Heleu e o futuro do subjuntivo



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SE

Se um dia não mais chorar de saudade
Se a minha vida ganhar outra direção
Se não mais pronunciar seu nome
Acredite
Tudo foi em vão!

Se um dia não mais contar suas histórias
Se a minha vida ganhar outra narração
Se não mais pedir sua presença
Acredite
Tudo foi em vão!

Se um dia não mais expuser suas fotografias
Se a minha vida ganhar outra revelação
Se não mais querer te ver
Acredite
Tudo foi em vão!

Afinal...

Você é a direção que aprendi seguir
A narração que decidi participar
A revelação que preferi permanecer

Então...

Choro de saudade
Conto nossas histórias
Exponho suas fotografias...

E acredite
Tudo é verdade!
Tudo é glória!
Tudo é alegria!

Acredite
Nada foi em vão!

João D’Olyveira

HELEU e a paixão


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Hoje estou aqui para pedir perdão, essencialmente àqueles por quem me apaixonei. E vinculado a esse perdão, o meu “muito obrigado”. Afinal, ainda que me sinta culpado, não posso negar que foram ótimas essas paixões. Como faz bem ao homem se apaixonar!

Quando nos apaixonamos, eliminamos uma série de fatos: a classe social, os saberes, a faixa etária. Eliminamos até nossos gostos, porque o gosto maior é o outro por quem estamos apaixonados. E tudo isso não só parece "coisa de doido", como é doideira mesmo. Apaixonar-se não é coisa "normal". É anormalidade necessária para outros sentimentos humanos!

E nesse momento denominado "apaixonite aguda", que é totalmente avassalador, cometemos nossas sagradas hipérboles, quando tudo se torna  "demais". Presenteamos demais, contatamos demais, oferecemos demais, entregamo-nos demais. E "demais", como todos sabemos, significa estar fora da medida. Assim, tudo o que é "demais" não é bom! O "demais" oferecido hoje, com certeza, faltará amanhã. É sacro! Não bastasse, o que fica fora da medida tende a se tornar trágico. Os dramaturgos que o digam. E salve Dionísio!

Na fase da paixão, nossos olhos se arregalam em demasia, e a necessidade do toque se torna essencial. As mãos ganham vida própria, querem alcançar de qualquer maneira o outro. Os olhos devoram, e as mãos temperam a "vítima". Tudo tagarela no ser apaixonado. Os poros..."esporam"!

E na vassalagem das cenas, criamos situações, propomos encontros.Usamos de todos os recursos, dos manuais aos eletrônicos. Muitas vezes oferecemos (e nos oferecemos) ao outro até o que não temos (ou o que nunca nos ofertamos). E vamos por aí, nos arranjos e desarranjos da vida. 


Há casos de apaixonados que se esquecem d'outros que lhe são pessoas extremamente significativas. E sabe por quê? Porque não mais os vê. É a comprovação de que a paixão pode cegar o ser apaixonado. Ele, então, se tornará unilateral. Ou será "unifrontal"? O que sabemos é que, dentre tantos "outros", apenas um deve ser visto naquele momento desmedido: o "meu outro"! E tudo porque a agenda se faz além das vinte e quatro horas diárias...

Quando nos apaixonamos (ainda que não me proponha a "aurelializar" vocábulos),  é interessante observar nossos sentimentos e as suas consequentes diferenças, desde a formação da palavra até os sentidos por elas expressos. Leitura plena. Neste caso, o significativo “amor” e a danada “paixão”. Percebam! O primeiro é substantivo masculino (que, certamente, deve agir como a espécie masculina). O segundo, feminino. Estamos entendidos? Por favor, nada de preconceito, apenas conceitos! 

Dio Mio!  Oh My God! Mon Dieu! Quer dizer que...paixão é um caso feminino? Sinto desapontá-los, mas a resposta pode ser sim. Vejam. No comparativo, é possível afirmar que o ser apaixonado age como mulher e não como homem. E ainda salientar diferenças abstratas e concretas que possam somar a essa possibilidade. Por exemplo. Paixão é poesia. Amor é poema. Expressão do sentimento e estrutura, respectivamente. 


Além do "fogo que arde sem se ver", da "ferida que dói e não se sente" e do "contentamento descontente", o ser apaixonado usa muito mais da sensibilidade e cada vez menos da fidelidade própria. É isto mesmo! Quando nos apaixonamos, conseguimos somente ver "o outro". Tudo o que fazemos por nós é pelo "outro". É só "vosso reino". "Venha a nós", quase nada. Ou nada mesmo!

Não nego, demorei demais para perceber o feminino da paixão e o masculino do amor. Antes, tudo me parecia tão igual. No cotidiano das prosas, dizia "estou apaixonado", como se dissesse "estou amando alguém". Noutros momentos, especificamente junto à pessoa amada (ou será apaixonada?), dizia "eu te amo" com o mesmo valor de "estou cada vez mais apaixonado por você". Era uma "roupa verbal". Usava-as, apenas isto! 


O que devemos perceber é que esses sentimentos são parceiros no jogo da vida. O não-racional e o racional confundem-nos e confundem-se. Isto é "vero"! Se comparado ao extremo, paixão é sentimento humano, que chega a ser desumano, em razão da não razão que lhe é inerente. É misto de ações humanas e animalescas, porque homens (criação) são animais racionais e irracionais. Lembrem-se de que estamos "em evolução"! No "andar da carruagem", são almas que se entregam, e corpos que se desejam. Pura masturbação física e mental. E basta!

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Sendo assim, perdoe-me por me apaixonar por vocês, e muito obrigado a oportunidade oferecida. Como já afirmei, foi bom demais! Um dia os desejei por inteiro, hoje desejo a completude da nossa felicidade. Eu na minha, é claro! E isto não é egoísmo, é pura racionalidade. Já entendi que "amar não é sinônimo de possuir", até porque aquele que faz uso da posse no sentimento não ama, apenas está apaixonado. O sujeito quer ter razão, sem "razão". E isto não pode ser! Ou não deveria...

Em suma, a minha paixão se "masculinizou". E quando a paixão se "masculiniza", o equilíbrio é recuperado. A hipérbole se transforma n'outras figuras, porque  reconhecemos a tênue linha existente entre essa tal paixão e esse tal amor. Portanto, agora, "eu só quero é ser feliz", amar tranquilamente  nas vielas do porvir!


João D'Olyveira

HELEU e o eterno menino


ETERNO MENINO

Sei das marcas da vida
Das idas e vindas
Das ingratidões
Das verdades ocultas
Das noites
Dos motes
Das multas
  Da solidão...

Sei do dito maldito
Das juras e curras
Das maldições
Das falácias amargas
Das tarjas
Das farsas
Das farpas
      Da ingratidão...

Por isso lhe peço
Eterno menino
Se vê o perigo
Sê meu amigo
Não deixe repetir o que me aconteceu...

E por um instante
Como antes
Sê também meu abrigo
E de forma semelhante
Como amantes
Por Deus, continue comigo!

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João D'Olyveira
            

HELEU e o papo de anjo




PAPO DE ANJO

- Quem é você?
- Ninguém.
- Mas todo mundo é alguém...
- Eu não sou ninguém.
- Você ficou incomodado com a pergunta?
- Nada me incomoda, a não ser o acômodo de algumas pessoas...
- Como assim?
- Muitos ainda questionam sobre o outro e tão pouco sabem sobre eles próprios.
- Você pegou pesado. Foi a pergunta que fiz?
- Foi a maneira como me perguntou, o tom...
- Não quis chateá-lo.
- Não me chateei, é que esse costume...
- Qual costume?
- O de questionar o outro a partir do "quem é você".
- Foi mal...
- Foi.
- Posso mandar outra?
- Manda aí!
- O que você faz?
- Ninguém faz nada.
- Todo mundo faz alguma coisa.
- Eu não sou ninguém, portanto nada faço.
- Você é alguém e certamente fez, faz e fará coisas.
- Posso mandar uma agora?
- Pode...
- Por que conversa comigo?
- Porque precisava de alguém.
- Mas... Eu já lhe disse que eu não sou ninguém!
- Tanto é alguém, que parei pra conversar.
- Então...deixei de ser ninguém?
- Você sempre foi alguém e sempre o será!
- Muito obrigado! E quem é você?
- Mandou a segunda, não é?
- Se achar que não deve responder...
- Antes de conhecer você, eu me sentia alguém que se sentia ninguém.
- Você...também...?
- Sim. Eu pensava que era o único ninguém, porém, quando lhe fiz a primeira pergunta...
- Eu lhe respondi que era ninguém.
- Foi aí que percebi que não estava sozinho, que ninguém somado a ninguém poderia resultar em alguma coisa, em alguém...
- Eu lhe respondi "ninguém", porque outros fizeram com que assim me sentisse...
- E agora?
- Agora sou alguém falando com outro alguém?
- E ninguém?
- Ninguém é um ser que não existe! rs
- Precisamos encontrar outros. Há tantos "ninguém" perdidos por aí!
- Vamos buscar esses outros, para que eles se sintam alguém, antes que seja tarde...?
- Booooooooora!!!

João D'Olyveira

"Todos são importantes na grande orquestra de Deus. Não há pequenos, todos são grandes"(I Coríntios 3:9).

HELEU e a mendicância


De grão em grão, degraus!


Em uma dessas calçadas da vida, um mendigo me estendeu uma das mãos e me pediu uma moeda. Minha vontade primeira foi dizer a ele o que sentia naquele momento frente àquela situação. Reservei-me, nada disse e me pus a caminhar.Meus passos, porém, me travaram. Corpo e mente entraram em desacordo. Decidi voltar e lhe dizer do meu sentimento: 

- Você ainda é jovem, forte, inteligente. Será que, ao invés de ficar pedindo "moedinhas", o melhor não seria ter um emprego fixo, um salário?

O mendigo me olhou fixamente, balançou negativamente a cabeça coberta por longa cabeleira, passou os magros e longos dedos morcegamente pelo bigode bicolor, deu um sorriso maroto e me disse:

- Moço, você já se deu conta de que o seu salário é a soma de muitas "moedinhas", e que você nem tem tempo de contá-las, porque elas não param muito tempo nas suas mãos? Já se tocou que, quando tem esse tempo, é porque essas suas "moedinhas" já se tornaram poucas, e você totalmente dependente delas?  Observe bem. Você nem bem as recebe, e elas já têm destino certo.

Fiquei pasmo com aquele discurso mendigal. Quase sem voz e movimento, disse apenas um "não".

Ele continuou:

-  Comigo é diferente, só as recebo. Eu as chamo, e elas me atendem. E olha que, mesmo sem você ter me oferecido uma sequer, posso já as ter recebido pelas mãos de outros. Estou quase acreditando que você é um daqueles que juntam moedas para dar a outros. Esses outros vão somando moedas, e você executando a ação de produzi-las...para eles!

Deu uma gargalhada mortal e concluiu:

-  Pode acreditar, moço, "dinheiro não cria pernas", já nasce com elas. E tem destino certo! 

Ouvir aquilo que ouvi, daquele sujeito, quando, na verdade, eu havia iniciado aquele papo moralista... Não foi fácil!

Distanciei-me com um sorriso encabulado. Ele, porém, me acompanhou com um certeiro olhar de Arquimedes. A única certeza era a de que, naquele momento, não havia estado com um simples mendigo, aquele sujeito era, literalmente,  um credor de reflexões financeiras.

Certamente que o ocorrido não me fez decidir pela mendicância, mas, não nego, me fez refletiralém do que desejava. Cheguei a sentir raiva dele e de mim mesmo. O estilo de vida do sujeito não me atraia, todavia foram seus dizeres econômicos que me fizeram entender a diferença entre um mendigo e um trabalhador. Diferença que não era visual, era "acional"!

Os mendigos escolhem um terreno, ocupam um espaço por um determinado tempo e atraem investidores. Os trabalhadores são selecionados para ocuparem um determinado espaço, por um tempo enganosamente indeterminado. Assinam um contrato de prestação de serviços, registram-se como "servos" daqueles que serão seus "quase donos". No final do mês,  recebem moedas registradas em um contra-cheque, com direito a todos os descontos e a todas as contribuições. Tudo isso,  depois que outros "servos", do Setor de RH, tenham confirmado que o "servo registrado" tenha realmente marcado presença naquela "calçada" denominada empresa.

E foram muitas outras reflexões...

Um dia, ao chegar à minha empresa (quanta ilusão dizer "minha empresa"). Um dia, dei de cara com uma placa pendurada no portão de entrada da empresa na qual sou servidor. A tal placa sempre esteve por lá, porém somente naquele dia dei conta do fato. Na placa, uma mensagem: "Sorria. Você está sendo filmado!"

Olhei fixamente a placa, li e reli os dizeres, conclui. Nosso cotidiano é puro exercício ficcional, e nosso salário é mero cachet. E ainda temos que sorrir!

Ajeitei meu crachá, cumprimentei o "servo da portaria", entrei, arregacei as mangas e dei início à primeira das oito horas que deveria cumprir. Na praça ao lado, o mendigo já contava 12 moedas: 4 de 10 centavos; 5 de 25; 2 de 50 e 1 de 1 real. Para cada um dos passantes, um tom de voz, uma expressão...

João D'Olyveira

HELEU e a possibilidade do amor partidário



eros & psique

PARTIDO LIVRE 

Pra que olhar pra mim com olhos de promessa,
se a verdade é mais simples e eficaz?
Pra que usar comigo de palavras adversas,
se a palavra adeus é a que nos satisfaz?
Pra que me oferecer jantares e presentes,
se a nossa ausência é o que nos marca mais?

E tudo pra quê?
Tente me responder.
Se conseguir, talvez,
eu vote em você...

Pra que fingir pra nós prazeres tão intensos,
se no momento sei já não me engano?
Pra que acreditar que um dia quem sabe,
se no passado nós não nos presenteamos?
Pra que nos enganar de novo por quatro longos anos,
se o melhor pra nós agora é baixar o pano?

E tudo pra quê?
Tente me responder.
Se conseguir, talvez,
eu vote em você...

Pra que tantos pra quês e quês e prantos,
se o encanto nos quebrou e se acabou de vez?
Pra que tantos pra quês e prantos,
se ter você dessa maneira não me encanta mais?
Pra que tantos pra quês e quês e prantos,
se o melhor é nós nos darmos paz... e vez...pros nossos corações...?

E tudo pra quê?
Tente me responder.
Se conseguir, talvez,
eu vote em você...

João D'Olyveira

HELEU e a relação etimológica


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LEI DE MARTINHO

Luiza, Marina, Cibele. Na Lei de Martinho, “de todas as cores, de várias idades, de muitos amores”. Eu as tive comigo, na minha cama. Algumas vezes em dose dupla, e nada sertanejavam. Só pagodeavam. Juntas, geminianamente unidas no coito e separadas somente no pós-orgasmo. Na mesma cama, na mesma catarse. E como ainda fazem os puros esquimós, ríamos muito!

Diferentemente das outras, em uma tarde de inverno, chegou Marisa. Estava meretrizmente enlouquecida. Literalmente puta da vida! Marisa era assim: sentia-se a própria loja. Fazia propaganda de tudo: das pernas, dos seios, do bumbum. Era pra lá de maluca. Negra maluca de dar inveja a qualquer Miss Universo. E era dona de uma senhora bunda. Digna representante da etnia africana: os Kibundas!

O tempo tomou as rédeas e me apresentou Ivone, que se passava por Margarete. Mascava chiclete e fazia bolas enormes. Adorava estourá-las na hora do beijo. Ela se destituía das peças íntimas cantando "Mamãe eu quero". Dava uns berrinhos pra botar a banca, pois adorava comandar a prática sexual. Dizia-se General de Brigada. Na hora "G", gemia alucinadamente. Beijei muito a boca daquela sacana! Depois, cuspia a goma na latrina.

Cristina era enorme, quase dois metros de altura, dançarina de um cabaret de quinta, que não era avenida. Denominava-se bailarina. Até hoje não entendo a diferença entre dançarina e bailarina, talvez seja o espaço da prática metamorfoseada que ocorre quando se balança alucinadamente o corpo. De resto é tudo "quase" igual! Quando transávamos, tínhamos que estar deitados. É sabido que, na horizontal, a viagem é outra, e a altura não atrapalha. Se na vertical, tiraria apenas um sarro com os joelhos da "mere". E quando ela usava saltos? Eu brincava de esconde-esconde entre as pernas da vadia. Era um tal de some e aparece que não acabava mais. Mas era da porra aquela brincadeira! Aquela mina era tudo...

Maria de Fátima ficou na história, ela foi a própria Eva em pacto com a serpente. Danou-me por completo. Disse-me que estava grávida e que eu era o pai. Não nego que, quando a ouvi me dizer aquilo, e da forma que me disse, tremi nas bases. Pai, naquela altura do campeonato, goraria todos os meus planos. Disse a ela, que ela deveria provar. Ela colocou o dedo indicador na minha cara e urrou vacosamente: "Ou assume ou eu sumo com você!". Decidi eu mesmo sumir, e hoje estou aqui nesta cidade. Ela? Sei lá, deve ter morrido! Era alcoólatra, coitada! O filho? Sei não. Ainda tenho dúvidas se ela estava mesmo grávida. Se tivesse, o filho seria do União São Jorge Esporte Clube, ou da Associação Rio das pedras. Filho da mãe sempre será produto coletivo!

Toninha é que era da hora! Feinha, tadinha... Mas já que falei de futebol, vamos somar. Ela batia um bolão da horinha. Ria debochadamente quando dávamos uns pegas. Um dia me disse pra eu tirar as minhas meias. Eu sempre usei meias pra dormir, sinto frio nos pés. Assim, subo na cama, lembro-me das meias, e não as tiro. Se não estou com elas, calço-as. Sou pé frio, mesmo! Ela adorava cruzar os dedos dos pés dela com os dos meus pés. Mania de quem pensa o dia inteiro nessas sacanagens. Dizem que há especialistas em poses sacanas e provocações bizarras. E eu não as nego. Já vi (e fiz) cada uma...

Eu queria mesmo era rangá-la, mas Toninha cismava com posições, estilos, efeitos. Praticava ioga, a fdp. Certa vez me disse que queria transar no lustre. Pode? Lustre não. Disse que preferia a cama. Daí ela insistiu que fosse embaixo da cama. E foi! Como foi embaixo, transei sem as meias. Outra vez a danadinha encostou-se na porta do quarto de um hotel, e ficou de braços e pernas abertas. Passou a linguona nos beiços, arregalou aqueles olhões de vamp e disse que eu deveria tomar impulso e atacá-la. Como nunca havia recusado nenhum dos pedidos dela, fui. Me senti a própria anta. Dei uma ajeitada no corpo, abri caminho, mirei e ploft! Quando o meu "sem vergonha" se encaixou na "sem vergonha" dela, ela gritou desesperadamente. É que a maçaneta da porta quis também tirar uma casquinha. E tirou! O meu "sem vergonha" em um dos buracos, e a maçaneta no outro. Que fique registrado. Quando transo na cama, não tiro as meias, entendo-as como camisinhas de pés que se sentem mamíferos de carapaça.

Gorete foi legal comigo até o dia que apareceu o Juvenal. O cara era gente boa e tinha pinta de bacana. Trabalhava em uma agência de seguros. Dizia ela que ele segurava bem pacas! Quando o cara decidiu ficar, ela me deixou de vez. Digo "de vez", porque foram várias tentativas de abandono. Da última, antes do Juvenal, ela ficou três dias fora da cidade, e fora de órbita. Bebeu todas e algumas a mais. Uma vez bêbada, a extremista quis dançar a "dança da garrafa". Escorregou, sentou na garrafa, encaixou. Na pressão, a garrafa perdeu o fundilho. Era o fundilho dela contra o fundilho da garrafa. A garrafa perdeu. Fomos ao pronto-socorro local pra desengarrafar o da Gorete. O fundilho dela fez 12 pontos! Gorete era quente pra caramba...

Florinda, na verdade, se chamava Suzana da Silva Mourão. Só o sobrenome já era provocativo. Mas a Flô já havia sido Dolores Cotonete. Se não me engano, um dia se disse Imaculada da Conceição. Eu aceitei apenas a Conceição. Em uma ocasião me levou pra Maceió. Ficamos na casa do irmão dela. Caminhávamos pela Jatiúca quase todos os dias, e por lá rala-rolávamos todas as noites. E de manhã também. Às tardes não poderia ser diferente. Mudávamos apenas os espaços, era na Cruz das Almas, na Ponta Verde, na Pajuçara. E quando cansávamos, transávamos pra descansar. Variávamos a posição. O irmão me perguntou se não sabíamos fazer outra coisa. Disse a ele que outra coisa não, só de outra maneira. Naquele mesmo dia estávamos nós quatro: eu, a Flor, o irmão dela e a cunhada. "Impura" troca de casais. Swing turístico! E não me venha com essa de que eles eram irmãos. Na hora ninguém se lembrou disso. No momento de carícias íntimas, eu a chamava de "Florzinha". E não é que ela acreditava? Guerreira aquela garota...

E tive outras! Madalena (que não era arrependida), Magali Sarraipo, Evinha Pintassilgo, Rita Fusquinha, Vilma Fred das Pedras e Rosilda Samambaia. Mesmo capenga, nesses rolês que a gente dá por aí, conheci umas carnes novas. Nova na embalagem! Por fim, farinha do mesmo saco, alimento pros mesmos cacetes desnaturados! Mudam só o pseudo. É "Pri" de princesa, "Ma" de maleável, "Pat" de patifaria. Tem umas que se dizem "Fa de família", e se casam em igrejas enfeitadas com flores brancas, e têm direito à festa de arregalar os olhos de qualquer pobre cristão. Elas apenas encurtam os nomes, de resto a reza é a mesma. Preferem as ladainhas masculinas. A molecadadinha é que tira proveito dessas pirralhas. Não nego, sinto falta! Dá uma vontade...

Hoje estou mais acomodado. Aliás, acomodadíssimo, diria José Dias! Assisto à TV, independentemente do canal e da programação. De madrugada valem até os evangélicos, que prometem salvação a custo de um carnezinho. E não é que eu estou quase aderindo ao pecúlio gospel? Nessas programações, gosto de quase tudo e me interesso por quase nada. Cansou, teclo o próximo. "Leio o jornal que é de ontem, pois pra mim tanto faz", igual ao Biquini Cavadão. Tomo suco de maracujá, pra alcalmar a cabeça e a cabeça da genitália. E devoro chocolate. Como eu como chocolate! Só dispenso Garoto. Mas, masco torresmos também, sem dó nem piedade. Afinal, já comi muita carne dura e gorda na vida!

Meus pés estão inchados, arregaçam com as minhas meias, que nunca foram inteiras. No modo vivente que estou já adquiri varizes e varicoceles, aos montes. Minha barriga já cresceu 25 cm. E o pior é que só a barriga cresce!
Marcos me ligou, disse que eu devo sair um pouco, tomar sol. Fabiano insistiu pra eu ir com ele e a família (dele) pra roça. Eu preferi ficar por aqui. Gosto do meu cantinho, do meu sofá, da minha TV, da minha próstata inchada. Tomo vodka e cerveja, fumo pra cacete! Vez ou outra ligo pro Vicentini, pro Silvião, pro Morgadinho. E fico contando minhas aventuras amorosas e trepadeiras, e todas na hipérbole. Homem adora dobrar o Cabo da Boa Esperança na hora que fala de mulher. Na verdade, é a esperança de subir o cabo que motiva essas narrativas. Mas... Fazer o quê?
As mulheres se foram, meu bilau também já está quase de partida. E triste, o coitado. Ta se sentindo tão cabisbaixo ultimamente... A cada dia que passa, o Ricardo Asdrubal (é o nome dele) fica mais distante dos meus olhos. E nessa cena cotidiana, já posso afirmar que estou literalmente prostado! Se é assim, hoje confesso o meu saber: "Todo homem um dia terá problemas de próstata!"

Porém, contudo e todavia, alguém muito especial me ensinou a desistir só na hora de desistir, e ainda não é a hora. Sendo assim, lá vou eu, martinhizando por aí... "Procurei, em todas as mulheres a felicidade, mas eu não encontrei, e fiquei na saudade. Foi começando bem, mas tudo teve um fim..."

João D'Olyveira


"Há realmente uma relação etimológica entre próstata e prostituta, porque ambas as palavras (a primeira é grego que passou ao latim, e a segunda é só latina) remontam ao mesmo sufixo e ao mesmo radical do indo-europeu.

Vejamos, em primeiro lugar, a etimologia de cada palavra.

Próstata
«[do] lat[im] cien[tífico] prostata 'id.', empr[és]t[imo] gr. prostátēs,ou 'colocado na frente de; donde, chefe, dirigente; protetor, defensor', do v[erbi] proístēmi 'colocar na frente, pôr em relevo, pôr em evidência'; de pró- 'diante, na frente' + hístēmi 'colocar'; assim chamada por situar-se antes da bexiga»

Prostituta
«lat[im] prostitŭo,is,ī,ūtum,ĕre 'colocar diante, expor, apresentar à vista; pôr à venda; mercadejar com a sua eloqüência; prostituir, divulgar, publicar', de pro- 'na frente, diante de' + statuĕre 'pôr, colocar, estabelecer; expor aos olhos', de stātus,us 'repouso, imobilidade; atitude, postura (de um combatente); assento, situação; estado das coisas, modo de ser', do rad[ical] de stātum, sup[i]n[o] de stāre 'estar'»

Por essas e outras, sua existência só acontece em razão do seu masculino!

João D'Olyveira

HELEU e o domingo

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DOMINGO PEDE

Hoje é domingo
Pede cachimbo
Pede cachaça
Pede conversa
Pede carinho
Pede mulata

Cachimbo é de ouro
Cachaça é de prata
Conversa é de bronze
Carinho é de zinco
Mulata é de lata

Hoje é domingo
Eu pedi cachimbo
Eu pedi cachaça
Eu pedi conversa
Eu pedi carinho
Eu pedi mulata

Cachimbo quebrou
Cachaça secou
Conversa gorou
Carinho atrasou
Mulata morreu

Como nada que pedi aconteceu
Entreguei meu domingo a Deus!

João D’Olyveira

HELEU e a necessária mudança de hábito

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MUDAR SIM,
EMUDECER JAMAIS!

As cenas se repetem,
mas insistimos em dizer “que um dia vai mudar”;
“que se deus quiser vai dar certo”;
“ que tudo tem dia e hora".

O que não percebemos é a rotina dos dizeres,
a conformidade no falar;
o aceitar calado,
e tudo literalmente mudo.

Enquanto outros se tornam vitoriosos,
os "dos dizeres" estão para a hora da morte,
entregando seus filhos à sorte,
sem norte,
para a morte.

É preciso mudar cenas,
mudar dizeres,
mudar-se!
É preciso mudar para não emudecer.

João D’Olyveira

HELEU e o silêncio da noite

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PSIU! SILÊNCIO!

No silêncio da noite,
desejo ser o silêncio e pertencer à noite.
Outras vezes,
desejo ser a noite,
para obter o silêncio.

Porém,
noutras vezes,
desejo-me e percebo que posso ser o duplo:
noite e silêncio.

E tenha a certeza de que,
nesse momento,
completo-me,
acreditando que a noite passa,
que o silêncio se transforma.

E tudo para que possa ter e ser
um novo dia,
antecipando noites que poderei desejar e ser.
E tudo em silêncio...como tem que ser!

João D'Olyveira

HELEU e a literatura brasileira

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PRO-EMA!

Quero tê-la do meu lado
do mel lado
do lado mel...

E depois tocá-la
acariciá-la
beijá-la
nesses sábios lábios seus...

E nessa doce ira,
descobrir cema,
somar ira à cema
e tê-la ainda virgem
por inteira
nesses brancos braços meus...

João D'Olyveira
Uma reflexão poética sobre a obra "Iracema, a virgem dos lábios de mel",
de José de Alencar, publicada em 1865.

Sobre a obra, Machado de Assis, então com 27 anos, escreveu:


“Tal é o livro do Sr. José de Alencar, fruto do estudo e da meditação, escrito com sentimento e consciência… Há de viver este livro, tem em si as forças que resistem ao tempo, e dão plena fiança do futuro…Espera-se dele outros poemas em prosa. Poema lhe chamamos a este, sem curar de saber se é antes uma lenda, se um romance: o futuro chamar-lhe-á obra-prima” (Diário do Rio de Janeiro, 1866).

HELEU e o eterno enamorado


Hoje estive a seu lado,
e como namorado
me senti feliz.

Hoje estive bem perto,
e num jogo aberto
me declarei.

Não disse palavras,
rompi minhas travas,
deixei o silêncio falar por mim.

Hoje estive a seu lado,
e como namorado
me refiz .

Meus olhos,
seus olhos
brilhavam nossos olhos em nossos olhos.
Nos olhos,
uma declaração.

Minhas mãos,
suas mãos
acariavam nossas mãos em nossas mãos.
Nas mãos,
carinho.

Meus lábios,
seus lábios
molhavam nossos lábios em nossos lábios.
Nos lábios,
um beijo.

Hoje estive a seu lado,
e como namorado,
tudo aconteceu.
E as fitas vermelhas,
que sangue nos eram em nosso sangue,
eram nossos eternos laços de sangue...eterno!

João D'Olyveira

HELEU e a saudade materna



Hoje pensei em você, minha mãe. E o pensamento não se fez após sonhos, como d'outras vezes. Não. Desta vez se fez da concretude das minhas horas, ainda que essas sejam consideradas abstratas. Hoje pensei em você, minha mãe. E digitei no google a expressão "que saudade de minha mãe". E o que me veio? Oswaldo Montenegro. Que delícia de poeta!

Disse Oswaldo:

Como é que se faz
pra tomar condução por aqui, hein?
Eu quero dormir!
Tenho muito medo dessa escuridão.

Eu quero minha mãe!
Eu quero minha mãe!
E chegar a tempo
pro café com pão.

Eu quero minha mãe!
Eu quero minha mãe!
E chegar mais cedo
que o latido dos cães.

Fiz tudo pra crer nos homens toda vida e...
pau.
Fiz tudo pra crer nos homens toda vida e...
pau! pau ! pau! pau!

(Oswaldo Montenegro)


Obrigado, Oswaldo, os momentos de reflexão que me proporcionou. Pra ser sincero, não "matou a saudade". Até porque não era isso que desejava. Chega de morte! A letra-poema me fez sentir vontade de abraçar minha mãe...de perto! Compreendeu?
E quem ainda a tem, no plano terreno, que a ame intensamente! Que corresponda a todos os seus pedidos! Que seja filho, porque pleno! Se não a tem mais neste plano, e se a amou como eu amei a minha, que possa estar junto a ela eternamente.
Ou pelo pensamento, ou pelo desejo da própria eternidade. Este será o meu em todos os momentos da minha vida...terrena! Nada forçarei, todavia nada impedirei. E seja dito e bendito o seja!
Bênçãos maternas a todos "que têm saudade de suas mães"!

João D'Olyveira

HELEU e a guerreira

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Embora William Shakespeare tenha dito “Fragilidade, o teu nome é mulher!”,
mulheres são GUERREIRAS...


Aquelas que transitam sem oportunismos,
ainda que produzam para oferecer;
que demonstram fatos e acontecimentos,
ainda que digam não terem feito quase nada...

Aquelas que não desistem dos objetivos,
ainda que reconheçam aqueles sem validade;
que oferecem segurança e lealdade,
ainda que digam apenas fazer a parte que lhes cabe...

Aquelas que amam intensamente,
ainda que se sufoquem no querer;
que perdoam casos e descasos,
ainda que sofram no calar das noites...

Essas são guerreiras, porque...

Guerreiras não atiram,
deixam ser baleadas,
para ressuscitarem a cada amanhecer!

Porém...
quanto às guerreiras, homens alertam homens:

Sócrates avisou: “Deve-se temer mais o amor de uma mulher, do que o ódio de um homem”.

Friedrich Nietzsch confirmou: “Na vingança e no amor a mulher é mais bárbara do que o homem”.

Sendo assim...

Essa tal fragilidade é enganosa. Todavia, importa-nos estar atentos
à nossa vida sentimental, que é um eterno campo de batalha...

“Uma mulher perdoará um homem por tentar seduzi-la, mas não o homem que perde essa oportunidade quando ela lhe é oferecida”, disse Charles Talleyrand-Périgord.

E a fidelidade à guerreira é tudo, não porque nos é exigido, mas porque nos é necessária à vida, quando se decide que se deseja viver uma vida a dois:

“Aquele que conheceu apenas a sua mulher, e a amou, sabe mais de mulheres do que aquele que conheceu mil”, disse Leon Tolstoi.

João D’Olyveira

HELEU e o momento


HOJE
não amanhã
não depois
não qualquer dia
não qualquer hora
não outro momento

HOJE
tem que ser hoje
tem que ser neste momento
tem que ser neste dia
tem que ser nesta hora
tem que ser agora

HOJE
sem por nem tirar
sem dizer nem falar
apenas te olhar
apenas te olhar
apenas te olhar

HOJE
eu te amei mais uma vez!
João D'Olyveira

HELEU e o Cairo

Álbum: "Meu Cairo" - Arquivo Pessoal - Foto: João D'Olyveira

MEU CAIRO

MEU CAIRO É AQUI
DA MINHA JANELA
DE ONDE POSSO IMAGINAR MEU NILO

PORÉM...
ESTE CAIRO ME CALOU
MUDO EU FIQUEI
QUANDO MEU CAIRO SE CONSOLIDOU
E FORTIFICOU-SE DE VEZ!

PORÉM...
ESTE CAIRO CALO SE TORNOU
A DOR EM MIM FICOU
QUANDO CAIRO ME DISSE QUE NÃO
E VITORIOU-SE OUTRA VEZ!

TENTO, PORÉM, IGNORAR ESSES PORÉNS...

E TUDO PORQUE...
MEU CAIRO É AQUI
DA MINHA JANELA
DE ONDE POSSO IMAGINAR MEU NILO
E BANHAR-ME!

MEU CAIRO É AQUI
DA MINHA JANELA
ONDE FAÇO MINHA A TELA
E NELA PINTO VOCÊ...

MEU CAIRO É AQUI
MINHA GUERRA É COMIGO
MEUS INIMIGOS
EU MESMO OS CRIEI
E COMO CRIADOR
POSSO EXTERMINÁ-LOS!

E TUDO PORQUE...

MEU CAIRO É CALO QUE CALA
QUE ME CALA
MEU CASO DE AMOR PIRAMIDAL
UM CASO DE AMOR MATERNO!

MEU CAIRO É MEU CARO
QUE CALA E ACATA
MEU CASO DE AMOR FARAÔNICO!

AQUELE A QUEM PEÇO:
- CALE-ME DE VEZ! OU TE CALO...
MEU CAIRO!

João D'Olyveira

HELEU e o perdão


Arquivo Pessoal: Geminimagia- Teatro & Cia. Teatral
João D'Olyveira-Ato Único-FPA/Uniban-SP

HOJE TUDO ME VONTADEIA PEDIR PERDÃO!

SEI QUE PERDÃO NÃO AMENIZA DORES
AINDA QUE PERDOAR SEJA GESTO NOBRE
SEI QUE PERDÃO NÃO AMENIZA DORES
PORQUE MACHUCA A DOR OFERECIDA
NÃO ESTANCA DORES

AINDA QUE GESTO HUMANO
QUE POR SER HUMANO
GERA A DOR DO TEMPO DESEJADO
DO MOMENTO DESSA DOR SENTIDA...

E CHORO...
PARA QUE LÁGRIMAS LAVEM MINH’ALMA
METAMORFOSEI-ME EM RIO DE ESPERANÇA
FAÇA-ME PEQUENO PORQUE HUMILDE
PARA QUE POSSA ENTRAR NO REINO
SEM O ARDOR DA PIMENTA
SEM AS TORMENTAS
SUAVEMENTE EM MENTA
EM MENTE CALMA E ALMA LENTA
DA SEMENTE QUE À CALMA TERRA VOLTOU

E TUDO PORQUE É HORA DE PARTIR...PERDÃO.

FIQUEM EM PAZ, PORQUE AGORA VOU EM PAZ!
João D'Olyveira

HELEU e a própria janela própria


"Da minha janela"- Arquivo Pessoal - João D'Olyveira


DA MINHA JANELA

QUANDO OLHO DA MINHA JANELA
PENSO NOUTRAS JANELAS
NAQUELAS QUE TIVE
NAQUELAS QUE TEREI
ATRAVÉS DESTA JANELA DESEJO O MUNDO
AINDA QUE MUNDINHO
JAMAIS IMUNDO
E A DURAS PENAS
APENAS MEU MUNDO
NO FUNDO DESTE MEU MUNDO ENJANELADO
DESEJO APENAS SER FELIZ...

A SAUDADE BATE NA VIDRAÇA
BATE E ULTRAPASSA
N'ALMA NÃO BATE
APENAS PASSA
E QUANDO BATE ME BATE
E APANHO CONSCIENTEMENTE...

LÁGRIMAS INSISTEM EM DESCER FACE E ROSTO
GOSTO E DESGOSTO
BELO E FEIO
RIDÍCULO SENTIMENTO HUMANO
PURO SENTIMENTO ESTÉTICO
PORQUE ARTE DE VIVER
MOMENTO DE ME QUESTIONAR...

NÃO APENAS EM RAZÃO DAS BOAS LEMBRANÇAS
MAS DE TODAS AS LEMBRANÇAS
DO HOMEM E DA CRIANÇA
DO HOMEM-CRIANÇA
DAS MINHAS VONTADES
DAS MINHAS ANGÚSTIAS
DAS MINHAS VIDAS
DAQUELA QUE TIVE
DAQUELAS QUE FICCIONEI
A QUE HOJE TENHO
AQUELAS QUE AINDA TEREI...

E TUDO DA MINHA JANELA
QUE HOJE ME É COMPANHEIRA
MESMO NÃO SENDO A PRIMEIRA
PORQUE FOTO VIVA E REVELADA...


JANELA MUNIDA DE MÁGOAS
DESEJOS DE FELICIDADE
DE ONDE APRECIO MONTANHAS
DE ONDE ME AMONTANHO
CENÁRIO DO MEU VALE
QUERIDO E DESEJADO...


DAS MONTANHAS QUE MEU AMOR TAMBÉM DESEJOU
DAS MONTANHAS QUE NÃO A APRESENTEI
NEM A PRESENTEEI
DAS MONTANHAS QUE AVOLUMO
E NELAS ME SUMO
CONSUMO-ME
SOMENTE EM SUMO
SUMO OCO
SUCO LOUCO
NÃO DESUMANIZADO
DAS TERRAS ENTRE SERRAS
COMO ROBERTO CANTOU...

E DESTA JANELA
OBJETIVO MEU HORIZONTE
QUE NÃO TÃO BELO COMO AS GERAIS
AINDA QUE GERAIS NA BELEZA
INSISTEM EM ME VISIONAR
BELEZA QUE PUDE E POSSO AINDA OFERECER...

DA MINHA JANELA UMA VIDA
SEM PARCELAS
AINDA QUE EM DÍVIDA
AINDA QUE ENCARNEZADA
E TUDO ISSO ME VONTADEIA PEDIR PERDÃO...

João D’Olyveira

HELEU e o dez-a-bafo!


CORTESIA TEATRAL


Hoje estou de saco cheio,
não aguento mais essa falsidade sentimental!
Pessoas que sorriem e mordem ao mesmo tempo.
Que fingem ser educadas, todavia mordazes.
Basta!
Estou de saco cheio dos sacos alheios.
Educação é medida , jamais proporção!
E não me venham com frases complementares,
o que desejo não é a satisfação momentânea, é o momento e a satisfação.
Vamos parar com essa cortesia teatral,
com esse sentimento ambíguo,
com esse jogo de interesses.
Nada deve ser pela metade,
metade nunca foi nem nunca será um inteiro!
Ou nos temos, ou não nos temos!
Maldito foi o momento das falsas palavras,
os duvidosos olhares,
as malícias do humano que não o é!
Malditas foram as palavras ditas sem dizer,
os abraços dados sem oferta,
os completares e nunca complementares!
Malditos foram os toques de mão,
que nunca apoiaram,
apenas se apoiaram;
que não auxiliaram,
apenas se auxiliaram;
que apenas foram toques e anúncio da gravidez,
em parto que somente anunciou partida,
que partiu mesmo sem chegar!
Malditos sejamos se nos enganamos com a esperança adversa!
Maldito o homem que explora o homem,
porque este não é homem, é apenas explorador!
Ontem queria mais o ser,
hoje quero mais é ser.
E que assim o seja!
Detestável é ser humilde sem assim o ser,
sem o ser,
sem o ser,
sem o ser...
Interrogável é nada corresponder.
Quero mais é que se "pronominem" aqueles que não se conjugam!
E que não me contaminem,
nem me minem,
nem me ninem...
E que morram em paz!!!
João D'Olyveira

HELEU e Fanny

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Fanny, onde foi que você se encondeu?
Fanny, por que ele e não eu?

Oh, Fanny!!!
Oh, Fanny!!!

Cadê você?

Venha , Fanny, matar me para que eu não morra. Socorra-me enquanto há tempo!

Fanny, outro dia te olhei de frente, e seu sorriso esfacelou a minha mente.
Tudo foi diferente, mas você não estava por lá. Era eu quem pensava, que você estava,
sem estar, sem estar, sem quase nunca estar.

Oh, Fanny!

Eu fiquei na espreita da mureta dos meus olhos, na mureta  dos olhos da sombra também,
na mureta da sala-de-estar do meu carro que nem sempre está lá,
tirando um sarro, dois sarros, três sarros.
Estacionados, ambos,  na esquina da vida dos carros e dos sarros, Fanny!

Que vida, Fanny!
Fanny, que vida?

Sem vida, sem carro, sem sarro, sem você...

E você, Fanny? Por que não apareceu? Por que não me disse olá, olé ou pelo menos adeus?
É...você nem me abençoou com seu sorriso, que me é tão preciso, meu duplo paraíso de pecado e salvação.

Oh, Fanny!
Fanny?

Fanny, onde foi que você se encondeu?
Fanny, por que ele e não eu?

Oh, Fanny...

Você sabe que te quero, te espero e te amo sem fim. Afinal o que começou um dia já era...nosso!

Oh, Fanny!
Fanny?

Sempre estarei por aqui, Fanny. Um copo, dois copos sobre a mesa. Três ou quatro se desejar. 
Um corpo, dois corpos sobre o tapete
da sala de estar. Três ou quatro se desejar.
Uma cama vazia, duas almas carregadas de prazer...oh, Fanny!
Três ou quatro se desejar, Fanny!

Uma coisa é preciso ser dita: "Nunca me importei a três...a quatro. Tendo você, todos os outros poderão se ter, Fanny!
Adoro montanhas. O legal das montanhas é que, depois de alguns relacionamentos, alguns adoram se jogar pelas portas e janelas montanhas abaixo. Casas invisíveis. Nem todos retornam.
Melhor assim, Fanny!
Dá um friozinho, né?! Arrependimento...?
 Não. Arrependimento, não.

Fanny, vamos que já está tarde, e os convidados já estão chegando!
Fanny, você já fez a faxina?
Ainda, não?!
Tudo bem!
Eles sempre demoram um pouco mais que o combinado.
Então...quem começa? rs

Você começa. Domine. Agora você já ouviu minha história, minhas notícias. Agora meu homem pode ir sem rumo montanha acima. Abaixo nunca!
Eu tenho Obluess Monteses mais Pretos Monteses mais Pretos...rs

Fanny!
São eles? Diga que sejam bem-vindos à nossa montanha encantada...
Estou terminando a outra faxina. Já vou, Fanny!

Fanny! 
Fanny!
Fanny?

Fanny... Oh, Fanny!




Texto inspirado nos 134 minutos do Drama - Romance "O Segredo de Brokeback Mountain", directed by Ang Lee. Roteiro: Diana Ossana e Larry McMurtry. Estados Unidos/Canadá (2005). 





http://youtu.be/vNteg4pYfZo




HELEU e o sentimento duplo e quase único do amor e da paixão.


Neste momento não desejo isolados vocábulos,
nem apenas expressões coletivas.
Desejo apenas que se possam fazer as minhas corretas ou incorretas reflexões,
aquelas que aprendi a conhecer e a praticar no cotidiano da vida, sobre essa tal PAIXÃO e esse tal AMOR.

Quanto à PAIXÃO,
é uma dúvida que carrego há tempos,
que me encarrego por momentos de tentar solucionar,
 um algo que insiste em permanecer e ao mesmo tempo continuar.
Um sentimento de prazer e desprazer em coletânea,
um querer que se assemelha à posse,
um "abobamento" oportuno e oportunista.

Quanto ao AMOR,
um misto diferenciado do sentimento anterior,
porque singular, pleno e quase calado,
que se faz no presente,
como apenas presente e todo onipresente,
único e de longa duração.

Nesse percurso,
na tênue tentativa de uma resposta,
sigo distraído, indeciso e confuso.
O que se deixa perceber é a PAIXÃO
nada sustenta,
nada assume
e "some do nada".
Apenas vem e vai,
luluzeando santificada,
"como uma onda no mar".

Já o AMOR,
esse se faz ardência e fogo momentâneo,
leite instantâneo,
saboroso,
fortificador.

PAIXÃO
é extensa.

AMOR
é intenso.


E por  achar que pode ser assim,
na PAIXÃO e no AMOR,
assim como em qualquer outro sentimento,
tudo tem hora de baixar a guarda,
mesmo que no guarda ou na guarda geral!

Então...beijos na nuca, filhos de Maria!


João D'Olyveira





HELEU e um amor a dois

SUJEITO DIRETO NÃO É OBJETO

Hoje um ser divino me fez repensar o amor,
desejar o amor,
sentir o amor...
Há quantos ele não se fazia presente,
estava ausente,
quase inocente...?

Há quantos ele não se apresentava,
não me questionava,
não me motivava a amar...
Hoje alguém me fez sentir o amor,
que me fez vivo,
atrevido por querer re-amar...

Há quantos eu não amava,
não ouvia,
não o via,
não o queria...?

Há quantos?

E saber que sempre foi tão simples,
que ele era tão nada e tudo,
que me bastava...

Nada como um encontro,
dois encontros,
um encontro a dois..

Hoje um ser divino me re-fez... e desejei amá-lo!

João D'Olyveira

Heleu e a mulher

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MSN.com

Ela diz:
Vim te dar Boa noite...

Heleu diz:
Boa noite, eterna menina. Tudo bem?

Ela diz:
Tudo bem sim...

Heleu diz:
O que faz de bom?

Ela diz:
Passando o tempo na net, pra ver se o sono vem...

Heleu diz:
Não vem não...

Ela diz:
rsrsrs

Heleu diz:
Vc é mulher forte, guerreira...

Ela diz:
Mulher essa eu sou, agora... o forte e guerreira...

Heleu diz:
Forte e guerreira sim...

Ela diz:
Muitas vezes não consigo ser...

Heleu diz:
Então seja...

Ela diz:
Eu tento...

Heleu diz:
Perceba suas vitórias,
e quantas delas vinculadas a sacrifícios...

Ela diz:
Percebo...rs

Heleu diz:
E aí? É guerreira? rsrs

Ela diz:
Pensando por esse lado... sou sim guerreira rsrs

Heleu diz:
Guerreiras fascinam guerreiros rsrs

Ela diz:
Agora pouco estava me sentindo apenas mulher...

Heleu diz:
E agora?

Ela diz:
Agora sou mulher guerreira!

Heleu diz:
Perdoado se a mulher (e se a guerreira) sentir sono rsrs
Guerreiros também precisam descansar...

Ela diz:
Lindo! AMO suas palavras...

Heleu diz:
Amo vc, que é mulher, que me oferece beleza plena...

Ela diz:
Às vezes precisamos de palavras, de beleza...

Heleu diz:
Homens somente oferecem beleza, quando a beleza também lhes é oferecida.
E vc me ofereceu essa beleza, o que justifica as palavras...

Ela diz:
Continue...

Heleu diz:
Se mais beleza me oferece, mais belo o meu mundo...

Ela diz:
Palavras e beleza...

Heleu diz:
Homens e mulheres, mundo e mundos...

Ela diz:
Momentos...

Heleu diz:
Beleza ofertada e recebida...

Ela diz:
As palavras viram poesias quando vem de vc...

Heleu diz:
Porém, todo poeta precisa da musa...

Ela diz:
Sou musa?

Heleu diz:
Musa e palavra, porque musa é palavra...

Ela diz:
E os poetas?

Heleu diz:
Responsáveis pela evolução das musas...

Ela diz:
Continuo precisando de palavras...

Heleu diz:
As palavras saem, os sentimentos permanecem,
a ação da vida continua, o todo acontece...

Ela diz:
Preciso do poeta...

Heleu diz:
As palavras me inspiram, vc me inspira,
e o verbo se faz frase poética, e vida em abundância...

Ela diz:
Lindooo, tudo lindoo! Fiquei até mais animada...
Suas palavras inspiram coragem...

Heleu diz:
Lembre-se de que ser mulher é assumir-se como guerreira,
e de forma natural. Toda mulher nasce pra lutar...

Ela diz:
E lutam...

Heleu diz:
A diferença entre as mulheres é a percepção que cada uma delas tem para fazer uso das armas que possuem.
Afinal, cada tipo de luta pede um tipo de arma,
e para cada luta uma estratégia...

Ela diz:
Diante dessas palavras, nem sei o que dizer...

Heleu diz:
Equilibre sentimento feminino e força de guerreira.

Ela diz:
Às vezes é difícil...

Heleu diz:
A dificuldade é estimulante...

Ela diz:
Como ?

Heleu diz:
Acredite em vc, porque vc é força e poder.

Ela diz:
Estou mais forte.

Heleu diz:
Então, queira o poder.

Ela diz:
Quero!

Heleu diz:
É seu. Agora já pode descansar.
Vamos dormir??? rsrs

Ela diz:
Acho que já está na hora...

Heleu diz?
Sonhe com anjos vestidos de azul e branco.
Peça a eles apoio, e observe que, dentre eles, alguém que te curte muito...eu!
Um anjo que deseja o seu bem...

Ela diz:
Lindo! Te adoro...

Heleu diz:
Boa noite, eterna menina!

Ela diz:
Obrigada por suas sábias palavras... estava mesmo precisando delas.

Heleu diz:
Até... minha parceira, minha guerreira...


E depois dessa "AVENTURA VERBAL", os dois anjos adormeceram e sonharam, porque entenderam as sábias palavras sentimentais de Gonzazinha:

[...]Guerreiros são meninos
No fundo do peito
Precisam de um descanso
Precisam de um remanso
Precisam de um sono
Que os torne perfeitos
[...]

(Um Homem Também Chora -guerreiro Menino)

Em suma:

Homem é ser munido de qualificações diversas. Mulher é soma diversa de seres com qualificações específicas. Assim, homem não deve ser visto como "o protetor" da mulher, porque sua principal função humana é oferecer segurança ao processo evolutivo. Se "protetor", que seja de uma narrativa que apresenta protagonista forte e capaz: a mulher. Bendito seja o ventre feminino, porque bendito é o fruto do ventre da mulher, que é o homem. Pena, apenas, muitas mulheres não se posicionarem, como guerreiras, frente ao poder que já lhes é de direito desde o seu próprio nascer!

João D'Olyveira

DESTAQUES DO MÊS