que os nossos movimentos estejam sempre em equilíbrio com a nossa bússola interna: mente, coração e porta aberta...caso queiramos voltar!


                                                                              João D'Olyveira 



HELEU e a mágoa





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SOBRE MÁGOAS E VAGAS


Aos que me magoaram, muito obrigado. Abriram vagas em minha mente e em meu coração, para que outros muito mais seletos as ocupem. Se um dia eu magoar você, faça o mesmo. As atitudes humanas carecem de equilíbrio. 

                                                                                                                 João D'Olyveira

                                                                                                                                               
                                                                                    http://pensador.uol.com.br/colecao/joaodolyveira/

Heleu e o poder da saudade




Heleu, Marcelo D2, a Saudade e o Poder...


D2 me disse de primeira, ao tratar da saudade, que "a procura da batida perfeita continua". Ninguém havia me apresentado Marcelo nem seus textos poéticos. Descobri esse artista e suas composições em uma das minhas navegações noturnas, assim, sem compromisso. Todavia, como nunca acreditei em "acaso", porque sempre acreditei na existência divina dos casos, tenho que o tal encontro foi para me dizer, em poucas palavras e por necessidade momentânea, que o "Criador Mor", na sua perfeição, ao produzir o homem, propositalmente fez a cabeça acima do coração. Neste específico, foi somar minhas loucas deduções a de D2, ou seja, "que o sentimento não ultrapasse a razão" e confirmar o que já me era quase fato: primeiramente, ame-se; depois, ame. Simples assim, porque o simples resolve tudo! rs

É...a saudade hoje se praticou diferentemente. Não me devorou, não me intimidou. Tudo bem que ela grudou como chiclete. Não nego que foi "broca", castigo mesmo; porém, não me venceu como d'outras vezes. Posso até dizer que senti dor de verdade, porque foi profundo para somente depois voltar pro raso. Ah...como a saudade é má. É "cruela"! 

Contudo, depois das gotas escorridas pelo rosto, consegui sorrir novamente. E mais uma vez mostrei meus dentes, sorridente. Isto porque a serpente tentadora e venenosa não me orquestrou com sua varinha de condão. Hoje foi meu terceiro teste. Passei por ele. Estou firme. Estou rocha...pra outras apostas. E que venham! 

Desta vez doeu, mas não me venceu. É que estou cada dia mais me descobrindo mais forte. "Eu tenho poder. Posso mudar porque eu tenho poder [...] Se eu quero, eu posso porque eu tenho o poder." Tanto, que já estou noutra. "Às vezes, até acho que sou dono do mundo. Talvez  eu seja, talvez eu seja..." do meu! Simbora...


                                                          João D'Olyveira



HELEU e a alma




TOQUE 

A ALMA 

COM CALMA

TOQUE

TOC, TOC, TOC...



                                                                     João D'Olyveira

HELEU e a imprópria indecisão







Arquivo Pessoal

Por não entender suas idas e voltas,
essa sua indecisão,
simplesmente me ponho a escutar minha mente e meu coração.
A cada novo calo em meu falo,
nada falo pra não te sufocar.

Suas ligações não mais as atendo,
porque não mais as entendo,
não mais as compreendo,
não mais as interpreto,
não mais as consigo analisar.

Suas mensagens eletrônicas eu as apago,
cancelo os seus perfis nas redes sociais.
Em nossos mínimos contatos,
hoje quase sem tatos,
invento histórias,
tentando ganhar tempo pros comerciais.

No dia a dia leio, escrevo, desenho, toco e pinto;
componho muito ou nada  a cada arte produzida.
Na velha cadeira de balanço,
quase em loucura induzida,
descanso um corpo plenamente abduzido.

Levo comigo somente uma certeza:

nada de você me apavora.
Afinal você não tem hora, 
é meu agora e a hora que chegar.
É minha vasta memória,
uma gratificante história,
 que não inventei,
 pra ninguém contar.

Todavia,
por todas as minhas artérias e veias,
essas sanguíneas vias, 
quando estou quase curado das feridas,
desejando roupa limpa e nova vida,
colocar a casa em ordem na minha desordem,
botar no rosto um sorriso falso pra enganar e me enganar,
eis que você retorna ao lar doce lar.

Expiro, inspiro-me e suspiro,
enquanto você aos poucos novamente me entorna,
retorna, retoma, toma e torna a me indagar.
Daí  não tem mesmo jeito,
perco-me no sacrifício do silêncio,
porque você é um vício que não consigo largar.

Depois da entrega garrida,
no somar das horas escorridas,
ao seu lado ou do seu lado apaixonado,
apenas busco a felicidade cedida em andares ímpares,
jamais a perfeição dos pares carteados.

Depois do depois,

ouvindo no pen drive uma velha canção,
tento entender suas idas e voltas,
essa sua indecisão.
Num dia sou seu grande amor;
no outro, não!

                                                 João D’Olyveira


Inspirado na letra e música "Eu não entendo", Nenhum de Nós. 




Heleu e o olhar cafeinado



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Hoje de manhã, tomando um café com meu irmão, comentei sobre uma reflexão que tenho amadurecido muito nesses últimos dias: "Arrependo-me muito mais das palavras pronunciadas que do silêncio". E entre um gole e outro de um "extra forte", afirmei: "Das palavras ditas eu até posso me arrepender; do meu silêncio, jamais". No tempo exato desta hipérbole frasal, ele apenas me olhou fixamente, até que decidiu também pelas palavras pronunciadas. Como sempre, em baixo e bom tom: "Fale mais com o olhar, meu irmão", disse ele.

Naquele momento, um sorriso maroto brotou no canto esquerdo dos meus lábios. Pensei sobre o dito e comunguei com meu irmão aquela afirmativa. Sequenciei o prazeroso bate-papo com a seguinte reflexão: "É, meu irmão, tenho feito isso. Os meus olhares têm sido textos proporcionais a cada assunto e até específico a cada ouvinte". Ele me disse algo por meio de um sorriso, que no momento não entendi. Sei apenas que ele não aceitou minha explanação travestida de justificativa. Joguei olhares laterais, percebidos por ele, e elogiamos o café. Típica fuga de conteúdo.

Acontece que não entendo mesmo o "não retorno" para meus olhares, falta-me propriedade para analisar as possíveis falhas de percurso. O prazeroso, todavia, foi ter encontrado respostas que há muito procurava. Meu irmão me olhou surpreso, como a me ensinar esse "jogo de íris". Absorto, continuei minha exposição verbal: "Eu tento falar com olhares..." Ele levantou brandamente o indicador direito, como a licenciar a sequência do papo e, em tom afirmativo, disse que era preciso acertar o alvo dos olhares. "Putz! Devo ter errado muitos alvos, sou estrábico!", disse. Não bastasse, "muitos dos seus desejados ouvintes também podem ser míopes", complementou ele.

Entre risos sonoros, aquele "momento café" encerrou por ali. Sem o som das nossas falas, porque apenas nossos olhares se falaram entre risos, cada olhar com a sua síndrome. No coletivo, os lábios cerrados se elevaram e formaram um sorriso "selfie". De duas coisas agora tenho certeza: se em "boca calada não entra mosca", em olhares residem cobras, lagartos, dragões...ou flores. Afinal, cada um tem o olhar que a própria alma emana. Quanto às palavras, elas apenas representam sintomas da ação desejada. Os gestos as precedem. Então, olhares são textos!


João D'Olyveira  

HELEU e a saudade, a distância, a ausência, a solidão



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Hoje refleti sobre “saudade, distância, ausência e solidão”, até onde essas palavras são sinônimas ou correspondem a ações completamente diferentes em relação à amizade e ao amor. Para John Dryden, por exemplo, “O amor calcula as horas por meses, e os dias por anos: e cada pequena ausência é uma eternidade”. Já segundo François La Rochefoucauld, a “distância é como os ventos: apaga as velas e acende as grandes fogueiras”. Para Thomas Merton, a “distância mais longa é aquela entre a cabeça e o coração”. 

Nesse emaranhado linguístico, sei que estou sentindo saudade em razão da distância e, consequentemente, da ausência da pessoa amada, o que me conflita entre ausência e solidão. Tento ignorar, dizer que "vai passar", mas não passa, porque não ignoro. Nesse processo de busca, minha cabeça rala e rola, machucando meu coração triplamente infartado. 

Então, lembro-me de Neruda, para quem "a saudade é solidão acompanhada. É quando o amor ainda não foi embora, mas o amado já". Completo-me confusamente com Sêneca, ao me lembrar de um dito pertencente a ele: "Sentir solidão não é estar só, é estar vazio". Entre encontros e desencontros, somente uma afirmação me parece racional neste momento, aquela que eu mesmo produzi: hoje a saudade bateu tanto, que não tive outra alternativa a não ser apanhar. 


O que me creditou, porém, foi a expressão de Fábio de Melo, ao “mensagiar” que, se pela força da distância nos ausentamos. Pela força que há na saudade voltaremos. Afinal, somente eu sei sobre a extensão dos meus desejos mais íntimos e o quanto eles são verdadeiros. Por esta razão, fiz contatos, para possíveis tatos. O silêncio, todavia, foi resposta derradeira. 

No apagar da tela, exaustos, os toques celulares esgotaram-se, passaram pelo outro e por mim. Entendi, no paralelo, que o agora sentido também iria passar, como tantos outros passaram. "Quintaneando", poeticamente contra, direi a quem me perguntar: "Eles passarão, eu passarinho". 


João D'Olyveira

HELEU e a mãe de leite


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O tempo me presenteou com um ser humano para além dos falsos amores urbanos. Abençoou-me com uma santinha por quem muito já orei, minha querida "mãe de leite". Negra que me ofertou leite branco, o qual me energizou e me cadastrou branco e negro neste mundo: fruto de uma negritude terna e eterna, porque verdadeiramente materna. À minha "mãe de leite" solicito proteção terrena, porque estou circundado por ilhas habitáveis e por humanos que me querem apenas coronel, a quem aproveito e peço para saírem da aba do meu chapéu. E por ser assim, melhor que se antecipem os "drinks" para o período vespertino, como no tradicional "chá das cinco". À noite, desejo mesmo a dignidade do álcool, que queima prazerosamente os nossos pecados. Desses "abeiros de plantão", livrai-me, o Mãe Querida! 

Quanto à minha " santa mãe de leite", um reencontro agradabilíssimo, que ativou meu arquivo familiar. Papai partiu na minha infância, nem sei se já reencarnou. Mamãe partiu há quase dez anos, trabalha em uma falange do amor, em outro espaço espiritual, mais perto do céu. Os outros e outros e outros, "abeiros" ou não, todos eles partem comigo cotidianamente. Afinal, cada dia sempre sempre será um dia a menos por aqui. Uns partem com autorização do Criador; outros forçam suas partidas, com êxtase ou sem êxtase, com fumaça ou pó, ou com maquinário específico, comprimido e sem ar. E há aqueles que partem em vida, porque apenas "vampirizam" relações. Não se modernizam assaltando bancos de sangue, sugam energias. Sei que esses podem ganhar mil vidas...dos outros.  

E nessa minha vida que se fez coletiva, minha "mãe de leite" também me ofereceu a oportunidade de amar. Ah, esses amores, que nos enlaçam nas tormentas das paixões! O fato me remete à seguinte dúvida: onde termina a tal paixão e começa o tal amor que tanto nos importunam? Na tenuidade deste questionamento, o que mais me interessa agora, contudo, é saber que minha outra "mãezinha" está "vivinha da silva". Encontrá-la, quando a achava também já partida e "falangeando" por aí, foi o meu melhor presente neste presente.  E por assim ser, tratarei de estar com ela o mais imediato possível. Nas graças de NSJC, abençoe-me, "mãezinha", e me proteja daqueles que enganam por meio de atos, palavras e omissões!


                                                                             João D'Olyveira

HELEU e o desconhecido


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O nosso encontro foi maravilhoso. Tudo na medida desmedida do prazer. Estava mesmo precisando daquele toque, daqueles abraços, daqueles beijos. Estava carente do sexo que insistiu em rolar mais de uma vez entre nós. Então...mas...quem é você? Quem é você que agora entra em todos os sonhos meus? Que invade os meus desejos, como se fossem seus? Que entra em mim desse jeito, sem se importar se ao menos eu lhe dou esse direito? Que me confunde quando me possui? Que, no seu corpo, me transporta para lugares onde eu nunca estive? Que me transforma quando toca em mim? Que conseguiu me dominar assim? Que se apossou dos meus sentidos? E os meus defeitos mais antigos tirou-os de mim sem eu sentir? Que me amou sem que eu pedisse, fazendo até com que eu te amasse, sem nem saber quem era você. Quem é você? 


João D'Olyveira


Adaptação livre da letra de música "Quem é você?", de Cury Heluy (http://youtu.be/szPi9tzemJQ).

 O acréscimo é a mais impura realidade rs

HELEU e o cavaleiro solitário



Babilônia: II Terzo Paradiso, de Ismael Ivo - SESC-SP - 2014

Tal qual um cavaleiro solitário, "gonzagueando", atravessei a rua. Atravessei a vida. Acreditei que era perto, e fui lá ver. Caminhei com a minha estrela e com a fé no vaticínio das visões, inventando o próprio tempo e as próprias estações. Atrai as reações mais loucas. Enfrentei mil trovões em um encontro de titãs. Hoje eu só quero o sorriso liso, belo e preciso da loucura ocidental. Perdão, minha amada. Pessoas diferentes são irmãs. Companheiros são iguais. Iguais e diferentes. Porém, eu nunca voltarei, porque a vida não tem replay. Há muito eu sei...

                                                       João D'Olyveira



 Adaptação livre da composição "Cavaleiro Solitário", de Gonzaguinha.


http://youtu.be/wBwsHtJKrdE

HELEU e o vapor






VAPOR

No vapor do box,
um coração traçado a dedo.
No vapor do coração,
uma boa lembrança.
Na arte a vapor,
um dedo de crédito.
Um gosto terno e eterno de uma ilusão,
o lúdico que insisto em sentir,
no qual aposto ser...você!

João D'Olyveira

HELEU e a vontade de acertar


Google images/


SER PRECISO!


O protagonista desta narrativa amadureceu sem sementes, mesmo tendo desejado novo plantio. Assim, solicita licença para fazer uso de alguns versos de Gonzaguinha: "chega de tentar, dissimular, de disfarçar e esconder o que não dá mais pra ocultar". Esse contador de histórias acredita nas surpresas do Senhor Tempo, que a ele, ironicamente, também faz uma solicitação: conservar no peito e na mente o desejo de um amor infinito. Todavia, há uma severa trava nesse tempo. O hoje é completamente diferente do ontem. Então, Senhor, é preciso que se dê direito ao grito. Não como desabafo, mas, essencialmente, para ser ouvido por um alguém que também procure outro alguém, como este que narra. Afinal,"não posso mais calar, já que o brilho desse olhar foi traidor..." 

Nesse contexto, quando a  cena íntima desse narrador é revelada em atos e espelhos, o que ele pode olhar, ver, enxergar...sentir e ler? Os olhos que olha estão cansados, mesmo tendo visto tão pouco deste mundo. A voz que fala, trêmula; ainda que tenha tanto para dizer. O corpo que toca, frágil; ainda que insista em remar para lugares indefinidos, como se ossos não criassem ferrugens. Os cabelos que penteia e os pelos que apara desbotam gradativamente. A pele que massageia apresenta-se frágil, momento oportuno para que as manchas senis insistam em tatuá-la. Não há retorno, porque os milagres cosméticos são apenas maquiagens temporárias. 

Em todas as suas ações, há uma reserva de sonhos que lhe ofereça equilíbrio. Dentre esses sonhos, alguém especial é creditado. Na plenitude deste vocábulo, aquele ser humano que lhe possa oferecer o que ainda não teve, mesmo tendo tantos outros nesse trajeto terreno. Nesse vácuo entre o desejo e a realidade, sente imensa falta de um abraço que o envolva por completo; de um beijo que lhe explore a alma; de palavras temperadas com desejo e carinho, e ditas com mansidão. Uma tremenda falta de um "bom dia" a dois. Expressões questionativas singelas, como: "vamos almoçar?", "tudo bem com você?", "quer um café?" E toques, cafunés, olhares profundos...uma infinitude que não me cansa e tanto a quero!

E o narrador, um eterno contador de histórias, agradece imensamente a quem já fez parte da vida dele, pessoas amadas a quem deseja toda felicidade, porque a ele ofereceram felicidade. Ele não se apresenta tão samaritano, porém reconhece os prazeres a ele ofertados: os abraços, os beijos...os gozos. Em outra esfera, o material e o capital que lhe foram  (e lhe são) necessários e proveitosos. Afirma cotidianamente: "O que puder retribuir será retribuído ainda nesta vida". A certeza é de que houve procura, tanto que agradece as passagens. Na própria fala: "Elas existiram e me complementaram". E isto é fato!

No correspondente aos prazeres da carne, comenta que sexo não é tudo. O que busca está além do físico, porque físico tem data de validade. Assim, não lhe interessa mais o passageiro, quanto mais o passageiro comprometido. O dominador está fora de cogitação, jamais deseja os "senhores feudais". Não quer enganar para não ser enganado. Deseja eliminar erros, acertar-se e acertar alvos duradouros. Sonha com alguém que conduza com ele o veículo vida em abundância. Aos amores passageiros, afirma: "Boa viagem!"

Neste momento, observa-se por completo. Lança questões a ele próprio, todavia solicita auxílio aos céus. As respostas se fazem simples. Não desistirá da busca, porque ainda lhe resta alguns créditos. O que muda, talvez, seja mesmo a condução, que não deseja solitária. Ele precisa de alegrias, de paz no coração. Por esta razão (e coração), não se promete nada, apenas tenta não furtar a si e a outros. Uma certeza: não quer mais amar o distante, o difícil, o proibido...aquele que não divide, apenas o suga. É preciso acertar o alvo. Afinal, "gonzagueando", "chega de temer, chorar, sofrer, sorrir, se dar e se perder [...] não dá mais pra segurar, explode coração!".

                                                                                                                                      João D'Olyveira

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