HELEU e o último telefonema




   
ALÔ, JONAS!

- Jonas, você está bem?
- Fique tranquilo, estou bem!
- Não é melhor você voltar pra casa? Estou aqui, esperando por você...
- Estou bem por aqui. Daqui a pouco as coisas passam, e a gente vai se encontrar. É só uma questão de tempo...
- Eu sei bem disso, mas você jamais passará, Jonas!
- O senhor também não...
- Fico feliz com esse seu carinho. Te amo de montão, ouviu?
- Ouvi, meu amigão! Te amo também!
- Se precisar estarei por aqui; mas, se preciso for, estarei por aí rs
- Tenho certeza disso!
- Cuide-se, Jonas!
- Cuide-se o senhor também! 
- Com Deus...
- Com Deus... Saudade...

Aquele telefonema foi o último de suas vidas terrenas. Jonas não havia revelado ao pai o seu real estado de saúde. A causa da morte física foi infecção generalizada, cinco dias após aquela curta conversa. No dia do telefonema, Jonas estava concluindo a terceira semana de agravamento da doença. E tudo sozinho, calado, porque assim havia desejado. Justamente naquele dia apresentou melhora, talvez para poder se despedir do pai. Coisas da vida e da morte!

Seu pai partiu no sexto dia, orando por Jonas. Talvez até soubesse da partida do filho, por esta razão o volume de oração a ele direcionado. O pai, também, não revelara ao filho que estava doente. Causa da morte: solidão! 

Não desacredito de nada neste Universo, tudo é possível até que não o seja. O relacionamento pais e filhos tem lá seus mistérios (ah, isto tem!), que somente pais e filhos compreendem (ou não!). 

E assim partiram, quase juntos, com o mesmo desejo: "Com Deus...". 

Se eles se encontraram na eternidade, não sei! Se Deus os recebeu ou ainda os receberá, também não! É difícil até pensar sobre isso. São mistérios. Na verdade, preciso até entender melhor essa coisa do "eterno". Sei apenas que, por essas razões, aqueles que se amam jamais deveriam se distanciar um do outro por tempo tão longo. 

Nesse jogo temporal, nada nem ninguém deveria impedir encontros de pessoas que se gostam. Somente elas deveriam decidir sobre seus gostos. E para ausências sentimentais não há justificativas plenas, até porque as presenças não precisam ser, obrigatoriamente, diárias. 

E outra: esperar pela eternidade demora muito e, consequentemente, causa muito dor a quem aguarda o tempo de encontro com o outro que já se foi. Isto se ocorrer, é claro!

Quer saber de uma coisa?

Quem sente saudade não deve fazê-la doer. Deve matá-la! Não é?!


João D'Olyveira



                                                        "O Filho que Eu Quero Ter"
Conhecida pela voz de Chico Buarque, a música é uma composição da famosa parceria entre Toquinho e Vinicius de Moraes, lançada em 1974. A canção surgiu da vontade do primeiro de ter um filho, ideia incentivada pelo segundo.

HELEU e a outra estação



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OUTRA ESTAÇÃO


Era uma estranha tarde de um domingo de outono. Olhava fixamente para aquela avenida deserta. Não havia motores nem transeuntes. As árvores pausavam em descanso. Até os pássaros, naquele momento, desistiram de bater as asas. Invertendo as posições, possivelmente estaria sozinho no edifício onde moro. Talvez a única janela aberta fosse a minha. Na janela, um "eu" em busca de um "nós". Entre nós, no horizonte do meu olhar, um trem de carga deu sinal de vida. A buzina do trem e o tocar do sinaleiro interromperam o silêncio que insistia em se alongar. Despertei-me e tudo voltou ao anormal: o trem, os carros, as pessoas, os tais transeuntes. Afinal, normal para mim é o silêncio, o vazio, o oco.

Não tive dúvidas. Dei as costas para a avenida, fechei a janela e carrilhei-me sobre o tapete. Não pertencia àquela realidade que estava para além da minha janela. O aquém agora era o que me importava. A minha realidade era outra, uma suprarrealidade desejada pós-evasão. Uma evasão tão necessária quanto meu oxigênio. Buscava, noutro silêncio, um tempo e um espaço somente meu e do meu eterno amor. Não estava mais em um edifício fincado em uma avenida. Não estava mais em meu quarto. Simplesmente, não mais estava. 

No ínterim, uma voz suave a me chamar. Uma brisa suave e perfumada. Um toque leve e agradável de bem-querer. Não a via, apenas a ouvia. Então, decidi por fechar os olhos, desejando ampliar meus outros sentidos, quando uma linda melodia ganhou meus ouvidos. Sem medo, entreguei-me àquele momento. Nessa entrega, senti um leve toque em minhas mãos, as quais foram conduzidas a um movimento ritmado, assim como todo o meu corpo. Tudo se fez melodia. Tudo estava ritmado. Começamos a bailar. E tudo era tão dócil, tão delicado.

Depois desse bailar, no alongar das horas que não se faziam cronológicas, um também longo e carinhoso beijo em meu rosto. Aos poucos, contudo, aquela cena foi se desfazendo. Cada soma de ingrediente que constituiu a cena foi sendo subtraída dos meus sentidos. Tudo foi esvaecendo, porém, sem lágrimas, sem arrependimento. No jogo matemático do momento, multipliquei a saudade que sempre levarei comigo. E tudo sem dor, apenas prazer; pois, aprendi que somente sente saudade de alguém, quem ainda permanecesse com esse alguém. 

Enquanto me recompunha e atinava-me em outro tempo e em outro espaço, isto porque retorno ao presente sempre será passado, desejei tê-la novamente em meus braços nos dois planos que se apresentavam. Imprescindível a mim seria poder novamente recostar minha cabeça em seu colo, tocar suas mãos, ouvir seu memorável canto e, juntos, sonharmos tantas outras vezes nossos sonhos sempre dourados. E bailarmos repetidas vezes no compasso das nossas melodias preferidas.

Eu sempre me lembrarei da sua despedida. Ela se foi dançando e cantando, como teria que ser. E hoje, com imenso prazer, divido com vocês um de meus tantos sobressaltos, os quais não mais me assustam, apenas me preparam para necessários encontros além-terras, além-mares, além-céus. Opa!  Estou a ouvir a buzina de um trem e o tocar de um sinaleiro. Isto significa que é momento de me encontrar em um cavo, um vão infinito, mais uma vez. Assim, uma vez mais, peço sua bênção, mamãe! Permaneço em ti...


João D'Olyveira





HELEU e a virgindade





Na minha primeira vez, eu era apenas um moleque curioso e apaixonado. Por esta razão, acreditei fielmente naquela jovem profissional, que me fez protagonista de uma inesquecível descoberta, tão intensa e prazerosa. Lembro-me, em detalhes, do primeiro toque, do corpo em febre, dos lábios sobre os lábios, dos lábios delas sobre minhas vergonhas e dos meus sobre as vergonhas dela. Uma suave e perfumada melodia produzida por nossos órgãos sexuais: nossos concavo e convexo. O melhor de tudo é que nada se fez pela brutal força física, porque os dois buscavam a satisfação. O prazer, sim, este era intenso. E tudo isso me ensinou muito: nada forçado é bom!

O carinho foi recíproco, como deveria ter sido. O depois foi bom. E...depois desse e de outros encontros vieram as namoradinhas. Sentia-me um veterano. Pura ilusão! O tempo nos prova que cada novo encontro será sempre um novo encontro. O que me incomoda mesmo é ver algumas pessoas colocarem sexo em um único recipiente, como coisa má. Sexo é bom, faz bem... Tem que saber equilibrá-lo às outras ações da vida, apenas isto! Nem muito, nem nada rs Com direito à escolha, é claro! Sem com isso "preconceituar". Lembra-se da sua primeira vez? Refiro-me à primeira prazerosa; aquelas que assim não foram, delete-as rs 

Com todo agradecimento e respeito por lições tão profundas, hoje bateu uma boa saudade das minhas professoras sexuais da adolescência. Um brinde a elas! 


 João D'Olyveira


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HELEU e a paixão



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A viagem está sendo boa; a companhia, ótima! Tudo está conforme o não planejado. Por exemplo: havia muito tempo que não andava de mãos dadas pelos passeios públicos. Não nego que achei estranho, porém, também não nego que gostei dessa nossa atitude desmensurada. Talvez seja porque... Talvez, não! É fato: os meus "amores" têm sido mais de escortina, o que me impede de expô-los como fato comum do cotidiano.

Ontem demos uma literalmente  "de turistas", com ritual guiado e tudo mais. À noite, curtimos  com os amigos, até altas horas, no bar do hotel. Depois, cada qual pro seu próprio quarto. Hoje de manhã, durante o café, cheguei a gargalhar muito, trocando causos escolares e outros. Que me lembre, meu último gargalho ocorreu no final dos anos 90. É... está lá, perdido numa fotografia, a qual não sei por que ainda mantenho no velho álbum.

Café tomado, um  prazeroso passeio ao horto. Diferentemente do dia anterior, fomos apenas nós dois. Os amigos decidiram por outra atração turística. Juntos, papo-livre e boas lembranças diversificadas. Caminhamos por trilhas, que transformávamos em longas avenidas, tamanha estava sendo a nossa felicidade. Sentíamos-nos em uma viagem somente nossa. Estávamos felizes. Aliás, estamos!

No horto, uma oportuna pausa para admirar a natureza, ouvir o canto dos pássaros vencerem o ruído dos motores. Tudo muito zen! E nós dois juntos naquela selva inserida nas pedras urbanas. De um lado, prédios; do outro, uma mata semifechada. Ao centro, dois apaixonados solidários e não revelados. E como todos os apaixonados, hipérboles insistiam em marcar presença em nossas falas, nossas atitudes. Isto justifica o horto em que estávamos se tornar uma selva, entre tantos outros exageros que ocorrem nesses momentos, os quais somente quem se apaixona pode entender.

De repente, novos movimentos das mãos. As danadinhas foram ganhando vida própria, buscando mais que apenas outras mãos. Bem mais "calientes" que as primeiras pegadas. Não nos repreendemos, até porque não havia um porquê justificado. Carícias, toques, aproximação dos lábios em descontrolada respiração. Tudo foi acontecendo sequencialmente. E tudo nos levou a um longo e saboroso beijo. Enquanto o beijo rolava, os olhos se mantinham serrados, talvez para enxergar melhor o nosso íntimo. As mãos é que ganhavam olhos. Assim, também,  nossas línguas. Como somos um todo, nossos sexos também se beijaram da forma permitida para o local e o momento.

Depois, olhares e sorrisos comprometedores. Embora incompleta, a ação havia sido prazerosa. A respiração mantinha-se rápida e aquecida, provocando risos mais declarados. Nossos sexos apenas "deram um tempo", mas explodiam em nossas intimidades. É... Não havia dúvidas sobre nossos desejos, muito menos arrependimentos. Nesse contexto, aquela fala mansa e desejosa: "Vamos voltar pro hotel?" Sem exitar, a minha maneira de responder nessas horas: "- Humhum..."  E fomos!

Para conhecimento, a viagem continua sendo boa; a companhia cada vez melhor! Passamos a tarde no quarto do hotel, que agora estamos dividindo. Sexo, sexo e sexo. Também, um "lanchinho da hora". Depois do sexo, sempre sinto uma "larica" danada. Neste momento estou na sacada do hotel, observando os transeuntes decididos ou indecisos caminharem pelos passeios da longa alameda calçada de paralelepípedos. Enquanto os observo, traço um "baseado", baseado em algo que não consigo ou não quero entender. Sei lá!  Concreta mesmo, apenas a brisa leve e fria que toma conta da noite. A impressão que tenho é que ela me solicita ser aquecida.

Dou às costas pra rua e olho pela vidraça o interior do quarto. Na cama, um corpo seminu movimentando-se pra lá e pra cá, à procura do melhor encaixe para o tronco, os braços, as pernas. E que pernas!  E aquele bumbum angelical? E a boca? Hummm... Lábios carnudos. Gosto de lábios carnudos. Eu frente a um ser tão cheio de vida, tão jovem, tão belo. Vencido pelo prazer, não resisto e volto pra cama. Sorriso matreiro e pensamento maroto: "Que bom que essa viagem só vai terminar daqui a dois dias!"


João D'Olyveira




HELEU e o coração monitorado



I

Nesta manhã tomei um banho demorado. Por longos minutos, até achei que estava sendo meu último banho terreno. Lembrei-me da expressão "vira essa boca pra lá" e segui o caminho das águas. Ao cair da água morna sobre meu corpo, pensava distantemente da realidade em que hoje vivo. Nada do meu presente se fez presente naquele presente "in box". Sem um esforço qualquer, busquei na minha infância os meus mais íntimos momentos de felicidade. O real era que, sob aquele pensar, não rolou uma simples busca, mas um significativo processo de recuperação alimentar "almística". É isto mesmo:"recuperação alimentar almística". Afinal, estarei sempre seguro de que as coisas boas da minha infância me alimentam nessas horas. Elas sempre me foram e serão meus bálsamos. Bem, vamos adiante! Enquanto me banhava e deixava jorrar meu pensamento pueril, concomitantemente, devolvia-me o direito de resgatar frações perdidas da minha felicidade. 

De repente, duas mãos molhadas esfregaram vagarosamente meu rosto, levantando minha cabeleira para trás, a retirar o excesso de água que corria sobre finos fios de cabelo, acortinando sobre meu rosto. Era eu próprio interrompendo meu pensamento, agindo como uma manivela a me devolver à realidade daquela manhã sem sol. Ocorreu um corte preciso entre minha "supra" e minha realidade. À frente dos meus olhos, um registro a fechar. Era preciso dar uma pausa à água e um momento para um "shampoo" e um hidratante cumprirem suas funções. Depois, um "sabonetear" antibacteriano por completo. Tudo deveria ser muito bem lavado, sem exceções. Já havia sido informado de que seriam 24 horas sem banho, para que eu pudesse me submeter aos caprichos de um tal de Holter. Um "sujeitinho mecânico" que, além do mais, exigia que eu, após aquele banho, não fizesse uso de cremes ou loções na região do tórax. Nesta melancólica manhã, minhas ações foram as seguintes: banhei-me, refleti em pretérito quase-perfeito (porque ninguém é perfeito, nem em pensamento rs), aprontei-me minuciosamente para um necessário monitoramento cardíaco.

II

Desde às 9h48min45seg deste dia 29 de fevereiro de 2016 estou sendo monitorado por um dispositivo portátil que pesa cerca de 100 gramas. Ele está acoplado na minha cintura. Devo executar todas as minhas ações regulares para que o referido monitoramento faça sentido. Em silêncio, ele registra meus batimentos cardíacos, detectando alterações ao longo de um período que será de 24 horas. Já me revelaram seu objetivo principal: avaliar as variações do ritmo e da frequência cardíaca da minha máquina chamada coração. Hoje ele dormirá comigo. Já sei de suas "boas intenções". Disse-me um especialista nesses monitores, que ele está comigo para detectar possíveis arritmias ou disritmias. Não bastasse, ainda deseja identificar, em meu coração, umas tais e possíveis isquemias silenciosas. "Quem me conhece, que me compre". Sabem disto: sempre procuro agir em silêncio frente às minhas ações. Todavia, não nego que hoje me preocupam essas tais "isquemias", especificamente por serem silenciosas. Estou na torcida para que o silêncio realmente valha ouro.

III

Estou também pensando seriamente em ir para a cama mais cedo que o de costume. Não sei se é uma boa eu realizar todas as ações como se não percebesse a presença desse tal Holter me espionando. Embora um friozinho ocupe meu dia, decidi por ficar a peito nu. Quero mesmo é deixar bem à vista os eletrodos de contado, que foram aderidos ao meu tórax e conectados a um gravador por meio de cabos. Como os fenômenos naturais estão meio malucos ultimamente, chuva e sol sem controle, torço muito para que não caíam raios por perto. Olho-me o tempo todo como um chamariz ideal para essas quedas. 

IV

A todo momento do dia e até neste momento, o ordem é que eu devo acionar um botão de eventos sempre que apresentar algum sintoma anormal, como "coração acelerado", "tontura", "cansaço". Até o momento, tudo bem! Só o meu pensamento continua voando por aí, sempre para eventos ocorridos em minha infância. De resto, nada que se possa registrar como "anormal". Estou também a fazer uma "viagem de bordo", isto é, um registro de todas as atividades realizadas durante o período de monotorização. Estou anotando todas elas minuciosamente. Os porquês serão me revelados no consultório do meu cardiologista.

V

Exame feito. Monitoramento realizado. Em uma semana saberei o resultado desse processo. Só tenho um "medinho" rondando minha mente, e juro que ele não é nada infantil: "Tomara que esse tal do Holter não revele meu sentimento mais profundo". Até porque ele deverá, em momento oportuno, ser revelado a quem não se chama Holter. E meu desejo é que seja revelado ainda neste plano. Caso contrário, estará bem guardado em meu "coração mental". Agora, cá entre nós, em qualquer situação, como é "chato" ser monitorado!


João D'Olyveira



HELEU e o tempo pedido


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A todo tempo estou solicitando um tempo ao tempo que passa. O tempo, atencioso, sempre me concede o tempo pedido. Todavia, independentemente do meu tempo vivido, o tempo somado ao meu tempo ainda me é um mistério. Por que o tempo solicitado me é concedido? Sem resposta até o tempo presente. Enquanto o tempo passa, ganhando conjugações, Machado sussurra em meu ouvido:"O tempo caleja a sensibilidade". 

João D'Olyveira



HELEU e os amores eternos




TUDO TÃO SIMPLES


É tudo tão simples: algumas pessoas entram em nossas vidas apenas para nos proporcionarem memórias maravilhosas. São nossos amores eternos!



João D'Olyveira


HELEU e o acordar do coma



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"Hoje eu vou sair
Trazer pra vista a luz
Pra eu poder escrever
O que não se traduz
Pra me fazer sentir
Pra eu me banhar de vento
Pra eu deixar escapar
O que sobra aqui dentro"

(Lucas Silveira)


Sempre busquei alguém para comigo estar e participar ativamente da  minha vida. Amigos e amores. Um ou outro; ou os dois. Para estar bem, preciso de "gente boa" do meu lado. Assim, quando não é das minhas, dispenso com classe, sem medo de me enganar. Já, quando sinto que não me será "boa", nem me socializo para as apresentações. Afinal, é sempre melhor poupar o nosso tempo, que nos é tão precioso. E esse tempo tem sido demais de honesto comigo. Ele sempre me responde a contento, sem pestanejar. Sou eu mesmo quem, às vezes, deixo o tempo passar em vão e...em vãos.

Sobre meus gostos? Gosto de conversar assuntos diversos, discutir atualidades, falar e fazer arte: teatro, música, cinema, literatura. No sentimental? Gosto de carinho, de carícias, de beijo, de sexo. Gosto até de ficar calado, "conversando" no silêncio do tempo e na acomodação do espaço, preferencialmente recostado ou deixando-me recostarem a cabeça no colo ou nas pernas. Como no tempo de criança, no "colinho da mamãe" rs 

Durmo na posição fetal. Segundo alguns estudos, essa posição revela pessoas que passam a impressão de serem duronas, mas são extremamente sensíveis. Podem ser tímidas, quando conhecem alguém, mas logo relaxam. Indica conflitos pessoais que precisam ser resolvidos com o apoio de amigos. Um "bocadinho" de insegurança também. 

Outra posição que me é bem particular é a de me agarrar no travesseiro, ação que não se distancia do já anunciado. Isto tem muito de solidão, ainda que tenha alguém ao lado e não se apresente socialmente solitário. Há quem tenha sempre alguém ao lado, porém, distantes. Uma parede se forma entre eles. Isto é cruel "para ambas as partes", diria Russomanno.


Então...mas o "problema" é que me apaixono com facilidade por aqueles que estão ao meu lado, a quem ofereço ou solicito esse aconchego. E tudo isso gera uma grande confusão em minha vida sentimental e, certamente, na vida do outro também. Uma hipérbole que atinge tensos limites: amizade e paixão. As ações tendem a construir uma linha tênue entre o ser, o estar e o não permanecer. É confuso, eu sei, mas com "jeitinho", penso eu, é possível entender o que escrevo por aqui. 

Nessa travessia em vida, tudo se perde numa enorme interrogação, que espera uma tese como resposta. Anormalmente, os olhares se cruzam mais que as palavras, a necessidade de um toque físico deixa de lado o apenas desejo da pureza e as ações subsequentes ultrapassam o prazer, que são outros limites dominados pelos próprios limites e não por antecipação. Alguma coisa sempre "rola": um beijo, um toque a mais, um silêncio gritante, excitação. Qual o resultado? Travas, afastamentos, arrependimentos, solidão. Ou longas conversas sem nexo. E pior! Sem sexo rs

Sei que afastei muitos que já estavam comigo e outros tantos que desejavam a mim se unir. Eram ações plenamente encaminhadas, que não "rolaram". Em razão desses fatos, a dúvida fez minha certeza falhar por diversas vezes: afastei-os de mim ou me afastei deles, não necessariamente nesta ordem. Os caminhos da harmonia, para essas narrativas psicológicas, quase sempre são opostos. Não nego que "bate" um arrepio. Há ranger de dentes e um frio intenso n'alma em algumas madrugadas vazias. Dependendo da extensão dos sintomas, ultrapassam as madrugadas, invadindo dias, ganhando novas noites. E já foram tantas noites assim!

Hoje não tenho dúvidas,  os meus excessos são meus vícios mais incômodos, porque geram demasiados questionamentos e, consequentemente, imediatismo nas respostas que não se concretizam, porque não têm por que se concretizarem. E esse imediatismo do querer uma resposta me faz perder o sabor das possibilidades que compõem o texto-resposta. O miolo do pão, entende? Sei disto, trato-me disto. Já fui até ao Psiquiatra rs Tento vencer e me vencer. Tudo está ocorrendo paulatinamente.

Esse questionar excessivo causa distanciamentos que se acumulam, fazendo com que entrem em cena os antinaturais receios, que me freiam, gerando dúvidas de permanência e ditando sucessivamente a não permanência. Os rompimentos se mostram em talhos, que fazem doer qualquer atalho de aproximação. Eles, os rompimentos, tornam-se fatos cotidianos. Assim, o próprio fim perde uma oportunidade de ser feliz, porque não fecha os ciclos, não seca as lágrimas, não estanca o sangue, não cicatriza as feridas.

Normalmente afasto a felicidade antes de questioná-la e dela obter resposta, ciente de que estava feliz naquele momento. Refiro-me ao questionamento interno, que caminha lento e natural, como em outro ser humano, que, neste caso, chamaria de normal ou menos anormal. Por acreditar em um "não", acabo por encerrar antes de começar a ação que poderia dar certo, aquela denominada promissora. Tem sido assim há muito tempo. As carochinhas eram minha máquina do tempo na infância hehehehehe

Retomando o fato que gerou essa conversa, ultimamente tenho lido algumas coisas interessantes sobre esse descontrole, que é chamado de "ansiedade" ou, perigosamente, "posse por antecipação". Também, tenho assistido a alguns filmes e a algumas séries que me têm remetido profundamente aos meus "problemas" e às minhas "carências humanas" e, talvez,  a de tantos outros por aí.

Ainda que esteja a ouvir falar de guerras, atentados e o "escambau" (caralho, pros íntimos rs), neste instante, são as minhas "guerrilhas" que precisam de solução. Minha "Mariana" também anda lamacenta. Sem egoísmo, mas, antes, preciso cuidar de mim. Estou com uma sede de amor que você não a imagina. Quero alguém ao meu lado já! Pura campanha, né? E assim é kkkkkkkkkkkkkkkkkkk

Os livros, os filmes, as séries têm me ajudado muito. Tanto que já estou a decidir sem tantos medos. Recentemente ousei até olhar para alguém de uma forma que nunca havia olhado, ou seja, um olhar na medida da possibilidade e não do sonho isolado da realidade de vida. Sem "frescuras de educação". Olhei com gosto de olhar. E não é que fui correspondido? Uau!

Não sou adepto a festas, mas aceitei um convite. Estava lá nessa festa, entre "poucos" amigos, quando "esse olhar" aconteceu. A correspondência foi imediata, assim como o tremular das pernas e da mão que segurava uma taça. Ficamos a nos olhar e, no broto do sorriso maroto, um gole atravessado de vinho tinto, que se tornou seco de prazer em razão da peripécia ocular, como agem os meninos levados. 

Tudo bem...mas eu queria mesmo era ter sido mais ousado e menos apressado. É isto, mais ousadia clássica, o que me falta para essas conquistas. Tem hora que fico de "saco cheio", cansado de ser ator a todo tempo. Tanto, que representar é uma dádiva que estou dispensando neste momento da vida. Estou, também, a doar meu DRT de imediato, para apagar todos os meus contos dessa fada...safada.

Dessas novas aprendizagens, nesta fase que me tem requerido mais atenção, o destaque vai para a majestosa percepção presente naquele "olhar". Acredito até  que já a possuía, contudo não a utilizava devidamente. No decorrer da minha narrativa de vida tem dado até muito certo, falta agora tabelar e chegar ao porquê. Uma questão-problema seria: "Será em razão das diferenças humanas e/ou sexuais humanas?" O que será, que será? Isto eu ainda não sei...mas saberei!

Uma possível resposta está em saber olhar-se e saber olhar as coisas ao redor, sem meandros. É isto que me tem dado inspiração para uma parceria tão desejada, visto não desejar permanecer tão só como estou me sentindo ultimamente. Tornei-me uma autovítima de uma solidão proposital e planejada para uma época, que não deveria ter ultrapassado tantas outras, como está a acontecer sem dó nem piedade. Eu mesmo me acuso e me repreendo. Afinal, sou o próprio carrasco das minhas falhas, enforcando-me nas próprias cordas do meu coração. E já são duas "cordinhas" necrosadas rs 

Não nego que ainda estou sonolento nisso tudo, mas estou a acordar em doses curtidas em barris de carvalho. Já até memorizei minha primeira lição anônima: "Quem olha para fora, sonha; quem olha para dentro, acorda". Lógico que não estou deixando de sonhar, mas acordando para a vida, enquanto esta ainda insiste em permanecer em mim, mesmo depois de cinco infartos rs

Uma coisa é certa: sinto-me deixando muitas coisas para trás. Um recomeço me acalora todas as manhãs e me segue nos dias que se sucedem. Sigo adiante. E tudo porque estou ciente de que preciso morrer para renascer um outro alguém com outro alguém. Estou, também, a eliminar velhos ditados, como: "antes só do que mal acompanhado", "solteiro sim, sozinho nunca". 

Na real, sem medo de errar no pedido a São Jerônimo (o orixá Xangô, na Umbanda), na escola do amor, quero ser mais aluno que professor. Ah, isto eu quero mesmo, e é pra já! 


João D'Olyveira


HELEU e o outro oculto



"Onde queres o ato, eu sou o espírito
E onde queres ternura, eu sou tesão
Onde queres o livre, decassílabo
E onde buscas o anjo, sou mulher"

Caetano Veloso

O momento sugere 
reconhecer que a vida 
é muito mais ampla do que muitas vezes percebemos.

Comprovadamente, 
nossos limites 
são sempre indevidos.

Erroneamente, 
achamos que nossas opções são restritas.
o que é um ledo engano.

Estamos enganados,
 não devemos ignorar a extensão 
das nossas reais possibilidades.

Colocar na cabeça somente "aquela coisa" e
colocar no coração somente "aquele alguém"
é esquecer que há um redor próprio a ser explorado,
para além daquilo ou daqueles que nos foram valores.

Os valores se tornam ultrapassados:
 "tudo no seu devido tempo".
.
Nesse contexto,
há tempo para chegar e há tempo para partir,
por isso  "não podemos perder tempo".

Logo, 
se tivemos um tempo para ter e não tivemos,
se tivemos um tempo para amar e não amamos,
"perdemos tempo".

Então...

Vamos olhar com mais atenção ao nosso redor,
 para enxergarmos outras possibilidades,
que são portas ou janelas que se abrem para alívio da alma e consolo do coração.

Nesse contexto,
outras "coisas" e outros amores serão muito bem-vindos,
assim como  serão mais uma vez bem-vindos "coisas" desejadas - agora renovadas - e amores - agora "outros".

Já estou com a minha plaquinha no peito: 
PROCURA-SE!

João D'Olyveira


HELEU e Nossa Senhora Desatadora dos Nós



Mãe de Deus,
nossa mãe,
desate os nós que nos sufocam e travam nossa caminhada,
insistindo em permanecer em nossa vida,
querendo nela fazer morada.
São nós profissionais,
financeiros,
familiares,
sociais,
relacionais,
físicos,
sentimentais,
amorosos e tantos outros.

Senhora Divina,
livre-nos desses males que nos atormentam,
os quais sempre nos são ofertados por aqueles que nos enganam ou construídos por nós mesmos,
durante nosso afastamento de Deus.

Desate-os neste momento,
por favor,
assim como afaste de nós aqueles que não desejam o nosso bem.

Assim,
Desate os nós e os falsos marinheiros que navegam ao nosso lado.

Com o poder de NSJC,
amém!





HELEU e oração da maré mansa



Arquivo Pessoal

"Pode sorrir se quiser 
Eu não vou me incomodar 
Sei que contra a maré 
A gente não pode remar 
Agora sei 
A dor de uma ingratidão 
Mas a maré vai levar 
As mágoas do meu coração [...]" 


(Martinho da Vila & Paulinho da Viola, 1972)


Diga aí, 
que importância você está tendo em minha vida neste momento?
Quer responder ou prefere que eu a responda?
Eu respondo...

- NENHUMA!!!

Estou mesmo é de "saco cheio com as lembranças, 
que infelizmente são somente minhas.
Não nego,
se pudesse podar o tempo,
eu o podaria agora,
sem restrições nem arrependimentos.

Cancelaria também todos os nossos encontros,
ignoraria todos os nossos desencontros,
cancelaria-nos de nós mesmos...assassinaria a linha  reta que nos cruzou.

Todavia,
há lembranças que não desejam desaparecer de vez,
embora haja provas suficientes de que eu as pedi para desaparecerem.
 até em orações ditas,
benditas e malditas.
De resto suplico todos os dias que elas desapareçam do meu mental,
pois sei que do coração é difícil...mas um dia sai...de vez!

Há um gosto externo de desgosto e um desgosto interno de permanência,
um algo de difícil tratamento,
porque é a junção de um querer com um nunca mais querer,
como em Camões.
Aquilo que não mais me interessa está agora amarrado ao que um dia muito me interessou.  

É confuso, 
porque não é concreto.
É concreto porque foi planejado,
em partilhas.

É algo que não se resolve num passe de mágica,
 porque foi cultivado com carinho e não apenas se fez fruto de uma semente jogada ao léu.
Semente plantada,
regada,
cuidada com muito carinho.

A expressão "saco cheio" utilizada anteriormente fez-se oportuna na construção, 
visto que o gozo já se foi sem nunca ter se completado como prazer desejado.
Tudo,
 na verdade,
foi um amontoado de risos e lágrimas,
de aplausos e vaias,
de degustações e vômitos.
Um amontoado de ilusões...um desmanche de almas!

Contudo...
graças às forças do Universo,
esse tudo que sentia  por você já se desnudou com os novos compromissos, 
fazendo brotar  novas esperanças, 

E dentre essas novas esperanças,
a de nunca mais me apaixonar por alguém igual a você,
tão fútil e inconsequente,
tão falsamente inocente,
que ainda insiste num texto repetitivo de "não entendi" o que está acontecendo.
Urg!!!

Ah...e tem mais!!! 

Estou desapegando de tudo de você que está me fazendo mal, 
de tudo de você que está me fazendo sofrer, 
de tudo de você que ainda  se faz adocicado sem o ser.

E sabe como?
É que clarifiquei em meu mental que tudo são apenas falsos açúcares!

Aliás, 
sempre desacreditei de expressões dóceis em demasia,
porque todas elas se apresentam caracterizadas de falsas inocências,
sem pudores,
sem amores,
apenas dissabores.

Não nego,
porém,
que sempre disfarcei aceitá-las, 
porque sempre serei adepto da paz e do amor, 
características que herdei de sábios mestres,
no final dos anos 60,
ativamente vivenciadas nos anos 70 e 80,
adaptadas para o resto do resto do resto da minha agora curta vida.

Eram outros tempos modernos...mente e coração!

Hoje, 
o que mais quero é desapegar daquilo que não tem mais volta,
daquilo que nunca caminhou comigo par a par,
daquilo que apenas me fez servir de via fácil para um trânsito caótico de uma juventude mais caótica,
como a brincar de bumerangue,
num vai e volta desgastante e sem graça.

 Estou cansado da vida em sala de espera,
agendado e não cumprido o horário de atendimento humano,
porque desumano.

Jamais me esquecerei daquele domingo de ramos que se fez dia de finados,
daquela comemoração forçada,
enganosa e ilusória,
do cumprimento que se fez comprimento.
Ô arrependimento de ter aceitado aquele convite!
Sofri tanto aquele dia...

Também, daquele jantar com gosto de ceia venenosa,
daquele sol que não brilhou e apenas me queimava a alma.
Dia triste aquele e outros que me fizeram tão mal,
porque falsos,
obrigados,
forçados ao nada.

Então, 
em nome da nossa liberdade,
você vai me ajudar muito se não aparecer mais em meus pensamentos, 
não forçá-los nos entraves,
nem retorná-los em quaisquer circunstâncias.

É simples:
não apenas faça de conta,
mas assuma que nunca estive presente em sua caminhada,
que  este sujeito determinado simples e oculto nunca nada lhe falou, 
nada lhe fez,
nada lhe propôs,
em nada lhe interferiu.

Em suma:
esqueça-me de vez,
porque eu nunca existi em sua vida e nem você na minha...nunca!

Ser esquecido é dolorido demais,
então não me lembre e nem se lembre em mim,
para que essa dor inexista.

Sem mais para o momento,
agradeço a atenção que me será ofertada,
como uma última gota das lágrimas que derramei por você e que procurarei não mais as derramar.

Nós não nos merecemos,
nem na maré baixa e nem na alta,
isto é fato!

O bom é que "depois da maré baixa sempre tem a maré cheia".

Pode sorrir  (ou rir) se quiser...amém!

João D'Olyveira




HELEU e a porta entreaberta




PORTA ENTREABERTA

Está muito difícil
acordar de manhã e não ter mais você ao meu lado,
mordendo minhas orelhas,
recitando Cecília, Clarice, Pessoa;
cantando Caetano, Chico, Elvis.

Está muito difícil
curtir o bem-te-vi das manhãs na vidraça do quarto,
não ter mais a mesma visão de outrora:
nós e o pássaro,
o cantar do pássaro e o nosso cantar.

Está muito difícil
dobrar a roupa de cama,
recolher o pijama e o lençol,
sentir apenas o meu cheiro no travesseiro.

Está muito difícil,
preparar apenas uma xícara de café,
ladear apenas um prato de sobremesa e um casal de talheres,
omitir o sabor e o aroma prazerosos de outrora.

Está muito difícil
passar mel e requeijão no pão de forma salpicado com castanhas,
espremer as laranjas no liquidificador,
lembrar-me daquela sua sensual lambidinha...no pão e no meu pescoço.

Está muito difícil ouvir Dio come ti amo
que se fez tão nossa,
rodando num vinil postado na velha sonata do armário de ferro,
enquanto nos banhávamos em nossa branca banheira de pés curvados.

Está muito difícil
conviver com esses gritos e gestos tão íntimos, internos e intensos,
assim como aceitar que recordar é viver,
enquanto morro de saudade a cada nova manhã.

Está muito difícil
achar respostas para a sua partida,
que não teve requinte de despedida nem entrega das chaves.

Está muito difícil...


                                                                                                                   João D’Olyveira



"Nosso caso
É uma porta entreaberta [...]
Há um lado carente
Dizendo que sim
E essa vida da gente
Gritando que não..."


(Gonzaguinha)




HELEU e o agora

Pensador do Agora

Arquivo Pessoal

Hoje li Fernando Pessoa.

"É bonito ser amigo, mas confesso: é tão difícil aprender!
E por isso eu te suplico paciência.
Vou encher teu rosto de lembranças,
Dá-me tempo, de acertar nossas distâncias."

Hoje pensei muito em você.

Senti saudade dos nossos encontros, 
das nossas saídas,
das nossas madrugadas, 
das nossas manhãs,
dos nossos cafés, 
dos nossos pés se tocando,
como a dizer algo secreto.

Hoje me lembrei das nossas "comidinhas"  e "bebidinhas" madrugadas afora.

Lembrei-me das "japonezinhas",
das pizzas, 
dos beirutes, 
das esfihas;
da geleia de morango no pão de forma,
salpicado com castanha de caju;
do patê de truta no pão sem glúten;
das cervejinhas especiais,
do vinho,
da cachaça envelhecida;
do chocolate amargo.

Hoje vivi intensamente nosso passado tão recente.

Ouvi Caetano por inteiro e chorei quando ele cantou Sozinho.
É...fiquei juntando o antes e o depois, 
desejando intimamente o nosso agora.

Hoje me questionei.

Por que não me colei em você?

Hoje refleti sobre nossas possibilidades.

Vieram à tona nossas atitudes, 
sob a irreal maturidade das nossas idades, 
dos nossos planos secretos,
que não os abrimos e nem nos abrimos para eles.

Hoje pensei e repensei.

E de tanto pensar e repensar, 
decidi mais uma vez esperar um pouco mais,
para além do apenas pensamento,
acreditando, como sempre, na sinceridade do tempo,
que tarda, arde,
mas não falha.

Hoje me senti sozinho.

E sozinho, ouvindo Sozinho,
fui amando você gota a gota,
paulatinamente,
cuidando a distância de quem eu tanto gosto,
em pensamento terno e eterno.

Hoje fiz planos quase secretos.

E nesses meus planos,
até indiscretos,
apenas um desejo a brotar:
que  você me ganhe desmedidamente,
porque não consigo me interessar por outro alguém.

Agora...me diga: 

Onde está você agora?

Hoje pensei e repensei muito em você...


João D'Olyveira



DESTAQUES DO MÊS