HELEU e o ano novo..."dinovu"


Por favor...

Chega de pensar na ceia,
na veste branca,
no vinho importado,
na casa à beira mar...

Pare com essa de "pular ondinhas",
ver tarot,
búzios,
oferecer flores à Iemanjá...

Por favor!

Arrisque fazer diferente,
com outra "gente",
em outro
lugar.

Na "virada",
nem capacho,
nem capataz.

É tudo...ou nada vai mudar!

Sirva a ceia da justiça,
coloque branco na alma,
brinde apenas por ser...

Depois,
"champagnize-se!"

Torne-se oceano,
seja o próprio novo ano
e agradeça por estar.

Mas, por favor...chega de assim pensar!

Em tempo:
Não desacredito desses seus valores,
apenas não os compartilho.

Que o próximo ano seja realmente novo!

João D'Olyveira

Heleu e o tempo franciscano

Foto: "Da Janela Lateral", de João D'Olyveira/Arquivo Pessoal.
CADÊ FRANCISCO?

Portas se fecham;
janelas não se abrem.

Inimigos chegam;
amigos partem.

Senhores calam;
vassalos gritam.

Francisco pede;
ninguém ouve Francisco...

Quem é Francisco?
Quem são eles?
Quem somos nós?
Cadê Francisco?

Ontem, passado.
Hoje, tempos difíceis...

Alimenta-nos, Senhor do Tempo.
Dize-nos o que fazer!

E o SENHOR nos diz:

“Tudo tem seu tempo determinado e há tempo para todo propósito debaixo do céu...”
(Eclesiastes 3.1)

“... tudo fez Deus formoso ao seu tempo...”
(3.11)

João D’Olyveira

HELEU e os botões

http://www.google.com.br/images


FELICIDADE, eu ainda acredito...



Disse para meus botões:

"Brotem!"

Eles não brotaram,

insistiram em ficar nas casinhas.

Achei aquela atitude provocativa,

insisti também.

Disse ironicamente:

"Vocês não são botões...? Brotem!"

Eles me responderam em coro:

"Somos!"

"E por que não brotam?".

Um a um, eles foram se soltando de suas linhas,

e escorregaram sobre aquele velho tecido,

que jaz cobria aquele meu corpo também velho...

A cada um que deslizava,

feito personagem de um navio fílmico,

eu gritava:

"Pra onde você vai?".

Já não sabia se gritava com eles

ou para eles.

Apenas gritava...

E eles estavam mudos,

porque eu os havia emudecido.

Eles apenas caiam...

Um a um foram se entregando ao nada,

e se espalhando sobre o piso de madeira...

Olhando aqueles frágeis corpos desalinhados,

num misto de tudo e nada,

de quase tudo em nada,

porque confuso estava,

indaguei-os melodramaticamente:

"Por que caíram, botões malditos?! Falem!!".

Um deles, apenas um,

no golfo final,

respondeu-me:

"Queriamos brotar, mas...

"Mas, o quê?!"

"Nossas linhas,

que são nossas artérias,

se arrebentaram..."

"Sim, mas... por que não brotaram?"

"Porque não somos botões que brotam..."

E continuou:

“...cada um tem função própria.

Eu sou um botão que fecha,

uma das minhas missões era omitir suas verdades físicas..."

E declarou:

"Nós não brotamos.”

E ainda fez um paralelo:

"Nós não abrimos, fechamos!".

E concluiu:

“Brotar é para as flores...”

Dizendo isto,

caiu de vez.

Olhei para os outros, todos mortos.

E foi ali, entre mortos, ferido,

que aprendi mais uma das tantas e necessárias lições:

"Quer matar alguém?”

É fácil...

“Exija que esse alguém seja o que ele não é".

Pronto, está dada a receita!

Agora preciso dormir,

o sono está me dominando,

acho que vou cair...

Mas antes,

quero lhe agradecer:

“Muito obrigdo,

por me deixar ficar em casa.”

Hoje pensei em você, apenas pensei...


João D’Olyveira


“O pensamento

parece uma coisa à toa,

mas como é que a gente voa,

quando começa a pensar...”

(Caetano Veloso)

HELEU e o "com-tato"

MANDA QUEM QUER, RECEBE QUEM SOLICITA
Não me recordo do quando, apenas do fato, da ação. Foi extremamente oportuna aquela apresentação, porque disse a que veio: "Quero ser sua amiga." Apenas esta mensagem. Não olhei a foto, apenas reli a mensagem. E não me pergunte por que a reli. Revelo apenas que era um daqueles dias nos quais para uma palavra dita, um abraço. Se uma frase, um beijo. Se um texto, deixo por sua conta o que poderia ter rolado, ainda que virtualmente. Afinal, prazeres existem para serem desfrutados. Não nego, desejei fazer da frase um texto. Solidificá-la foi preciso. E assim o fiz!


Carência? Sei lá, chame momentos assim como você desejar. Eu os chamarei de "momentos" e apenas desejarei preenchê-los, ocupá-los. E se for com "pessoas", melhor. Já foi a época dos retiros, do sacrário do ermitão. Hoje não. Hoje quero mais é dividir minha solidão. Não a desejo, porém, se vier, que venha na balança. Parte pra mim. Parte para quem estiver comigo. Afinal, solidão coletiva é até suportável.


E que essa solidão seja a dois (ou a três, como desejar). Se em "família", que venha! Juntos, poderá até rolar o esquecimento da tristeza. Lágrimas poderão se tornar risos. Agora, se a "deprê" insistir, por favor, mude o parceiro (ou o casal). Mude o grupo que você insiste em frequentar. Dividir é o verbo e a conta. Não dividiu, agradeça e parta pra outra (ou pra outros, sei lá).


E tenha em mente: solidão só existe por causa de alguém que partiu, ou que não veio, ou que desejei sem revelar, ou que criei em meu pensamento. Então, solidão é cria, em razão de outros. Se é assim, que outros a dividam comigo. E se você acreditar que assim não mais deveria ser chamada de solidão. Pronto. Um passo dado. Acabamos com a solidão. O que ficou? Alguém triste, magoado, todavia não solitário. Pense neste fato e mude comportamentos!


Continuemos...


Um "clik", amizade constituida. Poderia ser mais um caso eletrônico, mais um dentre a atual disputa numérica. Quantos celulares você possui? Quantos e-mails você tem? Quantos são os seus "amigos" no Orkut ou em qualquer outra página semelhante? Quantos? Quantos? Quantos "quantos" ouvimos por aí? Mas não foi apenas um contato. Foi diferente, possivelmente porque aconteceu. E as coisas, quando verdadeiramente acontecem, tendem a se solidificar, ainda que virtuais.

E falando no "ainda", ainda não a presenciei de corpo, apenas de alma, e isto me bastou. Nossos tatos "ainda" não rolaram, todavia os "com-tatos" são muitos. E proveitosos. Uma mensagem amiga, uma palavra de consolo, uma linha de entusiamo, uma saudação. Gota-a-gota, um oceano vai se formando. Divisão, querido leitor. É isto que está em cena: di-vi-dir sempre! Ela me oferece algo. Eu lhe retribuo algo. Palavras e "alma". Palavras com alma, porque é a alma que sustenta a matéria. Quando a alma parte, o corpo se desfaz. Quando digo palavras sem alma, elas se desfazem, ou nada fazem, porque nada dizem. Portanto, pensemos seriamente naquilo que emanamos ao "Uni-verso", ainda que em prosa!

Continuemos de novo...

Noutra data, que também não me recordo, decidi ofertar-lhe uma poesia. É isto mesmo: "PO-E-SI-A"! Nunca me preocupei com técnicas poéticas, para não ter que oferecer poemas, apenas "alma". Prefiro poesia a poemas. E com prazer imenso, apresento-lhes o resultado daquele dia, da "amizade constituida", da minha alma poética.

PARA MANDINHA, este é o título. É "alma" denominada.


PARA MANDINHA

Música romântica

Noite calada

Lua na estrada

Rosa debruçada

Solitário sobre a mesa

Ponteiros malucos

Minutos desordenados

Românticos e solitários

Sob a luz noturna da saudade chamada coração...



Parece-me que ela gostou, e isto me bastou!

"Quero ser sua amiga", disto eu me lembro muito bem, datas eu não me lembro. Carrego comigo que coisas boas são eternas, porque presentes. Sem datas. E presentes são eternos, porque caminham conosco, são luzes. Coisas ruins, por sua vez, devem ser esquecidas. Sem datas e sem eternidade. "Coisa ruim" não vê a luz.

Sei apenas que se faz chamar "Mandinha". Aquela que manda, que nina e que se faz oportunamente mulher. Não sei se é compromissada. Também, não me importo com este fato, até porque o que me importa é saber mais de "Mandinha" e cada vez menos de outros que já a conhecem. E se existir um outro, e ele "se enervar", que respense atitudes. Não deve haver dúvidas em nossas certezas. Se dúvidas, melhor encerrar o processo.

Somos apenas "amigos", ainda que o meu mental insista em me transferir para o século XII, exatamente para as cantigas...de "amigo". E o que mais quero? Quero o mel, ainda que receba uma "picada" da abelha! E isto...também me basta!


João D'Olyveira

"Não é digno de saborear o mel, aquele que se afasta da colméia com medo das picadelas das abelhas." (Shakespeare)

HELEU e o "dez-encontro"

www.google/images


SE FOR POR FALTA DE AMOR, ADEUS!


DEIXE O TEMPO RESPONDER MINHA PERGUNTA AO UNIVERSO
DEIXE EM VERSO SEU RECADO COM A SECRETÁRIA-DE-ESTAR
NÃO PERGUNTE SOBRE A MINHA VIDA AGORA E CALE
PRA NÃO MAIS ME PODER FALAR

DEIXE O VENTO TRANSFORMAR MEU PENSAMENTO EM ÁGUA
DEIXE A MÁGOA SE PERDER COM O PASSAR DAS HORAS
NÃO PERGUNTE SOBRE O MEU DESTINO AGORA E CEGUE
PRA NÃO MAIS ME PODER ENXERGAR

DEIXE O JURAMENTO CANCELAR MINHA VISÃO DE HOMEM
DEIXE O PÓLEN SE ESPALHAR COM O PASSAR DO VENTO
NÃO PERGUNTE SOBRE O MEU DESEJO AGORA E PARTA
PRA NÃO MAIS ME PODER VOLTAR

PRA NUNCA MAIS ME PODER FALAR
PRA NUNCA MAIS ME PODER ENXERGAR
PRA NUNCA MAIS ME PODER VOLTAR

PRA NUNCA MAIS EU TER QUE TE OUVIR
PRA NUNCA MAIS VOCÊ TER QUE ME VER
PRA NUNCA MAIS EU TER QUE ME RECEPCIONAR

PORQUE O QUE MAIS QUERO AGORA É TE ENTERRAR
É TUA ALMA CREMAR
E MEU VOCÊ JAMAIS RESSUSCITAR!


João D'Olyveira

HELEU e o "ré-encontro"

http://www.amorepaixao.com.br/

BOCA DE FORNO

Ponto de ônibus.
Clima ameno.
Fim de noite.
Quase madrugada.
Em uma cidadezinha qualquer...

Independentemente de todos os percalços, o clima era de final de brincadeira. Hora de voltar pra casa. Na mente, casos, acasos e ocasiões. Não esperava por ninguém a não ser o transporte (nem ouso dizer o motorista do ônibus, era o ônibus mesmo que eu queria). E este era apenas o elemento funcional naquele momento de minha vida. Na verdade, o que mais desejava naquela hora era relaxar o corpo e a mente. Pudera, havia passado por doze horas de trampo, e corridas. De repente, um grito ecoou noite adentro: "Joooooooooãããão!".

Fosse apenas um grito, seria somente ouvidos. Olhar? Naquele lugar e naquela hora? Jamais! Mas era meu nome que havia sido pronunciado. Por mais comum que seja o meu nome, sabia que era eu a pessoa chamada. Então, a ação era mais que apenas um grito, era um chamado. Um "need to talk to you". Até porque não havia mais ninguém por ali (pelo menos acreditava naquela possibilidade). E sendo assim, nada mais honesto que atender àquele chamado. E o atendi. Alguém gritou: "Boca de forno". Respondi: "Forno!". E assim o foi!

Primeiramente um determinado olhar ao veículo que passara e já se posicionara a uns cinco metros do local onde me encontrava. Quando fixei os olhos, tentando (pelo menos) reconhecer o veículo, ele deslizou suavemente até onde eu estava parado. Diferentemente do grito, agora de forma branda e extremamente carinhosa, fui indagado por uma voz de comando, ainda que dócil: "Faz o que eu mandar?".

Na suavidade do momento, apenas um gesto com a cabeça. Concordei. Porta destravada. Entrei. O boa-noite (ou quase madrugada) foi dito com um beijo. O natural aperto de mãos foi substituido por carícias. Nenhuma fala em um longo e silencioso texto. A partir daquele momento, a brincadeira seria outra. Muito depois, a fala natural: "O que você faz perdido por aqui?".

Não busquei resposta, disse no tapa: "Desejava que alguém me encontrasse". "E esse alguém..." , disse a personagem noturna. "...foi você", completei. Mais um longo beijo. Um abraço de corda de marinheiro. Respirações fortes e localizadas. Risos. Ainda que a estrada insistisse em ser longa, a viagem foi curta. Porém, o suficiente para um diálogo absolutamente pausado, temperado com olhares, carícias, toques...


Ainda que fragmentado, falamos de quase tudo, de quase todos e muito de nós. Contudo, em momento algum me remeti ao passado, até porque passados amorosos devem apenas receber orações de agradecimento. Presente é o que importa, por isso se chama presente. E naquele momento havia recebido um lindo presente: um reencontro. Sendo assim, embora existisse passado, não era passado. Era presente, porque a personagem estava comigo e não apenas em minha mente. Estava comigo, assim como a viagem chegara ao fim.

Ponto de chegada. Hora da despedida. Calaram-se os papos. Outro beijo. Mais um beijo. Um correr de mãos à procura de apoio. Apoio. Um longo abraço. E "tchau!", disse. Foi quando ouvi: "Posso pedir mais uma coisa?" Concordei. Ela insistiu: "Se não a fizer?". Respondi: "Tomo bolo". Ela me olhou, sorriu marotamente e cancelou o pedido. Entendeu perfeitamente a expressão que lhe foi respondida: se não cumprirmos nossas promessas, pagamos por elas. E isto é natural em qualquer situação. É fato. "Se não tem certeza, não prometa!"

E assim foi. Sem promessas de novos encontros, o que me é agradavelmente interessante em qualquer dos meus relacionamentos amorosos. Quiçá fossem em todos! Compromisso é ação de profissionais e não de amantes. Amor, paixão, sexo pertencem a outras áreas, portanto carecem de outras ações.

Sempre concordei que marcar novos encontros significa continuar. Porém, como continuar aquilo que já está completo. Penso assim: "a história deve ser completa no tempo, no espaço e na ação". Novo encontro, portanto, é nova história. E ainda não sei quem serão os novos atores. Sei apenas que depois os escalarei. Caso contrário, serei eternamente dirigido.

Agradeci. Destravei a porta do carro. Sai. Nem olhei para trás. Aliás, nunca olho para trás. Sempre acreditei que (assim fazendo) pudesse me tornar uma estátua de sal. Eu não quero ser estátua. Quero vida em abundância.

Hoje me resta o acaso, que se tornou um caso, em razão de uma ocasião. A imagem ficará em minha mente como um "bom presente". E esse "presente" será lembrado noutros dias, noutros pontos de ônibus, noutras cidade, até que apareçam outras personagens interessantes, para que eu possa compor minha real narrativa, a qual se apresenta em capítulos dários. Até porque o que realmente vale nesta vida são os encontros. Sejam eles quais forem. Seja o encontro com o outro, com os fatos, com a realidade, com as descobertas. O nosso próprio encontro. Este extremamente necessário, para que, no encontro com o outro, possamos ser e estar e não apenas estar. Estar sem ser jamais será completo. Tenho provas disto.


Na mente, apenas a voz a me dizer:
" Boca de forno."
E minha versão criança não inocente a responder:
"Forno!"

João D'Olyveira

HELEU e as "más-caras"

www.blogdicas.net

BAILE DE MÁSCARAS


“Um dia a máscara cai”, disse um sujeito no cume da raiva, referindo-se a outro sujeito, motivado por um descontentamento ocorrido entre eles. Pena, no desequilíbrio linear entre razão e coração, o dito falante não ter podido refletir sobre as muitas máscaras que também faz uso. Se assim agisse, jamais diria tal frase (ou pelo menos saberia como expressá-la), até porque o saber expressar ou omitir esse dizer significa preservar-se de uma fatídica autoacusação.

O que se observa é que “ele” (o dito falante), além de não perceber a máscara que usava enquanto pronunciava tal frase, ignorou uma informação básica, a de que somos uma parte máscara e todas as outras também. Não bastasse, deixou de lado a informação de que, quando apontamos como única a máscara do outro, enganamo-nos, acreditando que somente esse “outro” fosse capaz de fingir, representar. Como se somente esse “outro” enganasse. Nem passou pela cabeça do sujeito falante, que “máscara” é condição social e (por que não) necessidade política.

Importante salientar que, longe de tudo o que é ficção, representação artística, e distante completamente de qualquer ritual, refiro-me, neste momento, às nossas máscaras cotidianas, à personalidade de cada indivíduo (máscara, do grego persona). Para Jung[1], por exemplo, são oito os tipos de personalidade. Os estudos do Eneagrama[2], por sua vez, apontam-nos nove tipos, todos funcionando como uma máscara invisível, uma casca que criamos para nos adaptarmos ao meio social.

Segundo Mário Margutti[3], estudioso em Eneagrama, uma das funções desse estudo “é exatamente a de nos dizer qual é o número da caixa onde nos empacotamos, para que possamos sair da prisão da mecanicidade e despertar o nosso verdadeiro ser, que é consciente e não mecânico”. E completa: “Para despir a máscara, é preciso contrariar os hábitos, vícios e paixões que cada tipo de personalidade adquire desde a primeira infância. Algo que não é nada fácil”.

Sendo assim, como estamos cotidianamente presentes nos mais diversos “bailes de máscaras”, nos quais muitas vezes não somos apenas “convidados”, mas “anfitriões”, que possamos refletir sobre nossos posicionamentos críticos, porque, antes de qualquer análise (quanto mais da alheia), é preciso descortinar nossas próprias prisões. E perceber que somos sócios de inúmeros cárceres (“de carteirinha”), e muitos deles “mascarados” de liberdade absoluta.


João D’Olyveira


[1] Carl Gustav Jung (Kesswil, 26 de julho de 1875 - Küsnacht, 6 de junho de 1961) foi um psiquiatra suíço e fundador da psicologia analítica, também conhecida como psicologia junguiana. Informação obtida em: http://www.geocities.com. Acessado em 6 set.2009.

[2] Sua origem não é conhecida. O que se tem são informações sobre sua aplicação, há mais de 4.000 anos, pelos sumérios, pela fraternidade Sarmaun, por Zoroastro, Pitágoras, e outros. Informação obtida em: http://www.eneagrama.com.br. Acessado em 6 set. 2009.

[3] Mário Margutti é jornalista, ministra Workshops de Simbolismo e por muitos anos atuou como um dos diretores do IDHI ® ®. Citação obtida em O ENIGMA DAS MÁSCARAS - De utensílios ritualísticos à psicologia moderna, a história das máscaras está ligada à própria história do homem, escrito por Natália Klein, em: http://www.rabisco.com.br/56/mascaras.htm. Acessado em 6 set. 2009.

HELEU e o librianismo do artista

http://www.tvi24.iol.pt/multimedia


Se você deseja saber onde estou, jamais confie somente nas suas verdades e certezas. Acredite que sabe pouco de você e menos ainda dos outros. É isto que justifica, respectivamente, viver e parceirizar-se em vida. E sendo assim, não me procure longe de mim nem distante de você. Se realmente me desejar, estarei sempre por aqui, que não se adverbializará por aí. É aqui mesmo, sem por nem tirar! O sucesso dos nossos achados dependerá do posicionamento físico e mental do procurado e do procurador. Neste momento, posso estar em seu pensamento ou em seu coração. Posso até não estar. A única incerteza é que, no cotidiano dos meus passos, revivo-me e revigoro-me. A certeza é que acredito nesta possibilidade. Sempre, no silêncio sonoro das palavras emanadas ao Universo, ecoo meu grito de esperança, ainda que neutra. E mais neutra será a audição não praticada frente às testemunhas cartoriais. Noutros momentos e tempos residuais, resido nos mais diversos olhares, e loco-me no fixo olhar d'alma, na calma e no vazio de um olhar que me preenche e me vivifica para novos olhares. Todavia, somente me realizo no grito dos amantes. Afinal, amo as diversas formas de amar e de fazer amor. Ilusão achar que sou apenas um artista, sou a própria arte em mim e por mim produzida, no coletivo d'outros que me apreciam e, sutil ou violentamente, me moldam ou me amordaçam, quando me divirto em risos ou em prantos. É assim a arte, como um tear. Ela me compõe e me recompõe. Independentemente do gênero que a denomina, revela-se, fernandinamente pessoal, na dupla vida de todo artista: é a representação da verdade até então omitida, a qual nos representa em procuração por nós mesmos proposta, assinada e reconhecida no cartório dos nossos bens sentimentais mais prezados e caros.


Arte, João D'Olyveira

HELEU e a Luz no Fim do Túnel

http://www.google.com.br


LUZ NO FIM DO TÚNEL OU O PRÓPRIO TÚNEL?


Procurava por minhas publicações e me encontrei no interior de uma delas. Se todas elas eu encontrasse, em todas lá eu estaria. E me pus a pensar...


O elemento motivador do homem é a eterna procura. Procuramos tudo de quase tudo em quase tudo. Procuramos caminhos e soluções. Procuramos parceiros, amores... Procuramos soluções para os problemas que nós mesmos criamos em nossa caminhada. Mas, de que nos vale a luz no fim do túnel, se o mais importante, em vida, é o próprio túnel?
Se assim é, que possamos aproveitar a passagem, curtir o chão, o teto, as paredes desse túnel; e, especialmente, aqueles outros que transitam no mesmo túnel em que caminhamos, e tirar proveito dos seus “ensinares”! Sem medos, curtir a escuridão do túnel! É na escuridão que se valoriza a luz. É na escuridão que exercitamos o olhar, para o necessário ver.

E tudo porque, quando a luz chegar, na boca final desse túnel, uma das nossas vidas se encerrará. Sabedores disso, percebamos que essa luz apenas terá a função de iluminar novas entradas, jamais interiores, apenas portas e portões. Quando auxílio, janelas. E o entendimento é simples, ainda que desconfortável para alguns. Somos nós, nessa procura, os únicos responsáveis pela nossa própria "auto-iluminação".

Dessa forma, não mais percamos o nosso tão precioso tempo desejando a “luz no final do túnel”. Que possamos curtir, sem arrependimentos, o túnel que nos pertence, porque nós mesmos o projetamos!

E, no momento exato, essa luz surgirá, para iluminar nossa passagem para outro túnel, também projetado por nós, em razão do uso qualificado dos talentos que nos foram ofertados, a partir das divinas imagem e semelhança, e do livre arbítrio, que nos é singular, porque oferece plural.


Portanto, mais que pedir luz, que possamos obtê-la a partir das nossas ações cotidianas! Afinal, quanto mais significativas essas ações, mais luz no final do nosso túnel.


Boa caminhada!

João D’Olyveira

HELEU e a danada da posse

http://images.google.com.br/



MONOPOLIAMOR

Linda,
no reflexo dourado da minha doce manhã,
na brisa leve deste meu inverno de avelã,
na claridade da Lua que me revela meu céu...

Linda,
na rua da minha mocidade que se foi,
na estrada dos meus sonhos de herói,
na parada dos meus desejos que inda estão em mim...

Eternamente Linda,
neste meu pensamento livre e sem pudor,
nesta busca incessante do meu eterno amor,
nestes meus casos e acasos hoje virtuais...

Eternamente Linda,
na branda saudade brotada em meu coração,
na vontade extinguida de toda minha razão,
nos meus passos e compassos tão naturais...

Linda,
amada dos meus ritmados e melódicos dias,
doce melodia dos meus marotos carnavais,
delicioso mel da bela flor que se cultiva em mim...

Linda,
minha força e meu reencontro na paixão das minhas horas,
meu confronto com a paz na minha solidão que chora,
minha sede de viver que não deseja meu fim...

Eterna e sempre Linda,
minha vida e minha glória em meu cantar de luz,
minha terna e eterna história que hoje me conduz,
sempre minha porque sempre foi meu sim...

Eternamente Linda,
meu amor em cada uma das minhas verdades reveladas,
meus fios e desafios desta minha estrada,
meu tudo no momento absurdo deste meu real...

Linda,
minha eterna companheira dos meus primeiros segundos,
meu verso em poesia no completo tempo do meu mundo,
meu único onipresente tão presente do meu sempre natal...

Te amo, Linda!
E isto me basta.


João D’Olyveira

HELEU e o tempo presente

http://www.google.com.br/search


SÓ HOJE

Hoje quero olhar pro nosso céu
E pedir perdão ao nosso Deus
Quero olhar pro nosso Sol
E não mais só me queimar...

Hoje quero andar em nossa rua
D’alma nua sem pudor
Quero olhar pro seu que é meu olhar
E lhe revelar o meu que é nosso amor...

Hoje quero
Tudo quero
Quero tudo que puder
Hoje quero
Quero tudo
Quero tudo que vier...

Hoje quero ouvir nossa palavra
Quero a mais pura da nossa decisão
Quero resgatar o nosso mar de sentimentos
Quero nossa mente e tão somente nosso coração...

Hoje quero refletir nosso espelho
Ver minh’alma e a sua resgatadas
Apagar nossos olhos vermelhos dilatados
E poder sorrir pra mim e pra nós...

Porque o tempo se esvai e não volta
Porque o tempo que passou foi revolta
Porque o tempo foi sincero e nos revelou
Porque também sincero fui e fomos

Porque também fomos sem quase voltar
Porque também sincero como o tempo sou
Porque há tempo de nos resgatar

Hoje quero
Tudo quero
Quero tudo que puder
Hoje quero
Quero tudo
Quero tudo que vier

Só hoje... amanhã poderá ser tarde demais!

João D'Olyveira

HELEU e a monoreflexão

http://www.google.com.br

Mais uma vez,
o tempo se fez neutro.
Quase cinza, quase sem cor.
Oportunamente,
o inegável passado me veio à mente,
para me condenar.
E me condenou.
Pura acusação do tempo!

Desejei lágrimas, elas se recusaram a cair.
Desejei vozes, ouvi apenas uma expressão:
"Mea culpa, mea máxima culpa".

Sem forças, reconheci a verdade:
a culpa era realmente minha!
Porque sempre será nossa culpa
a situação na qual nos encontramos.


Emanamos tristeza porque atraimos tristeza.
Emanamos dissabores porque atraimos dissabores.
E por aí vai...
Vida é ação e reação!
Deus faz a parte que lhe cabe,
que possamos fazer a nossa!
E sem reclamar...Amém!

João D'Olyveira



Mais uma reflexão:


"Fico triste quando alguém me ofende, mas, com certeza, eu ficaria mais triste se fosse eu o ofensor... Magoar alguém é terrível!"


(Chico Xavier)

HELEU e as raízes do amor

RAIZES DO AMOR

Quando as raizes do nosso amor mostrarem a cara
Não me pergunte nada
Nem ultrapasse o tempo dos fatos
Por favor...
Deixe o tempo passar por si só!
Não me olhe de forma acusativa
Nem coloque palavras em minha boca
Por favor...
Deixe o tempo dizer a nossa verdade!
Não me julgue culpado ou inocente
Nem ignore o momento que tanto nos angustia
Por favor...
Deixe o tempo se tornar bálsamo!
Não me poupe da ação humana
Nem decida se fica ou se parte
Por favor...
Deixe o tempo apresentar seu natural esgotamento
E só então decida o fato
Sem entreatos
Em breves palavras
À luz do real momento...
E que seja sem mágoas
Sem farpas
Sem tapas
Sem mentiras...
Porque no amor não se ganha nem se perde
Ou se é presente porque é presente
Ou se é ausente porque nunca foi
Quem joga com o amor compete em posse
Porém...
Amar jamais será sinônimo de possuir!
Assim...
Quando as raizes do amor mostrarem a cara
Decida por enterrá-las ou faça tombar a árvore
Porque já ofereceu os frutos que deveria
Já promoveu sombras em demasia
Já vivenciou por vezes todas as estações...
E decida em qual estação descer!
Se o outro tiver que partir
Que parta em paz!
E que seja feliz!
Porque foi amado no seu e no próprio tempo...
João D'Olyveira

HELEU e o agradecer

Antes de reclamar dos outros e da vida; antes de ignorar as graças recebidas, agradeça. O agradecimento é a chave mestra do nosso sucesso, nosso mais puro vínculo com o Criador. Agradeça a tudo e a todos, em especial a seus pais, que lhe oportunizaram nascer. Por sua vez, justificado pelo seu livre arbítrio, o caminho a seguir é decisão própria. Então, não amaldiçoe aquilo que não tem. Inverta. Abençõe o que já lhe foi oferecido. Lembre-se de que muito se perde em função do nosso próprio descrédito, e também porque não focamos, como deveríamos, os nossos objetivos. Portanto, que saibamos pedir! E que tenhamos, como uma das lições de vida, a máxima "Dai a César o que é de César" (Marcos, Cap. XII, 13 a 17
Informações obtidas no Evangelho Segundo o Espiritismo, na sua 310ª edição (KARDEC, Allan, 2005; Cap. XI, p.145), revelam-nos que essa máxima não deve ser entendida de uma forma restritiva e absoluta, porque esse princípio é uma consequência daquele que manda agir para com os outros como quereríamos que os outros agissem para conosco; ele condena todo prejuízo material e moral acarretado a outrem, toda violação dos seus interesses; prescreve o respeito dos direitos de cada um, como cada um deseja que se respeite os seus; entende-se ao cumprimento dos deveres contraídos para com a família, a sociedade, a autoridade, assim como para com os indivíduos. Enfim, alerta-nos para nosso dever de restituir a cada um o que lhe é devido. Caso contrário, sofreremos pelas posses indevidas. E reclamaremos das dores e dos dissabores que nos são próprios, por pura atração e posse. Portanto, na totalidade, agradeça ao Pai; até mesmo o sucesso do outro que caminha ao seu lado. Ele é merecedor. E façamos nós por merecer!
João D'Olyveira
Vamos refletir?

Que Deus não permita que eu perca o ROMANTISMO,
mesmo sabendo que as rosas não falam...
Que eu não perca o OTIMISMO,
mesmo sabendo que o futuro que nos espera
pode não ser tão alegre...
Que eu não perca a VONTADE DE VIVER,
mesmo sabendo que a vida é, em muitos momentos, dolorosa...
Que eu não perca a vontade de TER GRANDES AMIGOS,
mesmo sabendo que, com as voltas do mundo,
eles acabam indo embora de nossas vidas...
Que eu não perca a vontade de AJUDAR AS PESSOAS,
mesmo sabendo que muitas delas são incapazes
de ver, reconhecer e retribuir, esta ajuda...
Que eu não perca o EQUILÍBRIO,
mesmo sabendo que inúmeras forças querem que eu caia...
Que eu não perca a VONTADE DE AMAR,
mesmo sabendo que a pessoa que eu mais amo
pode não sentir o mesmo sentimento por mim...
Que eu não perca a LUZ E O BRILHO NO OLHAR,
mesmo sabendo que muitas coisas que verei
no mundo escurecerão meus olhos...
Que eu não perca a GARRA,
mesmo sabendo que a derrota e a perda
são dois adversários extremamente perigosos...
Que eu não perca a RAZÃO,
mesmo sabendo que as tentações da vida
são inúmeras e deliciosas...
Que eu não perca o SENTIMENTO DE JUSTIÇA,
mesmo sabendo que o prejudicado possa ser eu...
Que eu não perca o meu FORTE ABRAÇO,
mesmo sabendo que um dia
meus braços estarão fracos...
Que eu não perca a BELEZA E A ALEGRIA DE VER,
mesmo sabendo que muitas lágrimas brotarão
dos meus olhos e escorrerão
por minha alma...
Que eu não perca o AMOR POR MINHA FAMÍLIA,
mesmo sabendo que ela muitas vezes me exigiria esforços incríveis
para manter a sua harmonia...
Que eu não perca a vontade de DOAR
ESTE ENORME AMOR
que existe em meu coração,
mesmo sabendo que muitas vezes ele será submetido e até rejeitado...
Que eu não perca a vontade de SER GRANDE,
mesmo sabendo que o mundo é pequeno...
E acima de tudo...
Que eu jamais me esqueça que Deus me ama infinitamente!
Que um pequeno grão de alegria e esperança
dentro de cada um é capaz
de mudar e transformar qualquer coisa, pois...
A Vida é construída nos sonhos e concretizada no AMOR!

(Francisco Cândido Xavier)

Por tantos motivos, agradeça!!!

HELEU e o platônico do amor


www.portaldascuriosidades.com/forum/index.php...




P L A T U S

Hoje não foi diferente.,
porque o olhar refletira a mesma vontade, o mesmo desejo.
Não há como negar,
foi muito bom poder olhar pra você,
estar a seu lado.
E, mesmo que suavemente,
poder tocar de leve as suas mãos,
sentir seu cheiro.
Aliás, como é bom poder dizer que seu cheiro me mata,
e que é prazeroso cometer um suicídio perfumado!

No todo do fato que não se encerra,
apenas entendo que,
mesmo sendo uma vontade louca e avassaladora,
o prazer em estar com você é o que mais pesa 
na balança dos meus sentimentos.
Porque trato o nosso trato e não me maltrato.
E essa vontade é a de fazer amor por amor,
não apenas por prazer.

Tudo porque meu sentimento é puro,
não se sustentando apenas no pensar.
É sentimento que busca,
quase por completa,
a ação do amor e do fazê-lo!

Enquanto conversávamos,
mais uma outra vez,
e não diferente de todas as outras vezes
e vezes. 
Não resisti, mais uma vez,
e desenhei seus vermelhos e apetitosos lábios no ar.
E ao desenhá-los, beijei-os, acariciei-os.
No toque dos dedos, dupliquei-os.

Que vontade louca de poder beijar você, tocar você,
possuir em doação esse corpo que me atrai,
assim como em alma já o faço.
Mas, também, quanta dúvida nesta minha certeza...
É porque me sinto achado, mesmo estando perdido.
Por quê?

A resposta solicita mais tempo, mais vento, outro momento.
Não é assim tão simples como parece ser.
Confirmo, então, que
no momento estou tri-confuso!
Bi-duvidoso!
Uni-você! 
E ninguém mais!

A única certeza que quase carrego
é a de que já não sei quase mais nada
do quase nada que já sabia um dia.

Não sei se o tempo passou rapidamente.
Se rapidamente passou o tempo.
Não sei se passou o tempo.
Se estive a seu lado...

Não sei se passou o tempo que estive a seu lado.
Se estive a seu lado nesse passar do tempo...
Sei apenas que me senti o mais feliz dos mortais,
mesmo que por curto espaço de tempo,
a seu lado,
a sua frente,
observando você,
ouvindo você,
tendo você junto a mim.

E tudo isso enquanto um pequeno mundo me desprezava,
semelhantemente à ação que praticava com o próprio...

E na minha íntima indisciplina,
naqueles momento e mundo,
no mesmo mundo que nem meu mundo era,
porque não era mundo,
eu apenas sentia o amor.

Enquanto não reconhecia o meu próprio mundo,
enquanto me fazia único,
meu único mundo era você.

E nesse curtir das horas, entre papos e entreatos,
apenas um sorriso franco.
Sorriso de quem somente verdades me transmitia,
que no toque das mãos,
apenas verdades me oferecia.
Momento e ações que me faziam acreditar que este meu amor não é único,
não é unilateral.

E tudo porque existe um outro lado a ser desvendado...

Todavia,
nas conjunções da vida,
porém, contudo e,
adverbialmente, de repente,
a expressão que normalmente finda sonhos:

"Vamos?"

Aquela que, mesmo com cara de fim,
se apresenta como um duo convite:
embora ou em "boa hora"?

E na hora da partida,
um desejado abraço,
dois abraços,
três abraços e um beijo.

Um beijo,
mesmo que selado,
sem tipo,
esquisito.
Mas, um beijo.
O beijo que não poderia faltar...

Porque despedida sem beijo,
na versão poética mais popular,
é goibada sem queijo,
Julieta sem Romeu...

E esse beijo foi leve e profundo,
ação que serviu de alimento para esta nova história,
o qual me fez,
por momento,
sentir o mais feliz dos homens.
Que me fez repensar que dizer "te amo" era pouco.

Teria mesmo era que conjugar o verbo amar,
em todos os tempos desse amor.

Beijo que me fez acreditar que um dia serei mais atrevido,
antes que apenas o vele,
no aproximar de um possível adeus...

E tudo porque a vida,
sempre em demasia,
é e sempre será o resultado desse amor.

Amor que me é preciso e conciso,
porque necessariamente objetivo,
porque subjetivamente onipresente!

João D'Olyveira


O amor platônico é um amor à distância, que não se aproxima, não toca, não envolve. Reveste-se de fantasias e de idealização. O objeto do amor é o ser perfeito, detentor de todas as boas qualidades e sem máculas [...] O medo de não atender aos anseios do objeto amado, o sentimento de desvalorização, incapacidade e desintegração podem contribuir para o não aproximar-se, amar a distância, impedindo que o indivíduo vivencie uma experiência de não só amar, mas sentir-se amado, não só cuidar e se preocupar, mas sentir-se acolhido, contido e amparado. Essa troca de experiências emocionais é que permite o sentimento de que amar e viver vale a pena, e nos ajuda a suportar as dificuldades e os conflitos do cotidiano.(Dra Marisilda Barros - Psicoterapeuta, in http://www.infonet.com.br/saude/).

HELEU e esse tal sentimento chamado amor

http://www.google.com.br/

Ama e faz o que quiseres. Se calares, calarás com amor; se gritares, gritarás com amor; se corrigires, corrigirás com amor; se perdoares, perdoarás com amor. Se tiveres o amor enraizado em ti, nenhuma coisa senão o amor serão os teus frutos.
(Santo Agostinho)

Não é a primeira vez que isto acontece, sendo assim sei que não deveria, todavia ainda me sinto um aprendiz. E dessa maratona, que somam décadas, ficam algumas certezas. Não nos bastam as lições e as fugas, esse tal amor sempre será o novo a nos perturbar. E não é retorno à adolescência, não. O amor é assim mesmo, nessa linguagem que lhe é única, independentemente da idade. Algo que nos é tão simples e, ao mesmo tempo, tão perturbador. Do tudo que lhe é inerente, o que nos resta é a eterna expressão: “Como é complicado o mecanismo do amor!”.

Interessante é como nos portamos, como agimos e a extensão das nossas ações. Hipérboles transitam no corpo e na alma. Nossa masturbação não é somente física, é mental também. Nossas ações confundem nosso cotidiano, que confunde nossas ações. E assim nos posicionamos por horas, por dias, por longo tempo. Curtimos o vago e o preenchemos de esperanças e desejos. E desejamos todos os desejos. Somam-se o puro e o sórdido, porque os dois são necessários aos amantes. Para os amantes não há limites, e se limitado não é amor, é ofício, é sacrifício. Mas o que é o amor senão um sacerdócio?

E nesse cotidiano dos fatos, olhamos para o telefone e desejamos que ele toque, que nos chame, que anuncie a pessoa amada a nos dizer algo, mesmo que seja um “Olá!”. E tudo porque um “olá” nessa altura é um texto sagrado. Depois, sentamo-nos frente a um micro e criamos alternativas para localizar a amada. Usamos todas as possibilidades eletrônicas. E tentamos, e recuamos, e nos declaramos, e nos escondemos em nossas próprias declarações. Criamos a possibilidade de que a pessoa amada nos seja íntima, como um filho, como um irmão. Para diferenciá-la damos-lhe outros nomes, apelidos. Coisa de doido, coisa de quem está a mando “de si próprio em dó”.

Um perigo é não ver a própria cara. Se nós pudéssemos nos ver no momento em que olhamos para os olhos da pessoa amada endoideceríamos perante a verdade revelada. Os olhos são reveladores sinceros. Já perceberam como os olhos ficam dilatados quando nos posicionamos frente à pessoa amada? E como eles brilham... E os poros? Eles se abrem, rasgam-se. Outra situação é o toque. Como desejamos tocar o ser amado. Passamos-lhe as mãos, roçamos-lhe o corpo, beijamos em pedaços. A vontade é “sapecar-lhe” um beijo safado, molhado, malcriado... Mas nos controlamos. Então, resta-nos uma música romântica, um filme romântico, um momento romântico. Resta-nos acreditar que tudo será possível, porque verdadeiro. E acreditamos nessa verdade, enquanto a verdade do tempo passa.

De repente tudo passa, não só o tempo. O que sentimos fica na medida, e o momento de êxtase se esvai, até surgir um próximo amor, porque o mais interessante não é a resposta, não é o ter, é poder sentir esse danado sentimento chamado amor, que nos faz vivos e prontos para outros amores ou para os amores antigos, que sempre nos serão novos, porque presentes. E se presentes, temos mais é que agradecer. Muito obrigado! Adorarei recebê-los em qualquer época do ano, e terei muito prazer em servi-los, porque não se ama sem serventia. E, quando falo sobre esse tal sentimento chamado amor, faço minhas as palavras de Jacques Philippe, que nos diz: “Apesar de raramente termos consciência disso, não há dúvida de que a necessidade mais profunda do ser humano é dar-se”.
João D'Olyveira

HELEU e o quase dezembro




CENA 12: Natal!

Num quase dezembro,
de cabeça cheia,
de olhos minguados e cheios de areia,
um corpo cansado, de barriga vazia,
com ombros caídos e rugas na cara,
resolveu aparecer.

Era mais um sobrevivente,
um operário quase indigente,
mais um otário do sistema sem ecos,
mais um protótipo da vítima social.

Vivia escondido nos cantos,
sem encantos,
apenas pó.
Sempre desmazelado,
de corpo presente,
desdentado,
ouvinte e só.

Sujeito que no final de ano visitava as luzes da praça,
admirava os presépios vivos,
observava atento as vitrinas das lojas sem liquidação.
Um qualquer vivente que somava sonhos a pesadelos,
independentemente do prazo e da ação.
E que ainda se torturava,
assistindo às cenas
que somente nesses sonhos protagonizou.

De longe,
via um homem que vendia,
uma mulher que embrulhava,
um filho que pedia,
outro que reclamava.
E um pai que atendia
sem nunca pestanejar.

E aquela mãe exagerada,
ele via.
E ela ria,
e ria,
tanto quase a gargalhar.

Via o outro que pagava
à vista o olho da cara;
e também se via no próprio,
que com cara de importante
apelava pro cartão.

E aquela imagem franzina,
que nada tinha de natalina,
abraçava calado ao filho,
que junto com ele calava na mesma dor .
Daí olhava pra barriga da esposa,
alisava-a,
e a ela pedia perdão.

E tudo cheirava a um crime não cometido,
por ser ele criminoso e vítima,
um bandido.
E tudo porque trabalhador.
E lá continuava ele...

Sempre espremido num canto,
sem encantos,
apenas pó,
era mais um pária desorientado,
mais que ausente,
desmotivado,
mais uma vez ouvinte e só.

E foi esse mesmo homem,
que no mesmo quase dezembro,
no mesmo quase final de ano,
que pelos seus desenganos,
quase se desiludiu,
quase se finalizou.

E que abençoado pela Providência Divina,
antes que o quase se completasse num canto;
encantado,
à beira do desencanto,
em cantos,
da praça a luz desejou.

Depois sorriu mesmo sem os dentes,
quando viu que o caminho se iluminou,
porque quase no findar das horas,
próximo da eternidade,
sentido pra vida encontrou.
Que não estava na loja,
muito menos era posse do revendedor.
Era uma Verdade inteira,
plena e até rasteira,
interna na sua própria vitrina humana,
aquela que todos têm,
e que nem sempre vêem,
e que pr’o próprio crescimento,
às vezes vem decorada de dor.

E o homem saiu do canto,
e até um hino cantou.
E de joelhos c’a família,
abençoado pela Virgem Maria,
dois dobrados de tempo orou.

Ele descobrira ali,
no momento em que ia se findar,
que dentre os seres viventes
todos têm o seu valor;
e que dentre os presentes,
só existe um presente:
que é o ser trabalhador.
E que independentemente das cifras,
que em todos os seus “natais”,
nunca lhe faltassem a paz
e o essencial AMOR!

João D'Olyveira

DESTAQUES DO MÊS