HELEU e a relação etimológica


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LEI DE MARTINHO

Luiza, Marina, Cibele. Na Lei de Martinho, “de todas as cores, de várias idades, de muitos amores”. Eu as tive comigo, na minha cama. Algumas vezes em dose dupla, e nada sertanejavam. Só pagodeavam. Juntas, geminianamente unidas no coito e separadas somente no pós-orgasmo. Na mesma cama, na mesma catarse. E como ainda fazem os puros esquimós, ríamos muito!

Diferentemente das outras, em uma tarde de inverno, chegou Marisa. Estava meretrizmente enlouquecida. Literalmente puta da vida! Marisa era assim: sentia-se a própria loja. Fazia propaganda de tudo: das pernas, dos seios, do bumbum. Era pra lá de maluca. Negra maluca de dar inveja a qualquer Miss Universo. E era dona de uma senhora bunda. Digna representante da etnia africana: os Kibundas!

O tempo tomou as rédeas e me apresentou Ivone, que se passava por Margarete. Mascava chiclete e fazia bolas enormes. Adorava estourá-las na hora do beijo. Ela se destituía das peças íntimas cantando "Mamãe eu quero". Dava uns berrinhos pra botar a banca, pois adorava comandar a prática sexual. Dizia-se General de Brigada. Na hora "G", gemia alucinadamente. Beijei muito a boca daquela sacana! Depois, cuspia a goma na latrina.

Cristina era enorme, quase dois metros de altura, dançarina de um cabaret de quinta, que não era avenida. Denominava-se bailarina. Até hoje não entendo a diferença entre dançarina e bailarina, talvez seja o espaço da prática metamorfoseada que ocorre quando se balança alucinadamente o corpo. De resto é tudo "quase" igual! Quando transávamos, tínhamos que estar deitados. É sabido que, na horizontal, a viagem é outra, e a altura não atrapalha. Se na vertical, tiraria apenas um sarro com os joelhos da "mere". E quando ela usava saltos? Eu brincava de esconde-esconde entre as pernas da vadia. Era um tal de some e aparece que não acabava mais. Mas era da porra aquela brincadeira! Aquela mina era tudo...

Maria de Fátima ficou na história, ela foi a própria Eva em pacto com a serpente. Danou-me por completo. Disse-me que estava grávida e que eu era o pai. Não nego que, quando a ouvi me dizer aquilo, e da forma que me disse, tremi nas bases. Pai, naquela altura do campeonato, goraria todos os meus planos. Disse a ela, que ela deveria provar. Ela colocou o dedo indicador na minha cara e urrou vacosamente: "Ou assume ou eu sumo com você!". Decidi eu mesmo sumir, e hoje estou aqui nesta cidade. Ela? Sei lá, deve ter morrido! Era alcoólatra, coitada! O filho? Sei não. Ainda tenho dúvidas se ela estava mesmo grávida. Se tivesse, o filho seria do União São Jorge Esporte Clube, ou da Associação Rio das pedras. Filho da mãe sempre será produto coletivo!

Toninha é que era da hora! Feinha, tadinha... Mas já que falei de futebol, vamos somar. Ela batia um bolão da horinha. Ria debochadamente quando dávamos uns pegas. Um dia me disse pra eu tirar as minhas meias. Eu sempre usei meias pra dormir, sinto frio nos pés. Assim, subo na cama, lembro-me das meias, e não as tiro. Se não estou com elas, calço-as. Sou pé frio, mesmo! Ela adorava cruzar os dedos dos pés dela com os dos meus pés. Mania de quem pensa o dia inteiro nessas sacanagens. Dizem que há especialistas em poses sacanas e provocações bizarras. E eu não as nego. Já vi (e fiz) cada uma...

Eu queria mesmo era rangá-la, mas Toninha cismava com posições, estilos, efeitos. Praticava ioga, a fdp. Certa vez me disse que queria transar no lustre. Pode? Lustre não. Disse que preferia a cama. Daí ela insistiu que fosse embaixo da cama. E foi! Como foi embaixo, transei sem as meias. Outra vez a danadinha encostou-se na porta do quarto de um hotel, e ficou de braços e pernas abertas. Passou a linguona nos beiços, arregalou aqueles olhões de vamp e disse que eu deveria tomar impulso e atacá-la. Como nunca havia recusado nenhum dos pedidos dela, fui. Me senti a própria anta. Dei uma ajeitada no corpo, abri caminho, mirei e ploft! Quando o meu "sem vergonha" se encaixou na "sem vergonha" dela, ela gritou desesperadamente. É que a maçaneta da porta quis também tirar uma casquinha. E tirou! O meu "sem vergonha" em um dos buracos, e a maçaneta no outro. Que fique registrado. Quando transo na cama, não tiro as meias, entendo-as como camisinhas de pés que se sentem mamíferos de carapaça.

Gorete foi legal comigo até o dia que apareceu o Juvenal. O cara era gente boa e tinha pinta de bacana. Trabalhava em uma agência de seguros. Dizia ela que ele segurava bem pacas! Quando o cara decidiu ficar, ela me deixou de vez. Digo "de vez", porque foram várias tentativas de abandono. Da última, antes do Juvenal, ela ficou três dias fora da cidade, e fora de órbita. Bebeu todas e algumas a mais. Uma vez bêbada, a extremista quis dançar a "dança da garrafa". Escorregou, sentou na garrafa, encaixou. Na pressão, a garrafa perdeu o fundilho. Era o fundilho dela contra o fundilho da garrafa. A garrafa perdeu. Fomos ao pronto-socorro local pra desengarrafar o da Gorete. O fundilho dela fez 12 pontos! Gorete era quente pra caramba...

Florinda, na verdade, se chamava Suzana da Silva Mourão. Só o sobrenome já era provocativo. Mas a Flô já havia sido Dolores Cotonete. Se não me engano, um dia se disse Imaculada da Conceição. Eu aceitei apenas a Conceição. Em uma ocasião me levou pra Maceió. Ficamos na casa do irmão dela. Caminhávamos pela Jatiúca quase todos os dias, e por lá rala-rolávamos todas as noites. E de manhã também. Às tardes não poderia ser diferente. Mudávamos apenas os espaços, era na Cruz das Almas, na Ponta Verde, na Pajuçara. E quando cansávamos, transávamos pra descansar. Variávamos a posição. O irmão me perguntou se não sabíamos fazer outra coisa. Disse a ele que outra coisa não, só de outra maneira. Naquele mesmo dia estávamos nós quatro: eu, a Flor, o irmão dela e a cunhada. "Impura" troca de casais. Swing turístico! E não me venha com essa de que eles eram irmãos. Na hora ninguém se lembrou disso. No momento de carícias íntimas, eu a chamava de "Florzinha". E não é que ela acreditava? Guerreira aquela garota...

E tive outras! Madalena (que não era arrependida), Magali Sarraipo, Evinha Pintassilgo, Rita Fusquinha, Vilma Fred das Pedras e Rosilda Samambaia. Mesmo capenga, nesses rolês que a gente dá por aí, conheci umas carnes novas. Nova na embalagem! Por fim, farinha do mesmo saco, alimento pros mesmos cacetes desnaturados! Mudam só o pseudo. É "Pri" de princesa, "Ma" de maleável, "Pat" de patifaria. Tem umas que se dizem "Fa de família", e se casam em igrejas enfeitadas com flores brancas, e têm direito à festa de arregalar os olhos de qualquer pobre cristão. Elas apenas encurtam os nomes, de resto a reza é a mesma. Preferem as ladainhas masculinas. A molecadadinha é que tira proveito dessas pirralhas. Não nego, sinto falta! Dá uma vontade...

Hoje estou mais acomodado. Aliás, acomodadíssimo, diria José Dias! Assisto à TV, independentemente do canal e da programação. De madrugada valem até os evangélicos, que prometem salvação a custo de um carnezinho. E não é que eu estou quase aderindo ao pecúlio gospel? Nessas programações, gosto de quase tudo e me interesso por quase nada. Cansou, teclo o próximo. "Leio o jornal que é de ontem, pois pra mim tanto faz", igual ao Biquini Cavadão. Tomo suco de maracujá, pra alcalmar a cabeça e a cabeça da genitália. E devoro chocolate. Como eu como chocolate! Só dispenso Garoto. Mas, masco torresmos também, sem dó nem piedade. Afinal, já comi muita carne dura e gorda na vida!

Meus pés estão inchados, arregaçam com as minhas meias, que nunca foram inteiras. No modo vivente que estou já adquiri varizes e varicoceles, aos montes. Minha barriga já cresceu 25 cm. E o pior é que só a barriga cresce!
Marcos me ligou, disse que eu devo sair um pouco, tomar sol. Fabiano insistiu pra eu ir com ele e a família (dele) pra roça. Eu preferi ficar por aqui. Gosto do meu cantinho, do meu sofá, da minha TV, da minha próstata inchada. Tomo vodka e cerveja, fumo pra cacete! Vez ou outra ligo pro Vicentini, pro Silvião, pro Morgadinho. E fico contando minhas aventuras amorosas e trepadeiras, e todas na hipérbole. Homem adora dobrar o Cabo da Boa Esperança na hora que fala de mulher. Na verdade, é a esperança de subir o cabo que motiva essas narrativas. Mas... Fazer o quê?
As mulheres se foram, meu bilau também já está quase de partida. E triste, o coitado. Ta se sentindo tão cabisbaixo ultimamente... A cada dia que passa, o Ricardo Asdrubal (é o nome dele) fica mais distante dos meus olhos. E nessa cena cotidiana, já posso afirmar que estou literalmente prostado! Se é assim, hoje confesso o meu saber: "Todo homem um dia terá problemas de próstata!"

Porém, contudo e todavia, alguém muito especial me ensinou a desistir só na hora de desistir, e ainda não é a hora. Sendo assim, lá vou eu, martinhizando por aí... "Procurei, em todas as mulheres a felicidade, mas eu não encontrei, e fiquei na saudade. Foi começando bem, mas tudo teve um fim..."

João D'Olyveira


"Há realmente uma relação etimológica entre próstata e prostituta, porque ambas as palavras (a primeira é grego que passou ao latim, e a segunda é só latina) remontam ao mesmo sufixo e ao mesmo radical do indo-europeu.

Vejamos, em primeiro lugar, a etimologia de cada palavra.

Próstata
«[do] lat[im] cien[tífico] prostata 'id.', empr[és]t[imo] gr. prostátēs,ou 'colocado na frente de; donde, chefe, dirigente; protetor, defensor', do v[erbi] proístēmi 'colocar na frente, pôr em relevo, pôr em evidência'; de pró- 'diante, na frente' + hístēmi 'colocar'; assim chamada por situar-se antes da bexiga»

Prostituta
«lat[im] prostitŭo,is,ī,ūtum,ĕre 'colocar diante, expor, apresentar à vista; pôr à venda; mercadejar com a sua eloqüência; prostituir, divulgar, publicar', de pro- 'na frente, diante de' + statuĕre 'pôr, colocar, estabelecer; expor aos olhos', de stātus,us 'repouso, imobilidade; atitude, postura (de um combatente); assento, situação; estado das coisas, modo de ser', do rad[ical] de stātum, sup[i]n[o] de stāre 'estar'»

Por essas e outras, sua existência só acontece em razão do seu masculino!

João D'Olyveira

HELEU e o domingo

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DOMINGO PEDE

Hoje é domingo
Pede cachimbo
Pede cachaça
Pede conversa
Pede carinho
Pede mulata

Cachimbo é de ouro
Cachaça é de prata
Conversa é de bronze
Carinho é de zinco
Mulata é de lata

Hoje é domingo
Eu pedi cachimbo
Eu pedi cachaça
Eu pedi conversa
Eu pedi carinho
Eu pedi mulata

Cachimbo quebrou
Cachaça secou
Conversa gorou
Carinho atrasou
Mulata morreu

Como nada que pedi aconteceu
Entreguei meu domingo a Deus!

João D’Olyveira

HELEU e a necessária mudança de hábito

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MUDAR SIM,
EMUDECER JAMAIS!

As cenas se repetem,
mas insistimos em dizer “que um dia vai mudar”;
“que se deus quiser vai dar certo”;
“ que tudo tem dia e hora".

O que não percebemos é a rotina dos dizeres,
a conformidade no falar;
o aceitar calado,
e tudo literalmente mudo.

Enquanto outros se tornam vitoriosos,
os "dos dizeres" estão para a hora da morte,
entregando seus filhos à sorte,
sem norte,
para a morte.

É preciso mudar cenas,
mudar dizeres,
mudar-se!
É preciso mudar para não emudecer.

João D’Olyveira

HELEU e o silêncio da noite

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PSIU! SILÊNCIO!

No silêncio da noite,
desejo ser o silêncio e pertencer à noite.
Outras vezes,
desejo ser a noite,
para obter o silêncio.

Porém,
noutras vezes,
desejo-me e percebo que posso ser o duplo:
noite e silêncio.

E tenha a certeza de que,
nesse momento,
completo-me,
acreditando que a noite passa,
que o silêncio se transforma.

E tudo para que possa ter e ser
um novo dia,
antecipando noites que poderei desejar e ser.
E tudo em silêncio...como tem que ser!

João D'Olyveira

HELEU e a literatura brasileira

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PRO-EMA!

Quero tê-la do meu lado
do mel lado
do lado mel...

E depois tocá-la
acariciá-la
beijá-la
nesses sábios lábios seus...

E nessa doce ira,
descobrir cema,
somar ira à cema
e tê-la ainda virgem
por inteira
nesses brancos braços meus...

João D'Olyveira
Uma reflexão poética sobre a obra "Iracema, a virgem dos lábios de mel",
de José de Alencar, publicada em 1865.

Sobre a obra, Machado de Assis, então com 27 anos, escreveu:


“Tal é o livro do Sr. José de Alencar, fruto do estudo e da meditação, escrito com sentimento e consciência… Há de viver este livro, tem em si as forças que resistem ao tempo, e dão plena fiança do futuro…Espera-se dele outros poemas em prosa. Poema lhe chamamos a este, sem curar de saber se é antes uma lenda, se um romance: o futuro chamar-lhe-á obra-prima” (Diário do Rio de Janeiro, 1866).

HELEU e o eterno enamorado


Hoje estive a seu lado,
e como namorado
me senti feliz.

Hoje estive bem perto,
e num jogo aberto
me declarei.

Não disse palavras,
rompi minhas travas,
deixei o silêncio falar por mim.

Hoje estive a seu lado,
e como namorado
me refiz .

Meus olhos,
seus olhos
brilhavam nossos olhos em nossos olhos.
Nos olhos,
uma declaração.

Minhas mãos,
suas mãos
acariavam nossas mãos em nossas mãos.
Nas mãos,
carinho.

Meus lábios,
seus lábios
molhavam nossos lábios em nossos lábios.
Nos lábios,
um beijo.

Hoje estive a seu lado,
e como namorado,
tudo aconteceu.
E as fitas vermelhas,
que sangue nos eram em nosso sangue,
eram nossos eternos laços de sangue...eterno!

João D'Olyveira

HELEU e a saudade materna



Hoje pensei em você, minha mãe. E o pensamento não se fez após sonhos, como d'outras vezes. Não. Desta vez se fez da concretude das minhas horas, ainda que essas sejam consideradas abstratas. Hoje pensei em você, minha mãe. E digitei no google a expressão "que saudade de minha mãe". E o que me veio? Oswaldo Montenegro. Que delícia de poeta!

Disse Oswaldo:

Como é que se faz
pra tomar condução por aqui, hein?
Eu quero dormir!
Tenho muito medo dessa escuridão.

Eu quero minha mãe!
Eu quero minha mãe!
E chegar a tempo
pro café com pão.

Eu quero minha mãe!
Eu quero minha mãe!
E chegar mais cedo
que o latido dos cães.

Fiz tudo pra crer nos homens toda vida e...
pau.
Fiz tudo pra crer nos homens toda vida e...
pau! pau ! pau! pau!

(Oswaldo Montenegro)


Obrigado, Oswaldo, os momentos de reflexão que me proporcionou. Pra ser sincero, não "matou a saudade". Até porque não era isso que desejava. Chega de morte! A letra-poema me fez sentir vontade de abraçar minha mãe...de perto! Compreendeu?
E quem ainda a tem, no plano terreno, que a ame intensamente! Que corresponda a todos os seus pedidos! Que seja filho, porque pleno! Se não a tem mais neste plano, e se a amou como eu amei a minha, que possa estar junto a ela eternamente.
Ou pelo pensamento, ou pelo desejo da própria eternidade. Este será o meu em todos os momentos da minha vida...terrena! Nada forçarei, todavia nada impedirei. E seja dito e bendito o seja!
Bênçãos maternas a todos "que têm saudade de suas mães"!

João D'Olyveira

HELEU e a guerreira

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Embora William Shakespeare tenha dito “Fragilidade, o teu nome é mulher!”,
mulheres são GUERREIRAS...


Aquelas que transitam sem oportunismos,
ainda que produzam para oferecer;
que demonstram fatos e acontecimentos,
ainda que digam não terem feito quase nada...

Aquelas que não desistem dos objetivos,
ainda que reconheçam aqueles sem validade;
que oferecem segurança e lealdade,
ainda que digam apenas fazer a parte que lhes cabe...

Aquelas que amam intensamente,
ainda que se sufoquem no querer;
que perdoam casos e descasos,
ainda que sofram no calar das noites...

Essas são guerreiras, porque...

Guerreiras não atiram,
deixam ser baleadas,
para ressuscitarem a cada amanhecer!

Porém...
quanto às guerreiras, homens alertam homens:

Sócrates avisou: “Deve-se temer mais o amor de uma mulher, do que o ódio de um homem”.

Friedrich Nietzsch confirmou: “Na vingança e no amor a mulher é mais bárbara do que o homem”.

Sendo assim...

Essa tal fragilidade é enganosa. Todavia, importa-nos estar atentos
à nossa vida sentimental, que é um eterno campo de batalha...

“Uma mulher perdoará um homem por tentar seduzi-la, mas não o homem que perde essa oportunidade quando ela lhe é oferecida”, disse Charles Talleyrand-Périgord.

E a fidelidade à guerreira é tudo, não porque nos é exigido, mas porque nos é necessária à vida, quando se decide que se deseja viver uma vida a dois:

“Aquele que conheceu apenas a sua mulher, e a amou, sabe mais de mulheres do que aquele que conheceu mil”, disse Leon Tolstoi.

João D’Olyveira

HELEU e o momento


HOJE
não amanhã
não depois
não qualquer dia
não qualquer hora
não outro momento

HOJE
tem que ser hoje
tem que ser neste momento
tem que ser neste dia
tem que ser nesta hora
tem que ser agora

HOJE
sem por nem tirar
sem dizer nem falar
apenas te olhar
apenas te olhar
apenas te olhar

HOJE
eu te amei mais uma vez!
João D'Olyveira

HELEU e o Cairo

Álbum: "Meu Cairo" - Arquivo Pessoal - Foto: João D'Olyveira

MEU CAIRO

MEU CAIRO É AQUI
DA MINHA JANELA
DE ONDE POSSO IMAGINAR MEU NILO

PORÉM...
ESTE CAIRO ME CALOU
MUDO EU FIQUEI
QUANDO MEU CAIRO SE CONSOLIDOU
E FORTIFICOU-SE DE VEZ!

PORÉM...
ESTE CAIRO CALO SE TORNOU
A DOR EM MIM FICOU
QUANDO CAIRO ME DISSE QUE NÃO
E VITORIOU-SE OUTRA VEZ!

TENTO, PORÉM, IGNORAR ESSES PORÉNS...

E TUDO PORQUE...
MEU CAIRO É AQUI
DA MINHA JANELA
DE ONDE POSSO IMAGINAR MEU NILO
E BANHAR-ME!

MEU CAIRO É AQUI
DA MINHA JANELA
ONDE FAÇO MINHA A TELA
E NELA PINTO VOCÊ...

MEU CAIRO É AQUI
MINHA GUERRA É COMIGO
MEUS INIMIGOS
EU MESMO OS CRIEI
E COMO CRIADOR
POSSO EXTERMINÁ-LOS!

E TUDO PORQUE...

MEU CAIRO É CALO QUE CALA
QUE ME CALA
MEU CASO DE AMOR PIRAMIDAL
UM CASO DE AMOR MATERNO!

MEU CAIRO É MEU CARO
QUE CALA E ACATA
MEU CASO DE AMOR FARAÔNICO!

AQUELE A QUEM PEÇO:
- CALE-ME DE VEZ! OU TE CALO...
MEU CAIRO!

João D'Olyveira

HELEU e o perdão


Arquivo Pessoal: Geminimagia- Teatro & Cia. Teatral
João D'Olyveira-Ato Único-FPA/Uniban-SP

HOJE TUDO ME VONTADEIA PEDIR PERDÃO!

SEI QUE PERDÃO NÃO AMENIZA DORES
AINDA QUE PERDOAR SEJA GESTO NOBRE
SEI QUE PERDÃO NÃO AMENIZA DORES
PORQUE MACHUCA A DOR OFERECIDA
NÃO ESTANCA DORES

AINDA QUE GESTO HUMANO
QUE POR SER HUMANO
GERA A DOR DO TEMPO DESEJADO
DO MOMENTO DESSA DOR SENTIDA...

E CHORO...
PARA QUE LÁGRIMAS LAVEM MINH’ALMA
METAMORFOSEI-ME EM RIO DE ESPERANÇA
FAÇA-ME PEQUENO PORQUE HUMILDE
PARA QUE POSSA ENTRAR NO REINO
SEM O ARDOR DA PIMENTA
SEM AS TORMENTAS
SUAVEMENTE EM MENTA
EM MENTE CALMA E ALMA LENTA
DA SEMENTE QUE À CALMA TERRA VOLTOU

E TUDO PORQUE É HORA DE PARTIR...PERDÃO.

FIQUEM EM PAZ, PORQUE AGORA VOU EM PAZ!
João D'Olyveira

HELEU e a própria janela própria


"Da minha janela"- Arquivo Pessoal - João D'Olyveira


DA MINHA JANELA

QUANDO OLHO DA MINHA JANELA
PENSO NOUTRAS JANELAS
NAQUELAS QUE TIVE
NAQUELAS QUE TEREI
ATRAVÉS DESTA JANELA DESEJO O MUNDO
AINDA QUE MUNDINHO
JAMAIS IMUNDO
E A DURAS PENAS
APENAS MEU MUNDO
NO FUNDO DESTE MEU MUNDO ENJANELADO
DESEJO APENAS SER FELIZ...

A SAUDADE BATE NA VIDRAÇA
BATE E ULTRAPASSA
N'ALMA NÃO BATE
APENAS PASSA
E QUANDO BATE ME BATE
E APANHO CONSCIENTEMENTE...

LÁGRIMAS INSISTEM EM DESCER FACE E ROSTO
GOSTO E DESGOSTO
BELO E FEIO
RIDÍCULO SENTIMENTO HUMANO
PURO SENTIMENTO ESTÉTICO
PORQUE ARTE DE VIVER
MOMENTO DE ME QUESTIONAR...

NÃO APENAS EM RAZÃO DAS BOAS LEMBRANÇAS
MAS DE TODAS AS LEMBRANÇAS
DO HOMEM E DA CRIANÇA
DO HOMEM-CRIANÇA
DAS MINHAS VONTADES
DAS MINHAS ANGÚSTIAS
DAS MINHAS VIDAS
DAQUELA QUE TIVE
DAQUELAS QUE FICCIONEI
A QUE HOJE TENHO
AQUELAS QUE AINDA TEREI...

E TUDO DA MINHA JANELA
QUE HOJE ME É COMPANHEIRA
MESMO NÃO SENDO A PRIMEIRA
PORQUE FOTO VIVA E REVELADA...


JANELA MUNIDA DE MÁGOAS
DESEJOS DE FELICIDADE
DE ONDE APRECIO MONTANHAS
DE ONDE ME AMONTANHO
CENÁRIO DO MEU VALE
QUERIDO E DESEJADO...


DAS MONTANHAS QUE MEU AMOR TAMBÉM DESEJOU
DAS MONTANHAS QUE NÃO A APRESENTEI
NEM A PRESENTEEI
DAS MONTANHAS QUE AVOLUMO
E NELAS ME SUMO
CONSUMO-ME
SOMENTE EM SUMO
SUMO OCO
SUCO LOUCO
NÃO DESUMANIZADO
DAS TERRAS ENTRE SERRAS
COMO ROBERTO CANTOU...

E DESTA JANELA
OBJETIVO MEU HORIZONTE
QUE NÃO TÃO BELO COMO AS GERAIS
AINDA QUE GERAIS NA BELEZA
INSISTEM EM ME VISIONAR
BELEZA QUE PUDE E POSSO AINDA OFERECER...

DA MINHA JANELA UMA VIDA
SEM PARCELAS
AINDA QUE EM DÍVIDA
AINDA QUE ENCARNEZADA
E TUDO ISSO ME VONTADEIA PEDIR PERDÃO...

João D’Olyveira

HELEU e o dez-a-bafo!


CORTESIA TEATRAL


Hoje estou de saco cheio,
não aguento mais essa falsidade sentimental!
Pessoas que sorriem e mordem ao mesmo tempo.
Que fingem ser educadas, todavia mordazes.
Basta!
Estou de saco cheio dos sacos alheios.
Educação é medida , jamais proporção!
E não me venham com frases complementares,
o que desejo não é a satisfação momentânea, é o momento e a satisfação.
Vamos parar com essa cortesia teatral,
com esse sentimento ambíguo,
com esse jogo de interesses.
Nada deve ser pela metade,
metade nunca foi nem nunca será um inteiro!
Ou nos temos, ou não nos temos!
Maldito foi o momento das falsas palavras,
os duvidosos olhares,
as malícias do humano que não o é!
Malditas foram as palavras ditas sem dizer,
os abraços dados sem oferta,
os completares e nunca complementares!
Malditos foram os toques de mão,
que nunca apoiaram,
apenas se apoiaram;
que não auxiliaram,
apenas se auxiliaram;
que apenas foram toques e anúncio da gravidez,
em parto que somente anunciou partida,
que partiu mesmo sem chegar!
Malditos sejamos se nos enganamos com a esperança adversa!
Maldito o homem que explora o homem,
porque este não é homem, é apenas explorador!
Ontem queria mais o ser,
hoje quero mais é ser.
E que assim o seja!
Detestável é ser humilde sem assim o ser,
sem o ser,
sem o ser,
sem o ser...
Interrogável é nada corresponder.
Quero mais é que se "pronominem" aqueles que não se conjugam!
E que não me contaminem,
nem me minem,
nem me ninem...
E que morram em paz!!!
João D'Olyveira

HELEU e Fanny

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Fanny, onde foi que você se encondeu?
Fanny, por que ele e não eu?

Oh, Fanny!!!
Oh, Fanny!!!

Cadê você?

Venha , Fanny, matar me para que eu não morra. Socorra-me enquanto há tempo!

Fanny, outro dia te olhei de frente, e seu sorriso esfacelou a minha mente.
Tudo foi diferente, mas você não estava por lá. Era eu quem pensava, que você estava,
sem estar, sem estar, sem quase nunca estar.

Oh, Fanny!

Eu fiquei na espreita da mureta dos meus olhos, na mureta  dos olhos da sombra também,
na mureta da sala-de-estar do meu carro que nem sempre está lá,
tirando um sarro, dois sarros, três sarros.
Estacionados, ambos,  na esquina da vida dos carros e dos sarros, Fanny!

Que vida, Fanny!
Fanny, que vida?

Sem vida, sem carro, sem sarro, sem você...

E você, Fanny? Por que não apareceu? Por que não me disse olá, olé ou pelo menos adeus?
É...você nem me abençoou com seu sorriso, que me é tão preciso, meu duplo paraíso de pecado e salvação.

Oh, Fanny!
Fanny?

Fanny, onde foi que você se encondeu?
Fanny, por que ele e não eu?

Oh, Fanny...

Você sabe que te quero, te espero e te amo sem fim. Afinal o que começou um dia já era...nosso!

Oh, Fanny!
Fanny?

Sempre estarei por aqui, Fanny. Um copo, dois copos sobre a mesa. Três ou quatro se desejar. 
Um corpo, dois corpos sobre o tapete
da sala de estar. Três ou quatro se desejar.
Uma cama vazia, duas almas carregadas de prazer...oh, Fanny!
Três ou quatro se desejar, Fanny!

Uma coisa é preciso ser dita: "Nunca me importei a três...a quatro. Tendo você, todos os outros poderão se ter, Fanny!
Adoro montanhas. O legal das montanhas é que, depois de alguns relacionamentos, alguns adoram se jogar pelas portas e janelas montanhas abaixo. Casas invisíveis. Nem todos retornam.
Melhor assim, Fanny!
Dá um friozinho, né?! Arrependimento...?
 Não. Arrependimento, não.

Fanny, vamos que já está tarde, e os convidados já estão chegando!
Fanny, você já fez a faxina?
Ainda, não?!
Tudo bem!
Eles sempre demoram um pouco mais que o combinado.
Então...quem começa? rs

Você começa. Domine. Agora você já ouviu minha história, minhas notícias. Agora meu homem pode ir sem rumo montanha acima. Abaixo nunca!
Eu tenho Obluess Monteses mais Pretos Monteses mais Pretos...rs

Fanny!
São eles? Diga que sejam bem-vindos à nossa montanha encantada...
Estou terminando a outra faxina. Já vou, Fanny!

Fanny! 
Fanny!
Fanny?

Fanny... Oh, Fanny!




Texto inspirado nos 134 minutos do Drama - Romance "O Segredo de Brokeback Mountain", directed by Ang Lee. Roteiro: Diana Ossana e Larry McMurtry. Estados Unidos/Canadá (2005). 





http://youtu.be/vNteg4pYfZo




HELEU e o sentimento duplo e quase único do amor e da paixão.


Neste momento não desejo isolados vocábulos,
nem apenas expressões coletivas.
Desejo apenas que se possam fazer as minhas corretas ou incorretas reflexões,
aquelas que aprendi a conhecer e a praticar no cotidiano da vida, sobre essa tal PAIXÃO e esse tal AMOR.

Quanto à PAIXÃO,
é uma dúvida que carrego há tempos,
que me encarrego por momentos de tentar solucionar,
 um algo que insiste em permanecer e ao mesmo tempo continuar.
Um sentimento de prazer e desprazer em coletânea,
um querer que se assemelha à posse,
um "abobamento" oportuno e oportunista.

Quanto ao AMOR,
um misto diferenciado do sentimento anterior,
porque singular, pleno e quase calado,
que se faz no presente,
como apenas presente e todo onipresente,
único e de longa duração.

Nesse percurso,
na tênue tentativa de uma resposta,
sigo distraído, indeciso e confuso.
O que se deixa perceber é a PAIXÃO
nada sustenta,
nada assume
e "some do nada".
Apenas vem e vai,
luluzeando santificada,
"como uma onda no mar".

Já o AMOR,
esse se faz ardência e fogo momentâneo,
leite instantâneo,
saboroso,
fortificador.

PAIXÃO
é extensa.

AMOR
é intenso.


E por  achar que pode ser assim,
na PAIXÃO e no AMOR,
assim como em qualquer outro sentimento,
tudo tem hora de baixar a guarda,
mesmo que no guarda ou na guarda geral!

Então...beijos na nuca, filhos de Maria!


João D'Olyveira





HELEU e um amor a dois

SUJEITO DIRETO NÃO É OBJETO

Hoje um ser divino me fez repensar o amor,
desejar o amor,
sentir o amor...
Há quantos ele não se fazia presente,
estava ausente,
quase inocente...?

Há quantos ele não se apresentava,
não me questionava,
não me motivava a amar...
Hoje alguém me fez sentir o amor,
que me fez vivo,
atrevido por querer re-amar...

Há quantos eu não amava,
não ouvia,
não o via,
não o queria...?

Há quantos?

E saber que sempre foi tão simples,
que ele era tão nada e tudo,
que me bastava...

Nada como um encontro,
dois encontros,
um encontro a dois..

Hoje um ser divino me re-fez... e desejei amá-lo!

João D'Olyveira

Heleu e a mulher

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MSN.com

Ela diz:
Vim te dar Boa noite...

Heleu diz:
Boa noite, eterna menina. Tudo bem?

Ela diz:
Tudo bem sim...

Heleu diz:
O que faz de bom?

Ela diz:
Passando o tempo na net, pra ver se o sono vem...

Heleu diz:
Não vem não...

Ela diz:
rsrsrs

Heleu diz:
Vc é mulher forte, guerreira...

Ela diz:
Mulher essa eu sou, agora... o forte e guerreira...

Heleu diz:
Forte e guerreira sim...

Ela diz:
Muitas vezes não consigo ser...

Heleu diz:
Então seja...

Ela diz:
Eu tento...

Heleu diz:
Perceba suas vitórias,
e quantas delas vinculadas a sacrifícios...

Ela diz:
Percebo...rs

Heleu diz:
E aí? É guerreira? rsrs

Ela diz:
Pensando por esse lado... sou sim guerreira rsrs

Heleu diz:
Guerreiras fascinam guerreiros rsrs

Ela diz:
Agora pouco estava me sentindo apenas mulher...

Heleu diz:
E agora?

Ela diz:
Agora sou mulher guerreira!

Heleu diz:
Perdoado se a mulher (e se a guerreira) sentir sono rsrs
Guerreiros também precisam descansar...

Ela diz:
Lindo! AMO suas palavras...

Heleu diz:
Amo vc, que é mulher, que me oferece beleza plena...

Ela diz:
Às vezes precisamos de palavras, de beleza...

Heleu diz:
Homens somente oferecem beleza, quando a beleza também lhes é oferecida.
E vc me ofereceu essa beleza, o que justifica as palavras...

Ela diz:
Continue...

Heleu diz:
Se mais beleza me oferece, mais belo o meu mundo...

Ela diz:
Palavras e beleza...

Heleu diz:
Homens e mulheres, mundo e mundos...

Ela diz:
Momentos...

Heleu diz:
Beleza ofertada e recebida...

Ela diz:
As palavras viram poesias quando vem de vc...

Heleu diz:
Porém, todo poeta precisa da musa...

Ela diz:
Sou musa?

Heleu diz:
Musa e palavra, porque musa é palavra...

Ela diz:
E os poetas?

Heleu diz:
Responsáveis pela evolução das musas...

Ela diz:
Continuo precisando de palavras...

Heleu diz:
As palavras saem, os sentimentos permanecem,
a ação da vida continua, o todo acontece...

Ela diz:
Preciso do poeta...

Heleu diz:
As palavras me inspiram, vc me inspira,
e o verbo se faz frase poética, e vida em abundância...

Ela diz:
Lindooo, tudo lindoo! Fiquei até mais animada...
Suas palavras inspiram coragem...

Heleu diz:
Lembre-se de que ser mulher é assumir-se como guerreira,
e de forma natural. Toda mulher nasce pra lutar...

Ela diz:
E lutam...

Heleu diz:
A diferença entre as mulheres é a percepção que cada uma delas tem para fazer uso das armas que possuem.
Afinal, cada tipo de luta pede um tipo de arma,
e para cada luta uma estratégia...

Ela diz:
Diante dessas palavras, nem sei o que dizer...

Heleu diz:
Equilibre sentimento feminino e força de guerreira.

Ela diz:
Às vezes é difícil...

Heleu diz:
A dificuldade é estimulante...

Ela diz:
Como ?

Heleu diz:
Acredite em vc, porque vc é força e poder.

Ela diz:
Estou mais forte.

Heleu diz:
Então, queira o poder.

Ela diz:
Quero!

Heleu diz:
É seu. Agora já pode descansar.
Vamos dormir??? rsrs

Ela diz:
Acho que já está na hora...

Heleu diz?
Sonhe com anjos vestidos de azul e branco.
Peça a eles apoio, e observe que, dentre eles, alguém que te curte muito...eu!
Um anjo que deseja o seu bem...

Ela diz:
Lindo! Te adoro...

Heleu diz:
Boa noite, eterna menina!

Ela diz:
Obrigada por suas sábias palavras... estava mesmo precisando delas.

Heleu diz:
Até... minha parceira, minha guerreira...


E depois dessa "AVENTURA VERBAL", os dois anjos adormeceram e sonharam, porque entenderam as sábias palavras sentimentais de Gonzazinha:

[...]Guerreiros são meninos
No fundo do peito
Precisam de um descanso
Precisam de um remanso
Precisam de um sono
Que os torne perfeitos
[...]

(Um Homem Também Chora -guerreiro Menino)

Em suma:

Homem é ser munido de qualificações diversas. Mulher é soma diversa de seres com qualificações específicas. Assim, homem não deve ser visto como "o protetor" da mulher, porque sua principal função humana é oferecer segurança ao processo evolutivo. Se "protetor", que seja de uma narrativa que apresenta protagonista forte e capaz: a mulher. Bendito seja o ventre feminino, porque bendito é o fruto do ventre da mulher, que é o homem. Pena, apenas, muitas mulheres não se posicionarem, como guerreiras, frente ao poder que já lhes é de direito desde o seu próprio nascer!

João D'Olyveira

HELEU e a saudade

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Esses meios de comunicação...


No cotidiano da vida e dos dias, promovemos encontros e desencontros. Ora sorrimos, ora choramos. Ora...oramos! E são nos momentos de oração, aqueles aos quais nos entregamos de alma, que as coisas acontecem, que brota a saudade. A saudade de Deus e das reais criaturas divinas.


E refletimos...


Entrega de corpos é entrega terrena. Tão terrena, que se concretiza por ações de prazer e não de saudade. Se aceita, a teoria do homem é a de que podemos ter vindo da terra e de que para a terra voltaremos. E na Terra residimos e moramos, outras vezes apenas habitamos, governamos e desgovernamos, mandamos e desmandamos, pedimos, às vezes agradecemos...
E na Terra, amamos e sentimos saudade!

A compreensão que temos é a de que a palavra saudade, que se fez portuguesa, portanto também brasileira, ela somente ocorre quando a utilizamos com alma: antes, durante e depois da partida. Que saudade é vocativo, porque chama, pede, atrai. Assim, saudade, enquanto alma que deseja voltar, é sentimento universal!


ÊTA SAUDADE DANADA!

Hoje, em um dos meus diálogos virtuais, recebi de um amigo uma mensagem que tratava da saudade. Tratava, no sentido de que ele se disse com saudade de mim. Quão gostoso é saber que alguém sente saudade de você. Se sente, é sinal de almas que começam a conversar, sinal de que os corpos se tornam secundários. Como é difícil secundarizar o corpo!


Quando uma alma sente saudade, a outra também começa a sentir. Quando uma alma revela a saudade sentida, a outra ganha o momento de ser completa. Isto se assim desejar, se assim realmente for. Caso contrário, não há saudade, porque não há alma!


Depois da observação emanada, fui perceber que havia outra comunicação, e nessa outra comunicação, outra vez a saudade. Eu, com alma de poeta, pratiquei meu exercício preferido: fiz-me pensar e escrever!

E escrevi...

Estou no mesmo endereço,
o número do meu telefone ainda não mudei,
o sorriso continua aquele que você um dia criticou de morno,
mas saiba que ele é verdadeiro,
porque meu sorriso é para poucos,
é para você.
Então venha...


Não precisa fazer a mala,
nem se preocupar com avisos,
nem com a grana que sei é pouca.
Não se preocupe com quase nada.
Aqui você será pessoa amada, e isto lhe bastará!
E isto nos bastará!
Então venha...

E traga com você essa saudade,
para que possamos "matá-la" juntos.
Nossa arma será a troca de carícias,
de beijos, de...
Então venha...


Antes que o tempo passe,
a saudade passe,
antes que nós nos tornemos passado.
Então venha...de graça!
Com toda a graça,
já estou a aguardar você...

E assinei...


“Com carinho, Joly, quase uma ovelha!”

E fui refletir, curtir a ação da escrita. Ler e reler. Reler e reler. Gosto da releitura, ela me oferece outras respostas. Assim faço com os filmes, assim faço com os comerciais de televisão, assim faço com as apresentações sociais, e com os humanos que me completam e me complementam. Releio-os, para obter respostas. Nem sempre elas se apresentam, mas me importa que eu as busco!


Realmente fui “quase ovelha”, porque foi quase um sacrifício, quase uma entrega, de tão verdadeiro o poema, que se fez testa da minha verdade almística. Naquele momento eu me reli. Naquele momento eu também senti saudade...


E decidi passar essa aventura a vocês. E desejo que se lembrem de que saudade é expressão da alma. Sente saudade aquele que leva consigo outra alma, porque saudade é ponte espiritual, é a vontade de ter novamente Deus.


E a vontade de ter o divino é o mais expressivo significado da Arte: a SAUDADE DE DEUS, afirmou Mazzini, porque é manifestação artística autêntica. Sente saudade aquele que, mesmo estando longe, deseja se aproximar. E cria vias, que também são sacras, para chegar ao destino. E chega, mesmo sem chegar!


Assim...


Que possamos separar as necessidades da alma das necessidades do corpo, porque os alimentos são diferentes. Alma ama, odeia; agrada, recusa. Corpo sente prazer, e intitula esse prazer. Para o corpo arroz, feijão, malhação. Para a alma, unicamente oração, no seu conceito mais breve: "diálogo íntimo com Deus", que se fez o próprio homem, a própria criação.
Se sinto saudade do outro, o outro é meu "deus". Se expresso materialmente essa saudade, é Arte. Saudade é distanciamento do homem perante o Criador; momento de agradecimento, em razão do pedido de volta; momento de resolução dos problemas matemáticos dessa vida administrativa. Todavia, somado a tudo e a todos, é produção de saberes!
Nenhum artista produz sem estar no momento da saudade, independentemente do espaçamento mental dessa saudade. Pode ser do passado distante, do ontem, do quase agora. E isto já é saudade! E isto vale reflexão!

E na saudade, canto...

Sou capaz de gritar
E de te ofender
De me machucar
Mas não de te perder...


Gosto de Ser Cruel
(George Israel/Paula Toller)

Tô com saudade de tu, meu desejo
Tô com saudade do beijo e do mel
Do teu olhar carinhoso
Do teu abraço gostoso
De passear no teu céu...


Gostoso Demais
(Dominguinhos/N. Cordel)

[...] Se a gente não fizesse tudo tão depressa
Se não dissesse tudo tão depressa
Se não tivesse exagerado a dose
Podia ter vivido um grande amor...


(George Israel/Paula Toller/Lui Farias)

É, tô com saudade de você!!!
Beijos ternos e eternos.
Com carinho,


João D’Olyveira

HELEU e o fim de ano


DRUMMOND já dizia:


"O grande barato da vida é olhar para trás
e sentir orgulho da sua história".

Mas, o mesmo autor também nos faz refletir,
quando diz:
"às vezes se espera demais das pessoas..."

E mais um ano se escorre por entre dedos.
E lá "se" vai 2009...

Muita coisa rolou neste ano que,
ainda no circular de algumas horas,
insiste em ficar.

E que fique tudo o que tem direito.
Afinal, todos nós temos o direito de "ficar",
até que a gente se acabe ou "ex-termine".

Explodam-se os "quês" e os "porquês"!

É assim: ficar até acabar.

Cruel mesmo é fim de baile.
Quando ficamos até o final,
corremos o risco de mostrar a real cara de festeiro:
cansaço e sono.
E de ver o piso sem brilho,
o lixo no espaço e tantas outras coisas
que o cenário encobriu.
Cenário é maquiagem!
Na cara, maquiagem.
No espaço, cenário.
Entendeu?
Continue...

No fim da festa,
mulher sente frio e veste "palitot".
Homem dá de macho e não sente o frio da madrugada.
Se sente e "se sente".
E cede o "palitot" à dama.
Que dama?
Que cavalheiro?
Tudo foi fantasia.
Cadê o glamour?
Foi-se..."mau achado".
Foi-se!

Final de ano também é assim.
Como adoramos começo...
Amor no começo é bom mesmo,
coisa dos deuses.
Não queremos nem saber se há diferenças entre amor e paixão.
É amor e pronto!
Ouvimos (ou dizemos) até "estou apaixonado pelo meu amor".
Estou amando e isto me basta!

O tempo passa, o tempo voa, e voa...
E o amando se torna "a mando".
"Faça isso", "Não faça aquilo".
"Por que veio?" "Aonde foi?"
"Quem é aquele?"
"E aqueeeeeeeeeeela?"

E vai...
A mando de quem?

Desempregado, o cara reza.
Insiste que se "deus" ajudar será fiel.
Depois só reclama.
Do salário, dos amigos, dos inimigos, de tudo.
Fiel mesmo, só "corintiano"!
Larga o timão e só pensa no "Timão"!
Depois...
A vida é que foi injusta com ele.
Quem "torce a dor", provoca-a!
Entendeu?
Continue...

Nós somos os comandantes.
Esqueceu-se?
Então, o injusto somos nós mesmos.
"Pombas", COMANDAR-SE é o verbo!
"E o "verbo" se fez carne..."

Tudo no começo é bom, até que se torne ruim.
Depois do gozo, vira para o canto e dorme.
E ronca!
É assim no amor e na dor.
No trabalho,
nos estudos,
na família...
E nas amizades?
Cara, como manter amigos é difícil!
Se muita amizade, vira paixão.
E isso não é bom.
Se distante, é colega.
Se colega, não é amigo.
E a amizade?
É termo de equilíbrio, por isso para poucos e bons.
Se sou amigo, não devo exigir além da amizade,
Se amor, não me é amigo.
Se amigo, pode ser eterno.
Se amor, só o "terno" e vestido branco.
Felicidade e infelicidade são tão próximos e tão distantes.
Guimarães Rosa já dizia:
"Infelicidade é uma questão de prefixo".
Então... vamos "re-começar"!

Mania nossa de dizer que "na segunda eu começo.
"No começo da semana eu vejo isso."
"Deixa comigo que no mês que vem..."
Não bastasse...
"No ano que vem serei outro".
Coisa de doido, "sô"!

A coisa só pega na primeira.
E a segunda?
"Marcha-ré", nem pensar!
Nem na nota...
Entendeu?

ORRA, MEU!!!

Vamos lá!
Vamos mudar.
Vamos começar agora, ainda no 30 ou no 31.
A vida não começa nos 40?
Então...?
Comece no 31!
Mas não nego, e sei que muitos pensam quase que como eu.
Este quase falecido,
quase passado,
foi "oda".
Ora com "s", ora com "f"!
Mas foi...

No pessoal:
infarto, licença, distancia de pessoas queridas e
"muito prazer" forçado a quem realmente deveria ser "a distância".
Foi "ODA", cara!!!

Você deve (com certeza) ter os seus "odas" também!

Conheci gente e "gente".
Um seminarista gente boa,
um motorista sem carteira,
uma diarista que se disse parteira,
um futurista que adora contar histórias,
um sujeito que se diz historiador
e defensor político das artes.
E o cara se sente!

Conheci uma "autruana" que não quer ter filhos,
mas pega no pé pior que mãe que deve pro social.

É...
Mãe que deve para o social é aquela que tudo aprontou
e hoje fica cheia de moral pra cima dos filhos.

Conheci uma "francesa" que me tirou do sério.
Deu vontade até de "ceiá-la".
Gostou do "ceiá-la"?
Então... era francesa.
Se assim não a fosse eu a teria "comido" mesmo!
Não me lembro...
Será que saimos...juntos?
Acho que sim...

À parte,
conheci algumas figurinhas interessantes.
Teve gente boa e "boa gente".
Artistas e arteiros.
E permaneci com os poucos e concretos amigos.
Contei 8 e somei 25.
Foi pura tolerância!
Certamente é assim que também entro em algumas listas.

Rolaram textos e contextos, e sexo.
Já coloquei um "x" em tudo que rolou.
E como "assinalei"!

Foi um ano de muita composição.
"Com-posição".
Fechei o ano deliciosamente no escuro.
N0 "ex-curo"?
Com um "r" apenas.
Deliciosamente o fechei!
Esperei por "amigos" que prometeram estar no Natal,
depois na semana entre Natal e Ano Novo,
depois, que "agendaremos..."
Esquecemos-nos apenas de marcar o ano!
Uma coisa que me chamou a atenção foi o número de pessoas
em dúvida e dívida com o social.
Mulheres que se arrependeram dos "casórios",
filhos que não queriam ter nascido,
"filhos da mãe" que ignoram os pais,
profissionais que não o eram,
homens"masculinizados" que se pensam assim.
É isso mesmo!
Homens que precisam se dizer homens.
Tudo para o social!
Birrento, meu!

Alguém precisa dizer pra eles que bastam ser.
"ODAM-SE" os outros!

Mas, não nego,
conviver com quem não é o que deveria ser é "ODA"!

E foi...

Mas, 2009 teve seus "ss" maravilhosos!

No pessoal, mudei de "canto",
de música e de direção.
Conheci novas pessoas, novos amores, mestres.
Mantive e fiz parceiros.
E joguei de letra, na se (é) ta
ou na "se (ê) ta".
Sei que joguei!

Dos meus dissabores (eles existem),
tem um que insiste em "ficar no meu pé".
Liga, faz convites.
É encontro,reunião, debate...
O cara não toma "semancol".
Sou apenas educado com ele.
Ele já "deu tudo o que tinha que dar".
Aliás, paguei caro.
Ele não me deu nada e ainda me tirou o que possuia.
Estou falando de material mesmo!
E ainda se faz de vítima...
Não bastasse, "enrolou" a outros.
Que o "padre" lhe dê perdão!
Conversei seriamente com um aluno que não sabe o que quer.
E pior!
Não quer o que sabe.
E na mesma escola me apaixonei por "Débora",
e sabia muito bem o que queria dela.
E ela de mim...nada de Maga!
Entendeu?
Continue...

Um outro dissabor é "produtor".
Até agora não sei o que ele produz.
Ou sei!
Para cima de mim, produziu uma pérola.
Disse-me: "Embora não aceite a sua maneira de ser..."
Que maneira, "produtor"?
Com certeza não é igual a sua,
que sempre desconfigurou relacionamentos.
Que nunca perdeu um defeito alheio para fazer "piadinhas".
E nem defeito físico!
E as crises?
Esqueceu do salva-vidas de outrora?
Eu (e o coletivo) é que nunca aceitei sua maneira de ser,
porque você nunca foi.
Para seu alicerce:
"Outros" é a mãe do produtor!

Sei que, nesses dissabores, feri.
Sei que magoei pessoas queridas.
Mas, "orra"!
Se elas me entendessem tanto como dizem,
não me forçariam ao "zero".
Elas sabem que usaram o compasso sem passos, na hora e no espaço errados.
Se é que sei o que é "certo" ou "errado".
Ou se isso existe mesmo ou é real invenção escolar.
Quer saber a verdade?
(O interessante é que, quando usamos essa expressão, mentimos o resto.)
Sinto apenas a falta de três dessas pessoas.
Como diz o sorocabano Glauber que não é Rocha, embora a seja:
"Dizer te amo virou expressão fácil, banal".
E concordo, Glauber!
Por isso vou dizer:
"Te quero", "Te gosto", "Te desejo".
Não vou dizer mais
"Te amo" com tanta facilidade,
a não ser na hora do "rala, rola e se esfola",
aí não tem como segurar expressões:
"Tudo o que vier eu topo...".
Lembra-se dessa?
Mas também sei que fiz sorrisos
e me fiz sorrir por isso.
E amei profundamente, mesmo que sem amar.
E foi muito bom!
Coisa de doido, não?
E como algumas pessoas me fizeram feliz..
Algumas com palavras, sorrisos, coisa leve.
Outras, "peso pesado"!

Bem...
Se você me entender, já me basta.
Caso contrário, também!

E que venha 2010!
Venha me fazer cinquentenário!
Jamais direi que estou pronto,
todavia direi que estou.
E estarei com as minhas janelas abertas,
escancaradas para fotografar o diferente.
E isto também me basta!

É senhores!
Tudo chega ao fim.
Para existir começo, algo termina.
"Ex-termina"!
E não façam como uma das minhas amigas eletrônicas,
que precisa mudar e não muda.
Não arreda o pé do nada e deixa o tudo passar.
Jura que o "próximo" vai ser diferente e se difere desse próximo.
Coisa de quem tem o que pediu e não o quer mais.
Se criança, poderia deixar de lado.
Como adulto, sofre por assim o ser.
Sê criança, menina!

Sendo assim, desejo a todos muita verdade,
muita capacidade,
muito bom resultado.
Também desejo poucos problemas.
Quiçá nenhum!
Que problemas sejam questões matemáticas
e nada mais!

E que não tenha ninguém para te "aporrinhar" a vida.
É de amigos que precisamos.
Os outros que passem,
ou que se tornem,
ou que nos conquistem para nos tornarmos!
E "aqueles outros",
que não retornem,
porque nunca me foram.
Se não "me", não "se"!
Entendeu?
FINALIZE, ENTÃO!

E por favor!
Não force ninguém a nada.
Não se sinta um "deus" e nem "endeuse" ninguém.
Apenas viva em paz e paz ofereça ao outro.
E paz não é bandeira branca.
É atitude,
ainda que com a bandeira vermelha nas mãos!

Lembro-me de um trecho de uma letra de música de Renato Teixeira e Jessé,
que diz:

"Somos todos irmãos da Lua/ Moramos na mesma rua/
Bebemos do mesmo copo/ A mesma bebida crua/
E o caminho já não é novo/ Por ele é que passa o povo/
Farinha do mesmo saco/Galinha do mesmo ovo [...] /
E o simples resolve tudo..."

A todos...

Boa passagem e feliz aterrissagem!!!
Saimos do 9.
Chegamos no 10.
E que sejamos 10!!!

E (ainda) nas palavras de Carlos Drummond de Andrade:
"...que todos saibamos transformar tudo em uma boa experiência!"

Até 2010!!!!
Com carinho,
João D'Olyveira

DESTAQUES DO MÊS